Levantamento do G1 mostra que a votação por biometria será obrigatória em 4.578 municípios do Brasil em 2020. MG, ES e RJ são os estados com os menores percentuais de eleitores com o cadastro
Dados do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) revelam que 27% dos eleitores ainda não fizeram o cadastro biométrico no
Brasil. Parte deles terá o título cancelado caso não faça a coleta de
impressões digitais e a atualização de dados até maio de 2020, já que a
biometria será obrigatória em várias cidades do país. O 1º turno das próximas
eleições será realizado daqui a um ano, em 4 de outubro de 2020.
Levantamento feito pelo G1 junto aos
26 TREs (tribunais regionais eleitorais) mostra que a votação por biometria
será obrigatória em 4.578 municípios – mais de 80% do total.
Atualmente, segundo dados do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), 107 milhões de eleitores fizeram o cadastro
biométrico. No Brasil, há 146 milhões de eleitores. A meta do TSE é que a
votação com biometria seja obrigatória em todo o Brasil nas eleições de 2022.
Segundo dados do TSE, os estados com
os menores percentuais de eleitores com biometria são, em ordem, Minas Gerais
(40,8% com o cadastro), Espírito Santo (48,9%) e Rio de Janeiro (52,5%).
No total, 17 estados já concluíram ou
devem concluir o cadastramento biométrico até o início de 2020 e, por isso,
adotarão a obrigatoriedade das impressões digitais em todos os municípios nas
eleições de 2020. São eles: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará,
Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia,
Roraima, Sergipe e Tocantins.
Embora o Distrito Federal já tenha concluído
a biometria, ele não entra na lista porque não realiza eleições municipais.
Dois anos atrás, em 7 de outubro de
2017, 56% dos eleitores ainda não tinham feito o cadastro biométrico. Em 2018,
a biometria foi obrigatória em todos os municípios de 9 estados, além do
Distrito Federal: Alagoas, Amapá, Goiás, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte,
Roraima, Sergipe e Tocantins.
Denardi lembra ainda que os eleitores
que não estão em dia com a Justiça Eleitoral também não conseguem a certidão de
quitação eleitoral, emitida pelo site do TSE e exigida para a solicitação de
documentos, como passaporte e carteira de identidade, ou mesmo para a inscrição
em concursos públicos.
“Hoje há poucas filas. O eleitor pode
agendar pela internet e comparecer na hora agendada. A cada dia que passa
acumula o déficit [de eleitores com biometria]. Nos prazos finais, não haverá
opção de agendamento, e ele [o eleitor] terá que ir para a fila. Isso gera um
desconforto”, diz o diretor-geral do TRE-MG.
Denardi destaca ainda que a biometria
é necessária como segurança do processo de votação, já que é uma “identidade
inequívoca do eleitor” e impede que outra pessoa vote no lugar do eleitor ou
que uma pessoa vote no lugar de um eleitor morto.
Taxas mais baixas
Minas Gerais é o estado com o menor
percentual de eleitores com biometria: 40,8% dos eleitores. Segundo o
levantamento do TSE, 6,4 milhões de eleitores do estado registraram as
digitais. Há 15,6 milhões de eleitores em MG. Nas eleições de 2020, a biometria
será obrigatória em 259 dos 853 municípios do estado.
Em nota ao G1, o Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) diz que o estado “tem peculiaridades que
levam a algumas dificuldades no avanço” do cadastro, como ter o maior número de
municípios, o segundo maior número de eleitores (atrás apenas de SP) e “vastas
zonas rurais” e “grandes contrastes regionais”.
“A maioria dos locais de atendimento
no interior historicamente tem uma estrutura reduzida (em termos imobiliários e
de pessoal), mas, com a expansão do recadastramento biométrico obrigatório, é
necessária uma nova estruturação para atender à demanda de todo o eleitorado da
região, dentro do prazo estabelecido – o que gera um grande esforço de
recursos, de várias naturezas”, diz a nota do TRE-MG.
A assessoria de imprensa do TRE-ES
diz que o estado tem o maior número de urnas eletrônicas antigas, que limitam a
implantação da identificação biométrica. Segundo o TRE-ES, o órgão pediu ao TSE
“a modernização do parque de urnas”. A nota diz ainda que os horários dos
cartórios eleitorais foram ampliados nos municípios que passam pelo cadastro
biométrico.
“O TRE-ES destaca que quatro
municípios foram selecionados para revisão do eleitorado, com implantação de
identificação biométrica dos eleitores, em 2019. Cachoeiro de Itapemirim e
Colatina iniciaram o recadastramento obrigatório em setembro e Marataízes e
Piúma darão início ao serviço em outubro. Ao todo, o TRE-ES espera que mais 207
mil eleitores realizem a biometria, o que fará com que a cobertura do Estado
passe para 55% do quantitativo de eleitores”, diz a nota.
O Rio de Janeiro é o estado com o
terceiro percentual mais baixo de eleitorado com biometria. Dos 12,3 milhões de
eleitores do RJ, 6,5 milhões têm o cadastro biométrico. Isso equivale a 52,5%
do eleitorado registrado no estado. A biometria deve ser obrigatória em 42 dos
92 municípios fluminenses. Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de
Janeiro (TRE-RJ) afirma que “as dificuldades orçamentárias” foram um dos
obstáculos, já que é necessário alugar imóveis para a instalação de postos de
atendimento e contratar funcionários para o processo e que esses custos são
mais caros no RJ que em outros estados do país.
“Outro fator importante, nos anos
recentes, com a finalidade de agregar esforços para o cadastramento biométrico
dos cidadãos, é o termo de autorização assinado entre o Denatran e o TSE, que
possibilitou a importação de dados biométricos da identificação civil do
Detran-RJ, e que foi materializado na última eleição. Isso representou uma
economia estimada de R$ 14 milhões. Trata-se de um fator sempre tratado como de
altíssimo interesse público, pelo potencial que representa na economia de
recursos públicos”, complementa a nota do TRE-RJ.
Mesmo os eleitores que já tiveram o
título cancelado, assim como os que não votaram ou não justificaram nas últimas
três eleições, podem regularizar sua situação até maio de 2020.
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