Auxiliar nas tarefas escolares e criar uma rotina de atividades lúdicas são dicas para os pais
Durante o período de distanciamento social, as instituições de ensino suspenderam as atividades presenciais e começaram a dar aulas a distância. Porém, o ensino remoto exige mais atenção e auxílio dos pais, seja para operar as tecnologias necessárias para o ensino, seja para ajudar nas atividades didáticas. Somando isso ao fato de que muitos estão trabalhando em regime home office, o resultado pode ser uma rotina um tanto desorganizada, com dificuldades de dar conta de tudo ao mesmo tempo.
A psicopedagoga, Joyce de Cassia Aguiar Cardoso, trabalha com atendimento clínico e consultorias para famílias e conta que a demanda de trabalho aumentou pois os pais estão procurando ajuda para enfrentar o desafio de auxiliar os filhos com o ensino em casa.
Além disso, as crianças estão mais agitadas, irritadas e, muitas vezes, apresentando alterações no sono. Isso pode dificultar ainda mais o aprendizado, pois os sinais de ansiedade, de falta de atenção e concentração são fatores que interferem para o desenvolvimento cognitivo.
Mas então como melhorar esse cenário? A psicopedagoga Joyce explica que tentar manter uma rotina em casa para os pequenos e os auxiliá-los no desenvolvimento de suas atividades pode ajudar. “Deixar um local específico para estudar e realizar uma rotina familiar, incluindo horários para estudar, brincar e auxiliar nas tarefas domésticas irá trazer organização e planejamento ao ambiente familiar”, enfatiza.
Até mesmo as crianças menores de três anos precisam de atividades lúdicas, que promovam sua capacidade criativa e o papel dos pais nesse processo é essencial. “São inúmeras as atividades que podem ser feitas, mas é preciso um planejamento diário para executá-las. Sugiro fazer uma planilha semanal com atividades diversificadas, assim cada dia a criança terá novidades e sua atenção e interesse serão muito maiores”, explica Joyce.
O que fazer para manter os filhos entretidos
Entre as atividades que podem ser desenvolvidas em casa, a psicopedagoga sugere jogos educativos, com a finalidade de estimular a atenção, a memorização e o raciocínio; e atividades musicais e dramatizações, que irão estimular a imaginação.
Além disso, o ambiente caseiro pode possibilitar o desenvolvimento de atividades diversas, como cozinhar com as crianças, contar histórias e acampar montando barracas com lençóis e cadeiras. As atividades sensoriais, que estimulam os cinco sentidos (tátil, visual, auditivo, olfativo e gustativo), também podem ser uma boa pedida. Entre elas, podemos destacar os jogos da memória, os quebra-cabeças, brincar com massa de modelar, desenhar e empilhar blocos.
Como auxiliar durante os estudos
Os pais devem estar presentes para auxiliar com os componentes tecnológicos necessários para a aula (computador, aplicativos de reuniões, plataforma de EAD da instituição de ensino) e para averiguar se a criança está de fato prestando atenção nas aulas.
“Os pais devem cobrar a responsabilidade da criança, que tem esse compromisso e dever de realizar. Esse hábito ajudará a criança a retomar a rotina do seu dia a dia de uma forma natural. Além disso, isso estimula a autonomia da criança e será possível perceber se ela está se adaptando ao novo formato de ensino”, ressalta Joyce.
Também é necessário manter o acompanhamento do desenvolvimento das tarefas de casa e, se precisar, fazer junto com a criança, como já aconteceria no modelo de ensino presencial. “É preciso estabelecer um período com seus filhos para os estudos. Assim eles poderão tirar as dúvidas e o pai saberá o que estão aprendendo. É importante conversar sobre o que aconteceu na aula. Dessa forma, a criança vai se sentir mais segura”, salienta a psicopedagoga.
A construção da rotina é essencial
Fazer um quadro de atividades é uma ótima opção para estabelecer uma rotina semanal com as atividades das crianças. Assim elas ficarão menos ansiosas, pois sabem o que vai acontecer e o que deverão fazer. Segundo a psicopedagoga, as crianças devem participar também do processo de construção da rotina, deixando-as opinarem sobre as atividades que elas gostam de fazer.
“Devemos incluir diariamente afazeres no quadro de rotina como atividades escolares, descanso, tempo para brincar sozinho e com os pais e irmãos, organização do próprio espaço, atividade física, ajuda com afazeres domésticos, tempo para assistir televisão, higiene pessoal e um horário estabelecido para jogos eletrônicos”, elenca Joyce.
Recomenda-se usar os horários que a criança já estava acostumada a fazer as atividades antes do distanciamento social. Por exemplo, se a criança frequentava a escola durante a tarde, então em casa, nesse mesmo horário, deve ser o horário de estudar.
Para finalizar, a psicopedagoga explica que o contato entre pais e professores constante também deve ser mantido durante todo o período. “É direito dos pais marcarem reuniões para acompanhar todo o processo pedagógico e é fundamental que eles não esqueçam de compartilhar informações sobre o desenvolvimento do seu filho em casa”, frisa Joyce. Além disso, se mesmo assim os pais continuarem a ter dificuldades, é aconselhável que procurem um psicopedagogo que poderá avaliar a situação específica e sugerir soluções.
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