Home Orgulho de quem viveu quase uma vida de zelo por outras vidas

Orgulho de quem viveu quase uma vida de zelo por outras vidas

Iraci Zambiazi foi uma das primeiras enfermeiras do município de Descanso e relata momentos marcantes em 37 anos de profissão

Última atualização: 2019/05/23 4:14:24

“Olhando para o meu passado e para todas as histórias que fiz parte, sou muito realizada com tudo isso, sou grata por ter ajudado as pessoas, cuidado de outras vidas”, Iraci Zambiazi, 68 anos, 37 deles dedicados à enfermagem Foto: Divulgação/TV GC


Os dias 12 e 20 de maio são considerados o dia do enfermeiro e do técnico em enfermagem, datas importantes que mostram o trabalho de quem dedica suas vidas para cuidar de outras pessoas.  Para conhecer mais sobre a área, a reportagem da TV GC foi conhecer uma das pioneiras da enfermagem no município de Descanso.

Iraci Zambiasi, de 68 anos, iniciou sua carreira na área da saúde, em 1966, aos 15 anos de idade, em um hospital particular no município de Descanso. “Minha irmã já trabalhava no hospital e um dia o doutor Arnaldo, médico que era proprietário do hospital, pediu para que eu viesse trabalhar também. Na época não tinha curso ou faculdade de enfermagem, nós éramos atendentes de enfermagem, mas fazíamos tudo o que uma enfermeira faz hoje, como vacinas, partos, preparação de sala cirúrgica, aferição da pressão, aplicava anestesia, porque na época não tinha anestesista, atendia no consultório, claro, tudo com a supervisão do doutor e da sua esposa Silvia, que era médica também”, explica Iraci.

A atendente de enfermagem relata como realizou o primeiro parto sozinha no hospital. “Nós fazíamos plantões, cada noite ficava uma atendente responsável, e em um dos meus plantões aconteceu um fato muito interessante. Tive que fazer um parto sozinha, porque não deu tempo de chamar o médico, a parturiente chegou já em trabalho de parto e só deu tempo de levar ela para a sala e fazer o parto. Para a minha surpresa, eram gêmeos! O primeiro bebê nasceu e quando eu vi, as perninhas do segundo bebê já estavam aparecendo, foi um susto, porque não é o correto, mas no fim deu tudo certo”, lembra.

Iraci ressalta que na época o hospital do município era onde hoje está localizado o posto de saúde. “O hospital era onde hoje é o posto de saúde, atendíamos pessoas de Belmonte, Santa Helena, interior de Descanso. Após um tempo o doutor Arnaldo vendeu o hospital para o município.  Eu tenho lembranças muito interessantes e essa é até um pouco triste, lembro que no primeiro tempo, quando ainda não existia posto de saúde, o hospital era cheio de crianças que tinham sarampo, às vezes até adultos pegavam, foi um surto da doença. Nós fazíamos de tudo para salvar essas vidas, mas nem sempre conseguíamos. Outras crianças com difteria, e muitas pessoas com tétano, que é um bacilo que se aloja no ferimento. O paciente sofre demais, é uma doença muito complicada, mas muitas pessoas o doutor Arnaldo conseguiu curar. Muitas doenças como tétano, coqueluche e difteria, não tinham vacina, algumas até tinham, mas os pais não levavam a sério. Na época da ditadura foi muito difícil a falta de medicamentos e vacinas ”, ressalta.

Quando a saúde foi municipalizada, Iraci continuou trabalhando e se especializando por meio do Estado. “Depois quando o Posto de Saúde foi criado, eu fui trabalhar para o Estado e fiz muitos cursos, muitas especializações, como saúde pública, doenças sexualmente transmissíveis, na área da vacinação, enfim, tem muitos certificados. Nessa época, com a melhoria na saúde do município, o sarampo foi praticamente erradicado, era muito raro vir alguém com essa doença, no caso do tétano, não vi mais nenhum caso. A unidade de saúde foi um grande avanço! Nessa época eu era sozinha, a única enfermeira, atendia todos os municípios de abrangência da época, trabalhava no consultório particular e ainda nos finais de semana ia com à prefeitura fazer a campanha da poliomielite.  Hoje as coisas são muito mais fáceis, existe uma auxiliar para cada setor. Mas olhando para o meu passado e para todas as histórias que fiz parte, sou muito realizada com tudo isso, sou grata por ter ajudado as pessoas, cuidado de outras vidas. Claro que nem sempre tudo foi maravilhoso, teve muito sofrimento em todas essas fases, mas tudo valeu a pena”, finaliza Iraci.


“Olhando para o meu passado e para todas as histórias que fiz parte, sou muito realizada com tudo isso, sou grata por ter ajudado as pessoas, cuidado de outras vidas”, Iraci Zambiazi, 68 anos, 37 deles dedicados à enfermagem Foto: Divulgação/TV GC

deixe seu comentário

leia também

leia também