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Existe político do povo ou são todos farsantes?

Última atualização: 2020/04/01 3:35:04

Em ano eleitoral é fácil encontrar pelas ruas das cidades os políticos. Se no ano anterior ao da campanha eles estão ocupados demais em seus gabinetes, no ano da eleição curiosamente todos arrumam tempo para passear pela cidade, conversar com as pessoas, saber suas necessidades e, mais do que isso, todos deixam a imortalidade de lado e passam a ser meros mortais, gente como a gente. É nesse período que os encontramos no boteco da esquina tomando uma pinga, na padaria comendo um pastel ou na praça apreciando a mateada. 

Há dois anos, em 2018, durante a campanha presidencial não foi diferente. Nosso atual presidente, então presidenciável, adorava fazer suas lives de facebook em casa, tomando café da manhã. Na mesa, sempre coisas simples do nosso cotidiano: pão francês (com leite condensado de marcas populares), café com leite, jarras e copos simples de lojas de R$1,99. Além do café modesto, o próprio Bolsonaro vestido de sua maneira caseira: camisetas do time do coração falsificada, calça de moletom, tudo do modo mais informal possível.

Além dos momentos em casa, no ano passado ao visitar países como Japão, China e Índia, por não gostar de pratos orientais, o presidente levou sua própria comida: miojo. Postou fotos em redes sociais e até ironizou o jornal Folha de São Paulo, afirmando que finalmente eles haviam postado algo que não era fake news. Nada contra ele não gostar das comidas desses países, já que elas possuem sabores bem diferentes do Brasil, não é mesmo nada incompreensível alguém não saboreá-las. Mas o ponto a que quero chegar é: quanto de verdade há por trás desses gostos de “pessoa do povo”?

Nesta semana, Alexandre Frota (PSDB), ex-aliado de Bolsonaro, foi a público contar que todo aquele café simples era armado para época de campanha, inclusive as roupas eram milimetricamente pensadas para passar a imagem de pessoa humilde. É triste, mas uns quantos acreditaram nessa armação. Se tanta gente que ganha pouco mais de um salário mínimo consegue se dar o luxo de comprar uma camisa oficial de seu time, o que o leva alguém a pensar que um deputado usaria uma camiseta falsificada? Melhor: um deputado candidato à presidência da República! O mesmo método de análise vale para o restante da louça e dos produtos alimentícios. Tudo fazia parte de um quadro, de uma peça de teatro, encenação que não deveria ser novidade para nós.

Há tempos que são noticiados, em telejornais, redes sociais e revistas eletrônicas, diversos políticos como José Serra, Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff, em momento de campanha tomando café no boteco da esquina e comendo coxinha junto ao trabalhador. Depois da campanha, quando eles apareceram por lá? Atitudes que se repetem somente a cada quatro anos. Essa estratégia de parecer do povão para conquistar votos é antiga e ainda funciona.

Nosso povo simples e trabalhador é também inocente, cai no conto de fadas de um político que veio de longe, que era pobre e que irá transformar a sociedade em um lugar justo para todos. Com tal político no poder acredita que poderá ter uma vida digna, um emprego com salário não miserável, férias, décimo terceiro e uma aposentadoria quando a idade chegar. O que temos é sempre o oposto disso e tudo piora a cada dia.

Falando disso, fica difícil não citar Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, que era metalúrgico, que tomava umas cachaças com meu avô de vez em quando, na cidade de São Bernardo do Campo,  e que foi eleito na promessa de trabalhar pelo povo, já que ele mesmo fez parte do povo operário. Todos que apostaram nele foram tapeados, Lula merece um troféu de maior farsante de todos os tempos!

Vinte anos depois ainda caímos no conto do político popular, que é gente como a gente: fala, se veste e come da mesma forma que nós. Ávidos por mudanças e por alguém que entenda as demandas sociais, as pessoas acabam dando o voto de confiança.

Dentro de poucos meses teremos novamente eleição municipal e quantos políticos veremos pelas ruas? Quantos que não aparecem desde a eleição passada? Agora estão novamente por aí conversando, dividindo o balcão da padaria, sentando ao nosso lado no restaurante baratinho, fazendo um lanche pelas ruas e até marcando uma consulta no postinho de saúde.

E não precisa ter muita sorte para que você possa encontrar um desses pelos mercados, empacotando suas compras. Ao encontrá-lo seja sincero e minta o melhor que puder: diga um “bom dia” e receberá um sorriso pré-estabelecido.


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