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92 mil pessoas vindas de países foco de coronavírus desembarcaram no Brasil na última semana de fevereiro

Maioria saiu dos EUA, hoje epicentro da pandemia; quase 7.000 chegaram da Itália

Última atualização: 2020/04/10 10:28:32



Na semana em que o Brasil confirmou seu primeiro caso de Covid-19, mais de 90 mil pessoas chegaram ao país vindas de nações com transmissão local do coronavírus reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De 23 de fevereiro a 1º de março, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), desembarcaram nos aeroportos brasileiros 91.932 pessoas provenientes de Itália, Espanha, Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, França e Emirados Árabes. O Brasil decidiu restringir a entrada de estrangeiros nos aeroportos apenas em 19 de março.

Os países citados são aqueles em que, segundo os critérios da OMS, o vírus já circulava, enquanto em outros locais os doentes haviam sido contaminados em viagens ao exterior. Não é possível dizer quantos dos viajantes são brasileiros nem quantos são turistas. Na semana do dia 23 de fevereiro, em que muitos brasileiros voltavam de viagem após o feriado do Carnaval, o número de casos confirmados no mundo ainda era tímido, se comparado com a situação atual. A escalada da epidemia nos dias seguintes, porém, indica que o vírus circulava de maneira mais generalizada do que se acreditava naquele momento.

Isso pode ser explicado pelo período de incubação (tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas), que varia de 2 a 14 dias. Naquela época, o epicentro da epidemia ainda era a China, onde o vírus surgiu. Em 1º de março, havia quase 80 mil infectados entre os chineses, e a província de Hubei, a mais atingida, estava em quarentena havia mais de um mês.

De Pequim, naquela semana, os registros mostram que chegaram ao Brasil apenas 342 passageiros. O número pode ser maior, já que o trajeto costuma incluir conexões, muitas vezes não rastreadas pela Anac. Outros 20 mil (22%) chegaram da Espanha e da França. Os franceses já tinham dois óbitos confirmados em 27 de fevereiro, enquanto os espanhóis, hoje com a segunda maior quantidade de mortes, ainda contavam 15 casos.

O número total de passageiros pode ser maior, já que o levantamento da Anac não permite identificar todos os trajetos dos viajantes. Uma pessoa que estava em Madri e voou para Lisboa, para daí trocar de avião e vir ao Brasil, por exemplo, pode ser contabilizada pela agência como um passageiro que veio de Portugal. Da Itália, que pouco depois se tornou o país com maior número de mortos em todo o mundo, vieram quase 7.000 pessoas (7% do total). Cerca de 19% delas saíram do aeroporto de Milão, na Lombardia, região onde a epidemia italiana se concentrou.


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