Home Energia elétrica paga pela indústria brasileira está entre as mais caras do mundo

Energia elétrica paga pela indústria brasileira está entre as mais caras do mundo

Estudo da FIESC mostra que a tarifa média do Brasil é 127,3% superior a dos Estados Unidos e 94,9% superior à do Canadá. O trabalho esclarece que a situação não se deve ao serviço de distribuição, mas, principalmente, a encargos e outros componentes imputados ao setor elétrico

Última atualização: 2018/09/06 10:01:08


A tarifa média de energia elétrica paga pela indústria brasileira é 127,3% superior à paga pelo setor nos Estados Unidos, 94,9% maior que a do Canadá e 9% acima da Alemanha, mostra estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), apresentado nesta terça-feira (4), durante reunião da Câmara de Assuntos de Energia da entidade, que foi transmitida por videoconferência para Chapecó. Encargos e outros componentes imputados ao setor elétrico contribuem significativamente para o custo elevado da tarifa brasileira. A tarifa média industrial do Brasil acumula uma variação de 85,8% no período 2008 a 2017, patamar acima da inflação registrada pelo índice IPCA-IBGE, que foi de 71,5%. No encontro, o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, entregou o estudo para o presidente da Celesc, Cleverson Siewert.

Um dos encargos que mais pesa na tarifa é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que financia projetos como o de universalização dos serviços de energia elétrica e subvenção aos consumidores de baixa renda, programas como o Luz para Todos e o pagamento de indenizações a empresas e compra de parte do combustível usado pelas termoelétricas. Os estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste pagam 4,5 vezes mais CDE que as regiões Norte e Nordeste. O trabalho comparou o custo da chamada CDE de USO (que paga subsídios como a geração incentivada) estabelecida para a Celesc para o ciclo tarifário 2018, calculado em R$ 882,3 milhões por ano, com a distribuidora Coelba, da Bahia, estabelecido em R$ 168,1 milhões por ano.

 Segundo o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, é uma diferença de R$ 714,2 milhões por ano que reflete uma discrepância regional de 424,9% no componente da tarifa. “Não há uma justificativa técnica para manutenção desse subsídio. Os consumidores não podem ser discriminados por região, pois o sistema elétrico nacional é interligado. Há espaço para nossos representantes no Congresso Nacional atuarem na legislação do setor elétrico para reduzir os encargos e demais componentes. Só assim alcançaremos a modicidade tarifária”, avalia.

O trabalho destaca ainda que além da CDE, há outros componentes tarifários que impactam nos custos do setor elétrico e são repassados aos consumidores. Entre eles estão: as cotas e encargos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa); Encargos Serviços de Sistema (ESS) e Energia de Reserva (EER); cotas da lei 12.783/2013, que definiu os critérios e condições para a prorrogação das concessões de geração hidrelétrica (as novas tarifas para 2018 registraram variação de 63,6%); cotas de energia de Angra I e Angra II, que são rateadas entre todas as distribuidoras que integram o Sistema Interligado Nacional e que em 2018 tiveram alta de 7,4%, além das cotas de energia de Itaipu, que aumentaram 22,3% neste ano puxadas pela alta do dólar.

A Celesc Distribuição ocupa a 10ª posição no ranking de tarifas médias para a indústria dentre as 40 principais distribuidoras selecionadas para o estudo com base em dados de 2017. O preço final da energia elétrica industrial da concessionária catarinense com impostos cobrados no ambiente de contratação regulado (ACR) corresponde à R$ 596,63/MWh, valor 9,9% superior à tarifa média brasileira de R$ 543,12/MWh. Os impostos referentes à PIS/COFINS/ICMS computados na tarifa industrial da Celesc em 2017 correspondem a 42,3%, patamar superior ao percentual de impostos embutidos na tarifa média industrial nacional que corresponde a 36,8%.

Na maioria dos países avaliados pelo estudo, a carga de impostos sobre a energia elétrica para consumo industrial é muito baixa ou nula, como na Hungria (10%), Polônia (7%), Espanha (5%), Estados Unidos (5%), Turquia (4%), Reino Unido (4%), Japão (2%), Nova Zelândia (0%), Irlanda (0%) e Noruega (0%).

O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, afirmou que o mercado de energia é complexo e dinâmico, com muitos desafios. “A revisão tarifária acontece anualmente visando o equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão como qualquer outro tipo de contrato que tem seus custos reavaliados”, explicou, lembrando que o reajuste é definido pela Aneel com base em uma série de indicadores de custo das distribuidoras. Ele salientou ainda que a parcela A, que engloba os custos não gerenciados pela distribuidora, representou 97% do reajuste. “Ou seja, eu simplesmente arrecado e repasso para as empresas que compõem o sistema. E aqui estou falando de geração, transmissão, impostos e encargos. Eu não gerencio isso”, disse. A Celesc apresenta um dos menores custos unitários (R$/MWh) na Parcela B e também o menor índice de perdas não técnicas entre as distribuidoras brasileiras, fatos que contribuem para o crescimento de seus custos abaixo da inflação.


deixe seu comentário

leia também

leia também