Especialista acredita que é essencial que os professores levem exemplos de fake news para as aulas e as contextualizem com a realidade atual
Com as fontes de informação cada vez mais descentralizadas e o boom das redes sociais, a velocidade para que uma notícia atravesse o mundo é infinitamente menor do que 15 anos atrás. O problema é que nem sempre essas notícias são verdadeiras e em questão de segundos, boatos viram verdades universais. Isso faz essa prática de fake news, que não é nova, ganhar novamente os holofotes e gerar diversas discussões sobre realidade e mentira.
Desde as últimas eleições presidenciais norte-americanas, a discussão sobre o combate às fake news tem se acentuado em diversas áreas da sociedade. E a educação é essencial nesse processo. Segundo Juliano Costa, Head de Educação da Pearson, uma das maiores empresas de educação do mundo, são necessários três princípios básicos para o processo de desmentir as fake news: informação, atitude e pensamento crítico. “A escola já trabalha com a premissa de oferecer ao estudante as informações básicas sobre os conceitos científicos de cada tema. Por exemplo, quando se fala que a Terra é redonda, o professor apresenta fatos, fundamentos, fotos e estudos que comprovem o que está sendo ensinado ali”, revela o especialista.
Assim, quando o aluno lê algo na internet ou redes sociais que diz que a Terra não é redonda, parte-se do pressuposto de que ele já tem um conhecimento prévio para questionar a veracidade dessas notícias. “Em geral, os jovens, principalmente no ensino médio, estão na fase da heteronomia, ou seja, aquela fase da vida em que o sujeito tem por hábito se posicionar contra o que é comumente estabelecido. Por isso, as instituições devem trabalhar o ato de tomar uma atitude e questionar dentro da sala de aula, para que isso possa ser aplicado também em outros ambientes posteriormente, inclusive o virtual, onde temos visto a maior incidência de fake news” explica Costa.
Para o especialista, é essencial que os professores tragam exemplos de fake news para as aulas e as contextualizem com a realidade atual. “Aí entram as questões da atitude e do pensamento crítico. Ainda trabalhando com o case de a Terra não ser redonda, cabe aos educadores trazerem para as classes experiências que comprovem a teoria gravitacional de Isaac Newton, por exemplo. Assim como apontar a linha do Equador, que divide o planeta em seus hemisférios; falar dos polos e de suas calotas e etc”, afirma.
Incentivar o debate e o desenvolvimento do pensamento crítico – aquele que trabalha a capacidade de fazer um julgamento com propósito e de maneira reflexiva – é essencial para preparar e proteger essa geração de jovens das falsas notícias que circulam os ambientes on e off-line. “Crianças e adolescentes não só podem, como devem ser incentivados a tomarem posição frente às situações em que têm capacidade de discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso”, conta.
Fornecer ao estudante não só as informações, mas o caminho para formar uma linha de raciocínio com procedimentos que provem que aquela informação não é verdadeira, serve de incentivo para que se posicionem frente às fake news. “É papel da educação fazer com que desde a infância, os seres humanos adquiram informações para questionar boatos provenientes de fontes sem credibilidade e conseguir construir uma linha argumentativa para agir diretamente no combate à disseminação dessas notícias”, finaliza o especialista.
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