Natural do Rio Grande do Sul, dona Olga Damian tem 98 anos e vive em São Miguel do Oeste há 73. Ela recordar a história e evolução da cidade
Por Camila Pompeo
Um pequeno povoado rodeado de verde, onde aos poucos, o progresso foi se instalando. Assim era a antiga Vila Oeste, terra humilde e promissora onde a história de São Miguel do Oeste começou a ser escrita. Oriundos em sua maioria de cidades do Rio Grande do Sul, Vila Oeste recebia diariamente famílias de colonos em busca melhores condições de vida e sustento.
Do início desta história até aqui, passaram-se quase 80 anos, destes, 66 de emancipação político-administrativa. O marco é comemorado no dia 15 de fevereiro e o título concedido em 1954, significa a conquista de autonomia no âmbito político e social, o poder de tomar decisões políticas e administrativas.
Dos 98 anos de vida, 73 deles dona Olga Damian viveu por aqui. Natural da cidade de Guaporé, no Rio Grande do Sul, a pioneira se mudou com o marido para a antiga Vila Oeste por volta de 1947. “Faz 73 anos que estou aqui. Vim com meu marido e já tinha dois filhos. Ele fez sociedade com Orestes Dalmagro, que tinha um caminhão, e depois ele foi me buscar para vir para cá. Meu marido trabalhava com caminhão, depois veio mais gente, começaram a desmatar e levar a madeira à Mondaí. Era o único caminhão que tinha na época”, recorda.
Com poucos moradores, o movimento de automóveis também era pequeno e os animais eram utilizados como principal meio de transporte, situação bem diferente do que dona Olga vê hoje por aqui. “Tinha dois jipes só e nós tínhamos um caminhão em sociedade com o Orestes. Mas foi aumentando e aumentando e hoje olha o que é São Miguel do Oeste, olha o movimento. Eu queria saber quantos carros existem hoje aqui. Fico sentada lá fora sempre assistindo o movimento. Sou contente por estar aqui”, menciona.
Mesmo com o passar dos anos, um dos principais pontos da cidade na época continua sendo um cartão postal. A bela Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, localizada no centro de São Miguel do Oeste, tem um pouquinho de cada colono que viveu na época por aqui. Dona Olga recorda da participação da comunidade na construção da nova igreja. “Tinha uma igreja de madeira e o Padre Aurélio Canzi não queria desmanchar aquela para fazer uma de material. Quando ele foi fazer um retiro e iria ficar fora quase um mês, nós convidamos aquele pouco de colono que estava aqui e desmanchamos a Igreja de madeira. Começaram a construir a igreja de material. Estou contente por estar ainda aqui e ainda ver tudo isso”, revela.
Além do sentimento de orgulho pela cidade, outra coisa permanece até hoje: o Grupo de Idosos “Sempre Alegre”. Fundado por dona Olga na época em que chegou em Vila Oeste, o grupo existe até hoje e reúne mais de 160 pessoas. “Um padre que veio de fora me indicou de fazer uma sociedade de mulheres. Eu não sabia como fazer e ele me disse que convidasse outras mulheres. Começamos a sociedade em quatro pessoas e estamos atualmente com 163 sócios. O salão está lotado, construímos mais um pedaço e ainda é pouco, temos que aumentar. O grupo foi batizado de “Sempre Alegre” e é sempre alegre mesmo”, afirma.
Orgulhosa do caminho trilhado pelos familiares e de tudo que teve oportunidade de ver e viver, dona Olga se diz grata. Falando sobre São Miguel do Oeste ela fica de olhos marejados e coração completamente aquecido e não deixa de reforçar o quanto admira e ama esta terra. “Graças a Deus ninguém da nossa família conhece delegacia, polícia. Até agora todos se comportaram bem. Meus irmãos no RS, eram 10, nunca estiveram em uma delegacia, todo mundo trabalhava e se contentava com o que tinha. São pessoas do bem. Gosto daqui de São Miguel do Oeste, em tudo eu gosto. Das pessoas, do lugar, da paz. Para mim é um lugar santo”, finaliza.
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