“Hoje o produtor vai buscar informações, quer participar dos cursos e deseja evoluir”
Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Miguel do Oeste, Adair José Teixeira fala sobre as facilidades que a tecnologia proporcionou para quem vive no campo. No entanto, faz um alerta sobre a nec essidade de as famílias investirem apenas no que é realmente necessário para a garantia da qualidade de vida
Última atualização: 2017/07/21 2:05:02
São Miguel do OesteAdair José Teixeira, Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Miguel do Oeste Máquinas modernas, facilitadoras da mão de obra no campo, produção com acompanhamento técnico incentivada com a formação em diferentes cursos voltados aos agricultores fazem parte do novo momento vivenciado pelos produtores da região do Extremo-oeste Catarinense. Para quem antes produzia sem muita estrutura, na atualidade tem a oportunidade de exercer um trabalho menos braçal e com qualidade de vida. Esses elementos fazem parte do discurso do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Miguel do Oeste, Adair José Teixeira. Segundo ele, antigamente o produtor não imaginava produzir para além de 70 sacas de milho por hectare, ou 20 de soja. Hoje é possível produzir 170 sacas de milho nessa proporção de terra e 60 sacas de soja. Mas tudo isso vem acompanhado do desenvolvimento das novas tecnologias e das inovações pelas quais o próprio sindicato passou no decorrer dos anos. “Hoje o produtor vai buscar informações, quer participar dos cursos e deseja evoluir”, disse ele. Teixeira salientou que a comunicação desenvolvida com os avanços na área da tecnologia aproximou mais os produtores de técnicas que são utilizadas para aumentar a produção e produzir melhor. Para ele, as tecnologias especialmente na área da informação trazem maior conforto para as famílias. “Hoje não podemos admitir uma propriedade sem internet, sem telefone, é algo tão necessário”, disse. A tecnologia que sobraAo mesmo tempo em que as novas tecnologias trazem maior conforto, facilidades para as famílias do campo, também geram grandes investimentos muitas vezes desnecessários segundo Teixeira, para a realidade da região. “De um lado ela veio para contribuir muito, no entanto, os produtores da nossa região acabam ficando muito endividados com os bancos, porque nem sempre é necessário comprar uma máquina nova, as vezes o que ele já tem lá na propriedade dele é o melhor para a realidade que ele e a família possuem”, explicou.Os investimentos com inovação segundo Teixeira, podem ser de R$ 100 mil até R$ 1 milhão de reais em uma única máquina, que nem sempre é necessária. “Essa é uma preocupação que temos. Tem muita tecnologia que fica sobrando no campo, que não é utilizada. O produtor compra uma máquina hoje e amanhã ela não serve mais, já veio outra mais potente. Então precisamos ficar atentos a isso, usar apenas a tecnologia que pode ser útil à nossa realidade e não apenas produzir para pagar as máquinas sem ter um retorno disso tudo”, contextualizou. Conforme Teixeira, hoje muitas empresas tentam iludir os produtores para que esses comprem seus lançamentos. “Não podemos colocar o nosso patrimônio em risco. Temos que saber utilizar a tecnologia, ter os pés no chão. Os juros estão elevados então se não soubermos conduzir isso ficamos à mercê dessa tecnologia e muitos produtores acabam sendo excluídos desse novo sistema de produção”, disse ele. Produzir menos e melhor Teixeira ainda comenta sobre a necessidade de os produtores garantirem a qualidade de vida produzindo menos e melhor. Segundo ele, é necessário acompanhar as tecnologias mas buscar focar na sua área de produção e investir o necessário. “A produção em grande escala não traz qualidade de vida, essa produção elevada teria que ser feita no Norte do país, no Mato Grosso, no Paraná, e não aqui na nossa região. Se nós produzirmos com menor custo, mais ganho vamos ter. Uma plantação bem-feita, caprichada, traz resultados maiores e por consequência, as facilidades e a qualidade de vida. Mas o plantar por plantar não traz nada de positivo”, disse. O Presidente do Sindicato dos Produtores falou ainda que o sindicato acredita na formação dos produtores para que possam ter qualidade de vida sem iludirem-se com o que o mercado divulga. “Temos vários cursos voltados para a pequena propriedade. A gente quer cada vez mais que nossos pequenos produtores participem dos cursos, se qualifiquem e permaneçam na propriedade deles”, enfatizou. Teixeira falou que no ano de 2016, o sindicato realizou 197 cursos aos associados, sendo 172 na área da Formação Profissional Rural e 25 na Promoção Social. “Hoje temos assistência técnica gerencial com duração de dois anos, com ensino gratuito onde o instrutor fica com o produtor meio dia por mês fazendo o levantamento, verificando o que pode gerar lucro ou prejuízo. Além disso, trabalhamos as práticas de manipulação de alimentos, na área da confeitaria que hoje é uma complementação de renda na propriedade. Também cursos na área dos derivados de leite, até então as propriedades tinham abandonado. Isso tudo para contribuir na formação dos nossos produtores”, disse. Agrotóxicos Para Teixeira, o uso dos agrotóxicos poderia ser reduzido para garantir maior qualidade de vida no campo. Segundo ele, hoje os produtores têm acesso a produtos que chegam de outros países e acabam fazendo o uso indevido. “Algumas pessoas até falam, sobre o que é melhor: Passar fome ou comer transgênico? Bem, penso que precisamos ter o uso orientado desses produtos”, defendeu. O Presidente do Sindicato falou que na região nos últimos anos, ocorreu um aumento significativo de doenças como a depressão e câncer, por conta dos agrotóxicos. “Nossos rios estão contaminados, a água que bebemos, os alimentos. Por isso nos preocupamos e hoje trabalhamos com um curso na área da segurança no trabalho, para que o produtor saiba utilizar esses produtos, saiba se proteger”, finalizou.Política nacional Teixeira encerrou a entrevista enfatizando a necessidade de uma transformação na conjuntura nacional. Na opinião dele, o que os produtores esperam hoje são investimentos para o crescimento econômico da região, atenção para a formação e recursos para aplicação nessas áreas. “Seria muito bom que o congresso nacional, que os senadores, deputados, etc, usassem toda inteligência deles para aplicar no setor produtivo da região e não para tirar vantagens e enriquecer. O Brasil está no fundo do posso e penso que vai demorar para sair se continuar assim”, finalizou.
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