Padre Pedro voltou a criticar a ausência de uma política consolidada de saúde preventiva, e de investimentos do Estado na melhoria das condições de promoção da saúde da população
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT) destacou, nesta
quarta-feira (24), na tribuna da Assembleia Legislativa, a necessidade de
insistir na luta pela manutenção do percentual de 15% da receita do Estado
destinada à saúde. Nesta semana, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
declarou a inconstitucionalidade da Emenda que ampliou de 12% para 15% o
repasse.
Em 2018 o percentual chegou a 14% e mesmo nesse patamar as
demandas não foram atendidas. “Nós temos municípios que investem muito mais de
15%. Há casos de 30% de recursos próprios na saúde e, ainda assim, faltam
verbas. Quem perde com esta redução é o povo catarinense”, destacou o
parlamentar. Padre Pedro afirmou que se o Estado não tiver a ousadia de ampliar
e priorizar investimentos em determinados setores da saúde, a situação de
“completo caos e desastre” será ampliada.
Investimento em prevenção
Padre Pedro voltou a criticar a ausência de uma política
consolidada de saúde preventiva, e de investimentos do Estado na melhoria das
condições de promoção da saúde da população. “Da forma como estamos conduzindo
o modelo de saúde, vamos colocar 100% dos recursos do orçamento e não vamos
alcançar resultados. Ou o Poder Público chega antes das pessoas ficarem
doentes, ou vamos seguir financiando a doença e o sofrimento das pessoas”,
observou.
O deputado lembrou a Lei 17.706, de 22 de janeiro de 2019,
que regulamenta e impulsiona as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
(PICs), política defendida pelo próprio Ministério da Saúde e já colocada em
prática em diversos municípios catarinenses que oferecem à população, por
exemplo a fitoterapia, a medicina tradicional chinesa e a acupuntura. A
proposta foi apresentada pelo parlamentar, aprovada em 2018 e sancionada em
janeiro de 2019. Na avaliação de Padre Pedro, a adoção deste tipo de medida,
junto de um incentivo à alimentação saudável e a práticas que minimizem as
chances da ocorrência de doenças crônicas, têm influência direta para a redução
da demanda por média e alta complexidade no sistema de saúde.
“É claro que é
fundamental ampliar as condições para atendimento de média e alta complexidade,
mas se conseguirmos reduzir a ocorrência destes males, além da qualidade de
vida da população, vamos melhorar o atendimento”, observou.
Estudo americano confirma tese de Padre Pedro
Pesquisadores dos Estados Unidos publicaram na revista
científica PLOS Medicine, no final de março deste ano, estudo em que
identificam estratégias de bom custo-benefício capazes de melhorar a saúde dos
americanos. O trabalho simulou os resultados caso o sistema de saúde dos EUA
cobrisse 30% dos custos da população com alimentos saudáveis.
Para isso, os cientistas consideraram o número atual de
pessoas com idades entre 35 e 80 anos que estão inscritas no Medicare e/ou no
Medicaid, os dois principais programas federais de saúde do país.
No estudo, foram criados dois cenários: no primeiro, o
benefício subsidiava 30% do gasto das pessoas com frutas e verduras. No outro,
essa porcentagem também incluía cereais integrais, óleos vegetais e oleaginosas
(nozes e castanhas).
Os resultados apontam que ambas as situações seriam
positivas. Considerando o número atual de beneficiários, o primeiro plano (que
cobria só frutas e verduras) evitaria, ao longo de 18 anos, 1,93 milhão de
casos de doença cardiovascular e 350 mil mortes. Já o segundo, que incluía mais
alimentos fontes de fibras e gorduras boas, seria capaz de prevenir 3,28
milhões de episódios de infarto e derrame, além de 120 mil diagnósticos de
diabetes e 620 mil mortes em quase duas décadas.
No quesito econômico, ambos os modelos reduziriam a
utilização dos serviços de saúde. A economia anual para o governo seria de US$
40 bilhões no primeiro caso, e de US$ 100 bilhões no segundo. Isso tudo
alcançado apenas com prescrição alimentar; sem medicamentos, tratamentos
dispendiosos ou exames de alto custo.
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