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Em vídeo, desembargador de SC usa linguagem de baixo calão em referência a juízas

Filmagem foi feita com cantor Leonardo. Por nota, desembargador afirma que não teve intenção de ofender e que colocações dele foram infelizes e reforçam cultura machista.

Última atualização: 2019/03/27 2:50:41


Um desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) divulgou nesta terça-feira (26) uma nota oficial de desculpas. Ela se refere a um vídeo em que o magistrado usa linguagem de baixo calão ao falar com juízas. O desembargador Jaime Machado Júnior aparece ao lado do cantor Leonardo e o apresenta a elas. O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público e a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas manifestaram repúdio às declarações do desembargador.

No vídeo, o desembargador cita o nome das juízas e apresenta o cantor. Em seguida, Leonardo fala e manda cumprimentos às magistradas. Ele é cortado pelo desembargador, que diz que “Nós vamos aí comer vocês” e o cantor ri. O juiz continua: “Ele segura e eu como”, apontando para o artista.

Na nota divulgada pelo desembargador, ele diz que reconhece que as colocações “foram inadequadas, infelizes e que, de fato, acabam por reforçar uma cultura machista que ainda é latente em nossa sociedade”. Também diz que assume e aprende com seus erros e que espera que o episódio “sirva de lição não só para mim, mas para todos os homens que tratam um assunto muito sério como se fosse brincadeira”.

O TJSC também divulgou nota sobre o assunto. O tribunal disse que teve conhecimento do vídeo pela imprensa e que: “De pronto solicitou ao magistrado informações sobre o ocorrido e, a partir dos esclarecimentos, definirá quais as providências a serem adotadas”.

O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público e a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas, manifestaram repúdio e solicitou apuração dos fatos e tomada de providências pelas instâncias competentes. ” É inadmissível o comportamento sexista adotado pelo desembargador”, informou por meio de nota.

Leia abaixo a íntegra das notas:

Desembargador Jaime Machado Júnior:

Na tarde de hoje, fui surpreendido com a veiculação de um vídeo em que apareço ao lado do cantor Leonardo, em um encontro entre amigos, no qual faço comentários dirigidos a algumas colegas magistradas, com as quais possuo laços de amizade já de muitos anos. Inicialmente, quero esclarecer que em nenhum momento tive a intenção de ofender, menosprezar e mesmo agredir as minhas colegas, nem as mulheres em geral.

Reconheço que as colocações foram inadequadas, infelizes e que, de fato, acabam por reforçar uma cultura machista que ainda é latente em nossa sociedade. Assumo os meus erros e com eles procuro aprender. Espero que este episódio sirva de lição não só para mim, mas para todos os homens que tratam um assunto muito sério como se fosse brincadeira.

Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público e Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas

O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público, que congrega em torno de 500 promotoras e procuradoras de todo o país e a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas, filiada à Fédération Internationale des Femmes des Carrières Juridiques, e com quase 3.000 associadas no Brasil, manifestam repúdio às declarações do desembargador Jaime Machado Júnior em vídeo que circula nas redes sociais, no qual o referido, vinculado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, dirige ofensas a magistradas.

Num país em que uma mulher é estuprada a cada 10 minutos, é inadmissível o comportamento sexista adotado pelo desembargador, que, ainda que em tom jocoso, expõe as magistradas destinatárias da mensagem como objetos sexuais e banaliza a conduta de violência sexual, atingindo todas as mulheres, reforçando uma cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em violar os direitos mais basilares da população feminina diariamente.

O Movimento e a ABMCJ, que têm por objetivos, dentre outros, promover a igualdade de gênero e a valorização de mulheres de carreiras jurídicas, permanecerão atentos a condutas dessa natureza, exigindo apuração dos fatos e tomada de providências pelas instâncias competentes.

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