Os preços do leite ao produtor em junho (referentes à captação de maio) registraram a quinta alta consecutiva em 2018, impulsionados pela menor oferta, segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O valor líquido subiu 3,3% frente ao mês anterior, chegando a R$ 1,296/litro na “Média Brasil” (inclui BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS). Considerando-se o acumulado deste primeiro semestre, a alta é de 28%.
Os pesquisadores do Cepea observam que o aumento dos preços em junho foi inferior aos registrados nos meses anteriores. Em abril e maio, por exemplo, a valorização do leite superou os 7%. Isso ocorreu porque, em maio, quando ocorreu a captação do leite no campo, agentes da indústria relatavam dificuldades em fazer o repasse da valorização da matéria-prima aos derivados, alegando demanda enfraquecida.
Com negociações truncadas, a necessidade de realizar promoções freou a valorização do leite spot e também dos derivados, em especial do UHT, fator que limitou a elevação dos preços ao produtor em junho.
Os pesquisadores salientam que a oferta limitada tem pesado mais que a demanda no processo de formação de preços no campo, ditando a dinâmica do mercado lácteo neste ano. O setor sofre com as consequências dos baixos preços praticados no segundo semestre de 2017, que desestimulou produtores a investirem na atividade. Além disso, com o avanço da entressafra e o aumento dos preços dos grãos entre abril e maio deste ano, a produção foi prejudicada, elevando a competição entre indústrias para assegurar o fornecimento de matéria-prima.
A GREVE DOS CAMINHONEIROS CONTRIBUIU AGRAVOU O CENÁRIO DO LEITE
Eles também destacam que a greve dos caminhoneiros no final de maio e a consequente interrupção do transporte de leite aos laticínios agravou ainda mais esse cenário. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) recuou expressivos 14,4% de abril para maio, acumulando queda de 24,1% no ano.
Paraná e Minas Gerais foram os estados com maior redução do volume captado, em 20,6% e em 15,1%. O resultado, atípico, esteve atrelado ao grande volume descartado de leite ainda nas propriedades.
Segundo os pesquisadores, em junho os laticínios e canais de distribuição enfrentaram a situação conjunta de esvaziamento de estoques. Como consequência, os preços dos derivados se elevaram consideravelmente. O longa-vida, termômetro para o setor, se valorizou quase 30% na primeira quinzena de junho.
Na segunda metade do mês, a valorização foi menos intensa, de 5,8%. Para julho, por sua vez, a competição das empresas em junho para compra do leite com o objetivo de recompor estoques deve sustentar a alta dos preços ao produtor. A alta no próximo mês, inclusive, pode superar a verificada em junho.
PLANO SAFRA 2018/19 TERÁ MAIS RECURSOS, COM JUROS MENORES
O governo brasileiro vai oferecer um total de 194,37 bilhões de reais para o Plano Safra 2018/19, superando em cerca de 2 por cento os 190,25 bilhões do ciclo anterior, enquanto as principais taxas de juros serão reduzidas em 1,5 ponto percentual.
Conforme o Ministério da Agricultura, serão 191,1 bilhões de reais para custeio e investimentos, 2,6 bilhões para o apoio à comercialização (Aquisição do Governo Federal, contratos de opções, PEP e Pepro) e 600 milhões para subvenção ao seguro rural.
Os juros de custeio foram reduzidos para 6 por cento ao ano para os médios produtores (com renda bruta anual de até 2 milhões de reais) e para 7 por cento ao ano para os demais. Já as taxas para os financiamentos de investimento ficaram entre 5,25 por cento e 7,5 por cento ao ano no Plano Safra 2017/18, as taxas variam de 6,5 a 8,5 por cento ao ano.
Parte dos recursos captados em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) será destinada ao financiamento complementar de custeio e de comercialização, com juros de até 8,5 por cento ao ano, segundo o ministério.
ALGUNS SETORES BENEFICIADOS
Dentro do Plano Safra, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) está destinando 4,9 bilhões de reais para financiamentos de custeio e de comercialização neste setor.
A pecuária também foi beneficiada. De acordo com o ministério, o apoio contempla prazo de até dois anos no crédito de custeio para a retenção de matrizes bovinas de leite, suínas, caprinas e ovinas. Também foi aprovada linha de financiamento de até 50 milhões de reais para capital de giro a cooperativas de leite, com juros de 7 por cento ao ano e 12 meses de prazo para pagamento.
Além disso, os pecuaristas também poderão contar com empréstimos para aquisição de animais para reprodução ou criação, a juros controlados de 7 por cento ao ano e limite de 450 mil reais por beneficiário no ano agrícola.
Em paralelo, há apoio para o financiamento de construção de armazéns com capacidade de até 6 mil toneladas nas propriedades dos pequenos e médios produtores rurais e à recuperação de reserva legal e de áreas de preservação permanente no âmbito do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono). Para essas finalidades, o governo concede taxas de juros favorecidas de 5,25% ao ano.
AGRICULTURA FAMILIAR TERÁ RECURSOS PARA CUSTEIO E INVESTIMENTO
O governo federal anuncia R$ 31 bilhões em recursos para a agricultura familiar na safra 2018/2019, que iniciou no domingo, 1º de julho. O anúncio atualiza o Plano Plurianual 2017/2010 da Agricultura Familiar. Segundo informações da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), os recursos superam em R$ 1 bilhão os R$ 30 bilhões do atual período.
Os juros, que variavam entre 0,5% e 5,5% ao ano, terão o teto reduzido para 4,6% ao ano no próximo período. O limite máximo para os financiamentos passa de R$ 360 mil para R$ 415 mil dentro do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) e para o enquadramento no microcrédito, de agricultores de baixa renda, passa de R$ 20 mil para R$ 23 mil.
Para o novo ano agrícola, o governo decidiu inserir a piscicultura integrada nos financiamentos de custeio, com juros de 7% ao ano. Cada beneficiário poderá pegar até R$ 200 mil por atividade. Para cooperativas, o limite aumenta para R$ 500 mil.
Em resumo o valor total do plano é de R$ 194,37 bilhões, que podem ser acessados pelos produtores entre 1º de julho deste ano e 30 de junho de 2019. De acordo com o governo, cerca de R$ 151,1 bilhões vão para o crédito de custeio, sendo R$ 118,8 bilhões com juros controlados e R$ 32,3 bilhões com juros livres. O crédito para investimentos ficou em R$ 40 bilhões.
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