Nunca vi algo vindo da China durar tanto tempo. Como não poderia ser diferente, após alguns meses que chegou o tal Coronavírus em terras brasileiras, tem causado confusão por todos os lados. Empresários, trabalhadores, universitários, cientistas, professores e um excesso de gente mal informada oferecendo soluções para o caso. Temos dois grupos de prioridades diferentes sobre o tema: os que que priorizam à vida e os que defendem a economia. As duas coisas são importantes, o difícil é equacioná-las. Tentarei fazer isso ao longo do texto.
Devemos ficar em quarentena? Sim. Por dois motivos: ser lei, determinação do governador; e pela velocidade do contágio que o vírus nos proporciona. Cabe ao cidadão de bem obedecer às regras da sociedade na qual está inserido, o direito de discordar não lhe dá o direito de desrespeitá-las.
Em toda história da humanidade é a primeira vez que presenciamos um vírus se espalhar tão rápido pelos 4 cantos do mundo. Nenhum país tinha hospitais preparados para receber tantas pessoas em tão pouco tempo, esse é o motivo da quarentena. Países em que existe o espírito de coletividade e presidentes inteligentes estão conseguindo contornar a situação com mais facilidade.
Na Itália, desde fevereiro, cientistas, trabalhadores da saúde e políticos, por via de decretos, notificaram as pessoas para ficarem em casa, os incrédulos acreditando que tudo se tratava de apenas um “resfriadinho” pagaram para ver: somente pela Covid-19 enterram mais de 900 pessoas por dia.
No Brasil, há poucos dias, Bolsonaro duvidou dos números da quantidade de pessoas infectadas apresentados pelo Governador João Dória, de São Paulo. Eu também duvido! A diferença é que nosso presidente, respaldado pelo achismo, acredita que os números são altos e eu concordo com a pneumologista Margareth Dalcolmo que, como nem todos têm acesso ao exame, a quantidade de infectados deve ser muito maior que os dados oficiais apresentados.
Outra farsa promovida pelo presidente é a crença de que apenas os idosos e não atletas são vulneráveis, a todo instante temos notícias de inúmeros jovens brasileiros entre 25 e 36 anos que estão tendo suas vidas interrompidas por esse vírus. E mesmo que fossem só idosos morrendo, essas vidas são tão importantes quanto a dos jovens!
Dois grupos distintos gritam “Preciso trabalhar”: os bajuladores dos patrões; e os motivados pela necessidade.
A felicidade do “sextou” e o desamor pela segunda-feira não existem mais. O sentimento de “salvar a economia” tomou os corações dos trabalhadores de linha de frente. Não sabem absolutamente nada de investimentos, finanças, globalização, PIB, inflação, juros, negócios, cotações de Bolsas, moedas, índices econômicos na análise da produção e distribuição, mas compram a briga pela luta desesperada em prol do lucro do patrão, para que este possa viajar constantemente e manter o padrão de luxo. Lembrando que, diferente dos empregados, o dono da empresa tem médicos a disposição 24h por dia.
O segundo grupo quer trabalhar pela necessidade, não pode ter o salário diminuído e sequer pensa em perder o emprego. Tem aluguel e família para sustentar. Entre os mais vulneráveis temos os trabalhadores informais que não tem o registro de microempreendedor individual (MEI), como os catadores de recicláveis, pedreiros e vendedores ambulantes. Esses certamente irão morrer de fome. Os que têm vão poder receber o auxílio emergencial de R$ 600,00 por três meses do governo federal.
Como ficam as pequenas empresas que atuam no segmento de vestuário, perfumaria, livraria ou eletrodoméstico? Tem aos milhares pelo país, são responsáveis pelo sustento de centenas de milhares de famílias e não vão ter capital para manter o salário de seus funcionários sem poder vender seus produtos. O governo brasileiro tem o histórico de perdoar dívidas bilionárias de bancos privados e usar fortunas do dinheiro público para manter salários altos e privilégios dos políticos. Estou ansioso para ver a eficácia das nossas lideranças para ajudar nossos empreendedores e funcionários.
O colapso que se apresenta diante dos nossos olhos entre economia e saúde não é para todos. Acredite: há quem ganhe com os dois e eu sei quem são, mas não vou dizer. Por fim,
“Peço desculpa àqueles que não concordarem comigo, mas entre o achismo e a certeza da ciência, fico do lado da minha equipe médica”, diz Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis. Twitter da prefeitura em 27/03/2020.
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