NO QUARTEL DE ABRANTES. Esta frase surgiu no início do século 19, com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica. Portugal foi tomado pelas forças francesas, porque havia demorado a obedecer ao Bloqueio Continental, que obrigava o fechamento dos portos a qualquer navio inglês. Em 1807, uma das primeiras cidades a serem invadidas Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo. Lá instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes.
O general encontrou o país praticamente sem governo, já que o príncipe-regente dom João VI e toda a corte portuguesa haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém em Portugal ousou se opor ao duque. A tranquilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma:
“Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Até hoje se usa a frase para indicar que nada mudou.
Qualquer semelhança com a situação política e administrativa do Brasil é mera coincidência tanto em relação aos últimos governos, especialmente o TEMERoso, podendo serem incluídos os governos PeTistas para aqueles que ainda os acham únicos responsáveis por todas as incompetências e malfeitos do Século XXI.
No entanto, em uma análise “perfunctória” (como dizem os advogados), e considerando o esforço dos que estiveram no poder ao final do século XX para esconder e impedir que sejam divulgados os desvios de condita daquela época, a dita frase “Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes” pode ser repetida à exaustão.
A INOCÊNCIA DOS BRASILEIROS vem do berço ou da escola. Ao retornar de breve descanso/férias/passeio, trouxe a esperança e a boa vontade de mudar o perfil destas “mal traçadas linhas”, que pudesse escrevê-las de outra forma, elogiando e louvando decisões governamentais (foco desta coluna), pois trazia a convicção de que o tempo e os homens públicos se encarregaria de dar outros rumos ao nosso País. Infelizmente, com os últimos acontecimentos, os fatos em nada mudaram, aliás, pioraram e muito.
ENTRE AS MENTIRAS, uma grande verdade: Conforme escritos de JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA, poeta, escritor e advogado (Diário da Manhã – 23.05.2017), de “Salve, salve, querida Pátria amada, idolatrada!” atualmente teremos que dar outra conotação a essa expressão: “Homens de bem, salvemos, salvemos nossa querida Pátria amada, idolatrada, enquanto é tempo”!
O PAÍS DO FUTURO tem como grande projeto tornar-se uma colônia dos Estados Unidos – do Tio Sam. “Estamos perdidos há muito tempo. O País perdeu a inteligência a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram o Povo e a Nação. A classe média abate-se, progressivamente, na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal com um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda parte que o País está perdido.”
EVE OF DESTRUCTION é a música interpretada por Barry McGuire, que se aplica “ipsis litteris” a situação do nosso Brasil. Teve como início a busca de elementos e práticas para saciar a sede de poder de nossos governantes. Assim foi o início e parece que demandará muito tempo para que tudo possa mudar. Os descobridores do Brasil e aqueles que os acompanhavam, que iniciaram a trajetória de nos dirigir, renascem a cada dia. E o mais espantoso é que os sucessores são piores do que os antecessores.
Corroborando com a atual situação, utilizo o que disse o incomparável Rui Barbosa no início do Século passado, em relação ao nosso(?) Brasil: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desaminar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Todas as assertivas acima, se guardam alguma semelhança com o que vivemos nos dias atuais, NÃO são meras coincidências.
Até a próxima.
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