Em entrevista à TV GC, Sérgio Becker relembra momentos dos 35 anos atuando na Polícia Militar de Iporã do Oeste, que tem abrangência de mais de 200 quilômetros na região, fala sobre sua família e filhos que seguiram seus passos
Quanto vale um sonho? Sonhar em exercer uma determinada
atividade durante a maior parte da vida exige inúmeras renúncias, esforço,
estudo e amor, mas também traz satisfação pessoal, sorrisos pelas conquistas e
reconhecimento. As profissões militares
como Corpo de Bombeiros e Polícia Militar são muito desejadas e concorridas na
atualidade e os concursos exigem preparação e dedicação.
Quem viveu essa realidade de perto no ano de 1985, foi
Sérgio Becker, morador do município de Descanso e atuante na Polícia Militar
Rodoviária, no batalhão de Iporã do Oeste. Sérgio é reconhecido pelo
profissionalismo, dedicação e amor à farda, que representou por aproximadamente
35 anos. Na última semana, após ser promovido a 1º sargento, o militar foi
direcionado para a reserva remunerada.
Becker, como é mais conhecido na região, destaca que seguir
carreira militar sempre foi um sonho. “Eu já gostava, admirava muito. Meus pais
moram em Joaçaba e meu pai trabalhava no DNER, hoje DNIT, e tinha um posto da
Polícia Rodoviária Federal junto com o DNER e ficamos amigos dos policiais.
Esse foi o início, quando voltei do exército trabalhei mais quatro meses em uma
empresa de lá e prestei concurso, passei e estamos aí”, argumenta.
Natural de Lages, o amor à farda o trouxe para o município
de Descanso, no Extremo-Oeste do Estado, onde formou família e se dedicou à
profissão escolhida. “Quando passei no concurso e conclui o curso para escolher
a vaga, tinha como primeira opção um município perto de Joaçaba, mas como aqui
em Iporã era posto novo e antigamente havia a possibilidade de trabalhar na
fronteira dois anos e contar como quatro anos. Viemos eu e um colega, ele
voltou e eu permaneci aqui, encontrei minha esposa, Necilde Nora Becker, e
tivemos dois filhos, Alan e Alyson. Vim com a esperança de ficar dois anos e
acabei ficando quase 35 anos. Cheguei aqui em 1985 e o posto era pequeno, frota
reduzida, muitos desafios a enfrentar, já hoje temos muito mais agilidade nos
atendimentos, quanto à assistência, segurança o pessoal aqui está bem atendido,
estamos 24 horas nas rodovias, sempre que alguém ligar será atendido”, destaca.
Quem passou pelo 12º Grupo da 3ª Cia do 2º Batalhão de
Polícia Militar Rodoviária, ou seja, o posto da polícia de Iporã do Oeste, com
certeza reconhece o sorriso de longe, e também a exigência que Becker tinha com
todos os abordados, para que tudo ocorresse dentro do que é correto. “Eu
aprendi muito nesses quase 35 anos de Polícia Militar Rodoviária, sempre tem
novas experiências, no curso a gente aprende o básico e quando viemos para
trabalhar na rodovia toda situação provoca um novo aprendizado. Quando a gente
sai para uma ocorrência a gente nunca sabe o que vai encontrar ali, pode ser um
conhecido e até um familiar, pode ser leve ou grave então precisa ter muita
dedicação e estar preparado para saber agir em qualquer situação. Eu sempre fui
muito exigente com colegas e abordados, gosto que tudo seja feito corretamente,
com honestidade, educação e principalmente respeito. Sempre dei exemplos para
os meus filhos para sempre poder andar de cabeça erguida”, lembra.
As ocorrências atendidas pela Polícia Militar podem trazer
muitas surpresas, inclusive negativas. Quando o policial entra na viatura e vai
em direção ao chamado da ocorrência, tudo pode acontecer e nesse momento entra
o profissionalismo para deixar os sentimentos pessoais de lado e atuar da
melhor forma para resolver o que aconteceu. “Sempre que a gente olha para trás
tem momentos que marcam, um dos que mais me marcou foi quando eu e um colega
fomos atender uma ocorrência, um acidente de trânsito grave, chovia muito
naquele dia e ao chegarmos no local meu colega já disse “conheço esse carro”,
era um fusca, chegamos mais próximo e eram dois familiares dele, uma tia que
que ele gostava muito já estava sem os sinais vitais, ele tentou reanimar, fez
o possível, mas infelizmente não havia nada que podíamos fazer, tentei
acalma-lo e agir profissionalmente, mas aquilo me marcou muito. Infelizmente
perdemos esse colega também em um acidente de trânsito um tempo depois, então é
isso, a gente precisa se preparar muito porque quando te chamam para uma
ocorrência a pessoa tem certeza que você vai resolver qualquer situação e você
precisa se empenhar ao máximo para isso. Não existe meio termo e nem meia
dedicação, a situação precisa ser resolvida e eu ia para resolver, as vezes com
dor, sentimento, vontade de fazer diferente, mas não podemos, tem que seguir as
regras, agir com profissionalismo, ter foco para que não aconteça outro
acidente no local ou aconteça uma situação que agrave a ocorrência. No começo é
um pouco mais difícil entender as dinâmicas, como proceder e tudo o que
envolvem as ocorrências, mas sempre tem alguém com mais experiência que pode
ajudar, a gente observa eles e aprende”, ressalta Sérgio.
