Em recuperação judicial, empresa passará a ter 37 voos diários, em média, aponta levantamento do G1; em 2003, quando recebeu autorização para operar, eram 36 voos diários. Serão apenas cinco aviões --os demais foram devolvidos por falta de pagamento
Em recuperação judicial desde dezembro e obrigada a devolver
aviões por falta de pagamento, a Avianca Brasil passará a ter, a partir desta
segunda (29), quase o mesmo número de voos de quando havia começado a fazer
voos regulares.
Serão 37 voos em média a partir desta semana, contra 36 voos
diários em 2003, ano em que a companhia, ainda sob o nome de Ocean Air, recebeu
autorização para operar, aponta levantamento do G1 com base em dados da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac).
Procurada, a Avianca Brasil não se manifestou sobre a queda
no número de voos. “Até o momento, não temos qualquer informação nova,
além do comunicado enviado anteriormente e no qual a empresa já informava do
cancelamento pontual de determinados voos. Os dados atualizados desses voos
estão no site da Avianca”, informou, por meio da assessoria de imprensa.
De 2003 ao auge
Em 2003, com os 36 voos, em média, a empresa havia fechado o
ano com 0,35% de participação no mercado doméstico –ou 101.377 passageiros
pagos, o que a tornava apenas a 11ª companhia aérea brasileira, também de
acordo com dados da Anac;
Passados 15 anos, em 2018, a quantidade de voos diários
subiu para 241 –a Avianca já era a quarta maior companhia aérea brasileira,
com 12,39% do mercado, ou 11,6 milhões de passageiros pagos;
Até 7 de abril, a média era de 237 voos diários;
Desde 2013, a empresa se mantém na quarta maior do mercado
doméstico.
A crise em 2019
Reflexo do encolhimento, a empresa entrará nesta semana com
apenas cinco aviões em uso, segundo o banco UBS. A frota, que chegou a mais de
40 aviões em 2018, diminuiu gradualmente à medida em que os donos das aeronaves
(“lessores”) obtinham decisões na Justiça para retomá-las devido à
inadimplência. Não há previsão se haverá aumento de aviões;
A partir desta segunda, a empresa operará em apenas quatro
aeroportos: Brasília, Congonhas (SP), Salvador e Santos Dumont (Rio);
Salários dos tripulantes atrasaram. Em 24 de abril, a
Avianca Brasil pediu que funcionários interessados em deixar o emprego, sem
perda de direitos, se manifestassem;
Antes da crise, a empresa tinha 5.300 funcionários, dos
quais 617 pilotos e copilotos e 1,1 mil comissários. Parte desse contingente
está em licença não remunerada desde o início da crise. O número atual de
empregados não foi informado;
Mais de 800 voos foram cancelados entre esta segunda e
quinta (2). O cancelamento de voos começou em 13 de abril e tem se
intensificado desde então;
A Infraero e outros administradores passaram a exigir
pagamento antecipado de tarifas aeroportuárias, em razão da situação financeira
da empresa.
Recuperação judicial
No início de abril, os credores aprovaram o plano de
recuperação judicial da empresa. O leilão dos ativos da companhia deve ocorrer
em 7 de maio.
O plano prevê a divisão da companhia em sete Unidades
Produtivas Isoladas (UPIs) que serão levadas a leilão, marcado para o dia 7 de
maio. Tanto a Latam Brasil quanto a Gol concordaram em fazer uma oferta no
valor mínimo de US$ 70 milhões para pelo menos uma UPI e seus respectivos
ativos. A Azul chegou a fazer uma oferta de compra, mas, na quinta-feira (18),
anunciou ter desistido.
Nos últimos dias, a companhia aérea também tem enfrentado
uma série de problemas com operadores de aeroportos. A companhia está atrasando
o pagamento de taxas aeroportuárias, o que tem levado as empresas operadores a
ameaçar de suspensão de voos da companhia.
O juiz que homologou o plano de recuperação da Avianca não
aceitou o pedido da aérea para que a devolução dos aviões fosse feita
gradualmente, até julho. A companhia já atrasou pagamentos nos aeroportos de
Guarulhos, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza.
Voos cancelados
Milhares de voos foram cancelados desde 13 de abril; o
número tem se intensificado desde então.
A companhia aérea disse que tem entrado em contato com os
passageiros afetados para oferecer reembolso ou opções de reacomodação.
Também informou que, se as passagens foram compradas por
meio de agências ou sites de viagem, o passageiro deve entrar em contato
diretamente com as empresas.
Segundo a Anac, em caso de cancelamento ou de alteração do
voo por iniciativa da Avianca, o passageiro deve ter os seus direitos
respeitados, disponíveis para consulta no portal da Anac na internet.
Reclamações podem ser feitas pela plataforma
Consumidor.gov.br e, caso não sejam atendidas, o passageiro poderá recorrer aos
órgãos do Serviço Nacional de Defesa do Consumidor.
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