“Não esquece. Vai dormir e acorda com aquilo na cabeça. Nunca mais vou esquecer, é uma coisa marcante para o resto da vida. Hoje eu sorrio para os clientes, para que ele se sinta bem, mas por dentro o sentimento está lá”, diz o proprietário Etson Dalapicola
Uma semana após o tornado que atingiu Belmonte e Descanso, o clima ainda é de reconstrução nos dois municípios. Ainda presentes na frente das residências, os entulhos que foram arrancados pela força do vento dão um panorama ainda maior da destruição causada pelo tornado no dia 10 de junho.
Em Belmonte, a maioria das residências já reparou os estragos. Já para um dos estabelecimentos mais antigos da cidade, o jeito foi mudar de endereço. Completamente destruído pelo tornado, o Mercado Dalapicola funciona agora em um local menor e alugado. O proprietário, Etson Dalapicola conta que tudo só foi possível com o auxílio dos voluntários.
“A população nos ajudou muito, se não fossem os voluntários, a gente não tinha nada. A mercadoria está aqui graças a pessoas que trabalharam. Foram 30 ou 40 pessoas que nos auxiliaram. O pessoal de Guaraciaba veio com ônibus nos ajudar, ajudar na limpeza, pessoas de Descanso, Santa Helena, pessoas que eu nem sei quem eram. O que eles fizeram, não tem preço que pague. Sem eles, não seríamos nada. Nenhum cliente me abandonou. Há três dias que estamos com o mercado aberto e a venda está muito boa. O pessoal está ajudando até nisso, comprando. Devagar vamos conseguir”, explica.
Com o antigo local destruído e com a estrutura comprometida, o proprietário reforça que não teve outro jeito senão abrir o Mercado Dalapicola, sustento da família, em outro endereço. Mas a ideia, no entanto, e futuramente construir um novo e mais amplo mercado.
“É um quebra-galho por enquanto porque não temos o que fazer, ainda tem um caminhão com mercadorias guardadas e a gente em breve pensa em conseguir fazer um mercado até maior do que tínhamos. Estou vendo os financiamentos, mas eles são altos. Créditos tem, mas os valores são altos. Quero retomar do que era antes para melhor”, relata.
Além do mercado, Etson teve a residência e dois carros atingidos pelo temporal, mas comemora o fato de que a família esteja bem depois de tudo que aconteceu. “Estar vivo é a melhor coisa que aconteceu. Bens materiais a gente refaz de novo. Estamos levantando a cabeça em oito dias e tentando continuar. Tem que ter fé em Deus”, menciona.
Mas mesmo que aparentemente o semblante seja de esperança, por dentro o sentimento de angústia ainda resiste em relembrar tudo que aconteceu em 10 de junho de 2020. “Não esquece. Vai dormir e acorda com aquilo na cabeça. Nunca mais vou esquecer, é uma coisa marcante para o resto da vida. Hoje eu sorrio para os clientes, para que ele se sinta bem, mas por dentro o sentimento está lá”, finaliza.
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