Números consolidados do Censo Agropecuário de 2017 mostram também aumento no número de área preservada e mais propriedades que utilizam agrotóxicos em relação ao último levantamento, de 2006
A área ocupada por propriedades rurais cresceu 17,6 milhões
de hectares (+5,8%) entre 2006 e 2017, de acordo com os números finais do Censo
Agropecuário 2017, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (25).
O aumento da área equivale a quase todo o estado do Paraná,
que tem 19,9 milhões de hectares.
Ainda assim, houve a redução de 2% no número de
propriedades, que passaram de 5,17 milhões para 5,07 milhões de unidades.
O Censo voltou ao campo após 11 anos da última vez. Segundo
o IBGE, ele é uma fotografia do Brasil rural do dia 30/09/2017.
O Brasil tem 851,48 milhões de hectares e está divido da
seguinte forma:
351,28 milhões de hectares em propriedades rurais
117,63 milhões de hectares em terras indígenas
151,89 milhões de hectares unidades de conservação
230,68 milhões de hectares de área urbana
O Censo mostra também que o país tem 5,07 milhões de
estabelecimentos rurais, sendo que:
4,67 milhões são pequenos
231,4 mil são médios
92,8 mil são grandes
Isso significa que 92% dos estabelecimentos rurais são
considerados pequenos e o levantamento mostra também que existe concentração de
terras em poucas propriedades.
Crescimento do nº de floresta nas propriedades
A utilização da terra mudou bastante em 11 anos, de acordo
com o Censo Agropecuário de 2017.
A área com lavouras permanentes, como as de café e laranja,
caiu 34%. Já o número de hectares utilizados em produção temporárias, como soja
e milho, subiu 14%.
A área de matas naturais, que são aquelas destinadas para a
preservação, subiu 12% entre 2006 e 2017. A de florestas plantadas subir 83%.
Segundo o IBGE, o Censo considerou apenas áreas privadas.
Como houve aumento das áreas de produção, é natural o aumento destas matas
devido à necessidade de cumprir o que determina o Código Florestal.
“Novos estabelecimentos entraram no processo produtivo e o
Código Florestal determina a preservação destas áreas. Então, esse dado
apresenta o aumento do número de estabelecimentos trazendo essas matas que
precisam ser preservadas”, afirmou o gerente do Censo Agropecuário, Antônio
Florido.
Já a área de pastagens naturais caiu 18% no período e as
pastagens plantadas cresceram 10%.
Uso de agrotóxicos
Na comparação com o último Censo, houve aumento de 20,4% no
número de produtores que já utilizaram agrotóxicos. De acordo com o IBGE, o
dado não define a quantidade aplicada e como foi usada.
Por que a produção de alimentos depende de agrotóxicos?
Em 2006, 1,39 milhão de donos de estabelecimentos rurais
(27% do total) disseram que utilizavam agrotóxicos na atividade. No último
levantamento, esse número foi 1,68 milhão (33% do total).
Porém, o índice não é o maior da série histórica. Em 1980,
1,98 milhão diziam terem usado pesticidas.
No Censo de 2017, 73% dos estabelecimentos que declararam
usar agrotóxicos são de pequenos produtores (até 20 hectares).
O gasto médio com pesticida dessas propriedades é de R$ 160
por mês para cada um destes produtores.
Entre os que utilizaram agrotóxicos, 15,6% não sabiam ler e
escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido orientação técnica para o
uso.
Dos que sabiam ler e escrever, 69,6% possuíam no máximo
ensino fundamental e apenas 30,6% disseram ter recebido orientação técnica.
Área de agricultura familiar cai
A agricultura familiar encolheu no país, de acordo com o
Censo Agropecuário de 2017, que apontou redução de 9,5% no número de
estabelecimentos classificados como de agricultura familiar, em relação ao
levantamento de 2006.
O segmento também foi o único a perder mão de obra. Enquanto
na agricultura não familiar houve a criação de 702 mil postos de trabalho, a
agricultura familiar perdeu um contingente de 2,2 milhões de trabalhadores.
No Censo Agropecuário de 2017, 3,89 milhões de propriedades
rurais atenderam aos critérios e foram classificadas como agricultura familiar,
o que representa 77% dos estabelecimentos agropecuários levantados pela
pesquisa.
Essas pequenas propriedades ocupavam uma área de 80,9
milhões de hectares, ou seja, 23% da área total dos estabelecimentos
agropecuários brasileiros.
As áreas de agricultura familiar têm 48,19% de suas áreas
dedicados às pastagens. Dedicam 15,5% de suas áreas para lavouras e se destacam
nos sistemas agroflorestais, já que dedicam 6,03% de suas áreas para essa
estratégia.
População ocupada cai quase 1,5 milhão
Segundo o último levantamento do IBGE, são 15,1 milhões de
pessoas ocupadas nas propriedades rurais, uma média de 3 pessoas por
estabelecimento, entre produtores e pessoas com laços de parentesco com eles,
além de empregados temporários e permanentes.
Na comparação com o Censo Agropecuário 2006, houve redução
de 1,46 milhão pessoas no total de ocupados.
Do total de pessoas ocupadas nesta data, os produtores e
trabalhadores com laços de parentesco com eles representaram 73,5% (11,1
milhões).
Mecanização cresce quase 50%
Por outro lado, o número de tratores em estabelecimentos
agropecuários aumentou 49,9%, ou 409,1 mil unidades a mais em relação ao Censo
Agropecuário de 2006, chegando a 1,22 milhão de unidades em 30 de setembro de
2017.
Já o número de estabelecimentos que utilizavam este tipo de
máquina aumentou em mais de 200 mil, alcançando um total de 734.280 produtores
em 2017.
Área irrigada cresce 48%
Em 2017, de acordo com o IBGE, 502,3 mil donos de
estabelecimentos agropecuários disseram usar algum método de irrigação,
enquanto o total da área irrigada no país foi de 6,69 milhões de hectares.
Em relação ao Censo Agropecuário 2006, observou-se um
aumento de 52,6% no número de estabelecimentos com irrigação em suas terras e
de 48% na área irrigada.
Mulheres e idosos aumentam participação
O IBGE observou que 81,3% dos produtores são do sexo
masculino e 18,7% do sexo feminino representando um aumento na participação das
mulheres, pois no Censo Agropecuário de 2006 elas representavam 12,7% do total
de produtores.
Quanto à idade, houve redução na participação dos grupos de
menores de 25 anos (3,3% para 2%), de 25 a menos de 35 (13,6% para 9,3%) e de
35 a menos de 45 (21,9% para 17,9%).
Enquanto a dos grupos mais velhos aumentou: de 45 a menos de
55 (23,3% para 24,2%), de 55 a menos de 65 (20,4% para 23,5%) e de 65 ou mais
(17,5% para 23,2%).
Cor ou raça dos produtores
A cor ou raça do produtor que dirige o estabelecimento foi
pesquisada pela primeira vez em um Censo Agropecuário. A distribuição
encontrada foi:
brancos: 45,4%
pretos: 8,4%
amarelos: 0,6%
pardos: 44,5%
indígenas: 1,1%
Mais de 1 milhão de produtores conectados
Confirmando os dados preliminares, divulgados em julho do
ano passado, o acesso à internet na área rural cresceu 1.900%. Segundo o IBGE,
1,43 milhão de donos de propriedades declararam ter acesso à internet, sendo
que 659 mil através de banda larga, e 909 mil, via internet móvel.
Em 2006, o total de estabelecimentos agropecuários que
possuíam acesso era de 75 mil.
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