Os anos de experiência trazem novas visões e conhecimentos,
hoje, conforme o sargento, a região tem policiamento ostensivo e preventivo mas
há uma preocupação muito grande com a utilização de tecnologias como o celular
durante no trânsito. “Quando acontece um acidente de grande proporção, uma grande
apreensão, algo que tem impacto na comunidade as pessoas têm um cuidado maior
por um determinado tempo, mas parece que após esse período tudo volta ao
normal, os descuidos, a falta de atenção. Hoje uma das nossas maiores
preocupações é com a utilização de tecnologias como o celular no trânsito, o
motorista está conduzindo o veículo e mexendo no celular com a mão direita, por
exemplo, e a esquerda no volante, se acontecer algo, o primeiro reflexo é puxar
o volante com a mão esquerda, ou seja, para o centro da pista. Além de ser um
dos grandes motivos da falta de foco e atenção dos motoristas, pode causar
acidentes. O trânsito é um local de cuidado com a vida de terceiros também”,
frisa.
Olhando para trás, para os sonhos de criança e amor à farda,
Becker se sente feliz com sua trajetória. “Hoje eu saio feliz, com orgulho de
desempenhar por tantos anos policiamento preventivo, correto e ostensivo na
região. Foi um sonho que me trouxe para cá e através disso minha vida se tornou
o que é hoje. Formei família, casei com a Necilde, meus filhos sempre admiraram
a profissão, praticamente cresceram na Polícia Militar Rodoviária de Iporã do
Oeste e hoje fazem parte desse batalhão, fiz muitos amigos, muitas ocorrências
atendidas, então sou muito feliz com tudo isso”, finaliza.
HOMENAGEM DOS FILHOS E COLEGAS DE TRABALHO
Em homenagem ao militar, os filhos e colegas de trabalho se
pronunciaram para a TV GC.
Alan Becker, de 30 anos, filho mais velho de Sérgio, atuante
na PMRv há 4 anos.
“Grande exemplo de pessoa, tanto profissionalmente quanto
pessoalmente, não só para mim, mas para toda família e amigos, como inspiração
hoje somos em 6 primos policiais. Sempre firme e correto em suas atitudes e
decisões, desde criança me ensinou que o único caminho a ser seguido é o da
honestidade e sempre fazer o certo. Desde criança tinha o sonho de ser
policial, mas nunca imaginei em trabalhar junto com meu pai, hoje agradeço a
Deus por ter a oportunidade de trabalhar junto com meu pai e meu irmão Sd
Alysson”
Alyson Becker, de 26
anos, filho mais novo e militar há 2 anos.
“Meu pai sempre foi exemplo de pessoa e profissional, foi
meu Norte para muitas escolhas em minha vida, desde meu nascimento me trilhou
no caminho da fé e dos bons costumes. Tive a grande satisfação de trabalhar junto
com meu pai no posto rodoviário de Iporã do Oeste, ombreando as fileiras na
segurança pública de Santa Catarina, aonde foi o seu local de serviço por
muitos anos e que agora continuará sendo o nosso, meu e de meu irmão, para
darmos prosseguimento ao legado deixado”
Os colegas de trabalho de Becker também deixaram uma
homenagem, 2° Sargento Frizon, que trabalhou 32 anos de polícia ao seu lado e
hoje assume o comando do Posto 12 da Policia Militar Rodoviária de Iporã do
Oeste.
“Foi um imenso prazer em trabalhar por estes 32 anos juntos,
éramos jovens com muitos sonhos e praticamente vivemos uma vida atuando, ótimo
profissional que deixa muitos ensinamentos para os colegas, hoje assumo seu
lugar com a missão de dar prosseguimento ao seu trabalho”
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