Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) retomou a discussão sobre o campesinato depois deste ter sido considerado um ‘óleo queimado da história’. Esse tema envolve inúmeras pesquisas feitas pelo movimento que, segundo Charles Reginatto, da coordenação do MPA, defende um novo modelo de produção, sem o uso de agrotóxicos e garantindo a qualidade de vida para as famílias camponesas
Charles Reginatto Foto: Claudia WeimanO Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) junto com a OesteBio em São Miguel do Oeste, tem há bastante tempo discutido sobre um novo projeto para o campo. Conforme um dos representantes do movimento, Charles Reginatto, a garantia da qualidade de vida dos camponeses e camponesas não se dá apenas na perspectiva do trabalho na roça, mas também, na qualidade da saúde, educação, estradas revitalizadas, acesso aos meios de comunicação, alimentação saudável, entre outros. Para Reginatto, o movimento não parte do princípio de discussão que faz o comparativo sobre se é melhor viver na cidade ou no campo, mas sim, de que as pessoas têm o direito de ter dignidade aonde elas vivem, em qualquer espaço. “Nós entendemos que o campo possui maior qualidade de vida, no entanto, sabemos que falta muita coisa para se ter qualidade de vida no campo”, disse ele. Um dos principais motivos que levam a juventude a deixar o campo hoje, conforme Reginatto, é a falta de acesso a essas tecnologias. Segundo ele, muito se avançou nesse aspecto, porém, existem lugares onde esse assunto ainda é uma forte demanda. O representante do movimento falou ainda sobre o debate que a organização tem feito desde 2003, referente ao plano camponês, que tem a ver com uma alimentação saudável, com a soberania alimentar, o desenvolvimento de um novo modelo tecnológico sem o uso de agrotóxicos. Muitos foram os estudos feitos para subsidiar essa discussão, disse ele. “Em 2003 começamos a fazer um debate junto aos clássicos do campesinato, com historiadores nacionais e internacionais. Produzimos 11 livros, reunimos mais de 120 intelectuais das universidades federais, institutos de pesquisa nacionais e internacionais aonde estudamos desde o papel da juventude, da mulher no campesinato, a importância do campesinato na formação social dos povos, das comunidades tradicionais. Começamos a partir de 2010, 2011, a desenvolver programas baseados nesse estudo. Nesse sentido, resgatamos a discussão sobre o campesinato que até então estava sendo visto como um óleo queimado da história e agora, esse debate está de volta, até porque o campesinato teve e tem sua importância na história do Brasil, os camponeses/as estão envolvidos nas principais lutas”, explicou.
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