O autor da chacina foi condenado em juri que encerrou na noite desta quinta-feira, dia 10, em Pinhalzinho, no Oeste de SC
ND+ e Rede Peperi
Última atualização: 2023/08/10 10:24:38Após dois dias de julgamento, o acusado pela chacina na creche Pró-Infância Aquarela, em Saudades, foi condenado a 329 anos e 4 meses de prisão em regime inicialmente fechado. A decisão dos sete jurados foi lida na sentença.
A sentença foi lida pelo juiz que presidiu a sessão do julgamento, Caio Lemgruber Taborda, por volta das 20h30 desta quinta-feira, 10, no Fórum da Comarca de Pinhalzinho. Conforme a sentença, as famílias das vítimas deverão ser indenizadas.
O computador que o jovem usou para pesquisar sobre crimes e as armas utilizadas no dia da chacina serão destruídas. Durante a leitura da sentença, o autor do crime não esboçou nenhum tipo de reação. “Ao menos um pedaço de uma página foi virado hoje”, disse o juiz.
O homem foi condenado pela morte de três bebês com menos de dois anos e duas professoras, além de 14 tentativas de homicídio. O rapaz, na época com 18 anos, invadiu a creche na manhã do dia 4 de maio de 2021, e com uma adaga – espécie de espada – golpeou e matou as vítimas. A chacina chocou a pacata cidade de Saudades.
O segundo dia do júri foi destinado aos debates da acusação e defesa. Com a voz embargada, o assistente de acusação, advogado Luiz Geraldo Gomes dos Santos, falou que em 28 anos de profissão, e mais de 150 júris, esse era um dos mais difíceis. “Vou fazer o mais difícil da minha carreira profissional”, afirmou.
O assistente de acusação também apresentou vídeos das vítimas da chacina, momento em que o tribunal foi tomado por comoção e muitos choraram, inclusive os jurados.
O promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, Bruno Porschke Vieira, que apresentou a tese da acusação durante a manhã, retomou o uso da palavra durante a réplica para reforçar a tese do Ministério Público pela condenação do acusado.
O anseio por justiça das famílias e da comunidade de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, foi cumprido na noite desta quinta-feira (10) após a condenação do autor da chacina na creche Pró-Infância Aquarela, em maio de 2021.
Foram mais de dois anos de espera pelo julgamento que aconteceu nesta quarta e quinta-feira (09 e 10) em Pinhalzinho. A sentença foi lida pelo juiz da Comarca Única de Pinhalzinho, Caio Lemgruber Taborda.
O jovem, na época com 18 anos, invadiu a creche às 9h50 de 4 de maio de 2021, com a intenção de matar o maior número de pessoas. Armado com uma adaga, o jovem, até então sem histórico criminal, dirigiu-se até o local e atacou bebês, professoras e demais funcionárias da creche que atende alunos de 6 meses a 2 anos.
Três crianças, uma professora e uma funcionária morreram no massacre. O caso teve repercussão internacional. A Polícia Civil revelou, na época da chacina, que o autor dirigiu-se de bicicleta à creche. Ao entrar no local, começou por atacar uma professora de 30 anos que, embora ferida, correu para uma sala onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.
Ele atacou então as crianças que estavam na sala e a funcionária. Duas meninas de menos de dois anos e a professora que sofreu o ataque inicial morreram no local. Outra criança e a funcionária morreram depois no hospital.
O autor foi preso no local e levado em estado grave a um hospital da cidade vizinha de Pinhalzinho, após tentar cometer suicídio desferindo golpes da espada contra si.
O delegado Jerônimo Marçal Ferreira, responsável pelo caso, informou que o autor confessou o crime. Ferreira ainda disse que a professora e a agente de educação foram heroínas ao impedir que o jovem fosse para outras salas, conseguindo com êxito, mesmo que feridas, evitar o pior.
“Ele tentou entrar em todas as salas e não conseguiu. Aquelas mulheres conseguiram evitar que um mal maior acontecesse, foram muito valentes”, disse o delegado na época da chacina.
A secretária de Educação, Gisela Hermann, foi até a escola assim que recebeu a informação sobre o crime e descreveu o que viu. “Uma cena de terror. Consegui entrar na escola. Tinha um cara deitado no chão, mas ainda vivo, uma professora morta, uma criança morta também. A sala estava fechada, não deixaram a gente entrar”, contou.
Uma das vizinhas da escola, resgatou uma das crianças, um menino. Ao ouvir a confusão, ela entrou na escola enquanto o agressor ainda estava no local, retirou a criança, entrou em um carro e a levou para o hospital. “Nunca esquecerei o olhar dessa criança para mim, como uma forma de pedir socorro”, disse. O bebê, que tinha 1 ano e 8 meses, precisou passar por uma cirurgia, mas teve alta poucos dias depois.
A polícia também apreendeu aparelhos eletrônicos e dispositivos pertencentes ao jovem. Ele recebeu alta no dia 12 de maio e foi levado direto para a prisão, já com o uniforme penitenciário de cor laranja e algemas.
No dia 14 de maio, os delegados realizaram uma coletiva de imprensa após o fim do inquérito, detalhando, entre outras coisas, que o autor da chacina teria escolhido a creche pela fragilidade das vítimas, que tinha plena consciência do que fez e que foi um crime premeditado durante 10 meses.
O delegado Ferreira também disse que ele tinha dificuldades de relacionamento em um nível muito acima do normal.
“Nos últimos tempos, ele cada vez mais foi se isolando no mundo” e que o jovem “tinha acesso a muito conteúdo inapropriado e contato com pessoas que pensavam como ele. Começou a alimentar esse ódio a ponto de querer descarregar em alguém. Não era alguém específico, era um ódio generalizado”.
Os relatórios dos dados e das informações encontradas nos aparelhos eletrônicos do autor demonstram que, durante o período em que planejou o ataque, ele participou de fóruns de discussão na internet sobre crimes violentos e pesquisou serial killers.
No dia 21 de maio, o Ministério Público de Santa Catarina denunciou o rapaz por cinco homicídios qualificados. Ele responde por 14 tentativas de homicídio, contra outros funcionários e crianças que estavam na creche no dia do ataque.
A defesa do acusado pediu exame de insanidade mental, mas a Justiça negou três pedidos nos dias 25 de maio, 23 de junho e 7 de julho de 2021.
No dia 5 de agosto, durante uma audiência online, o juiz decidiu ouvir o jovem presencialmente. No dia 24 do mesmo mês, durante a oitiva do acusado, o advogado de defesa apresentou um laudo particular e o juiz deferiu o pedido para a realização do exame de insanidade mental, o qual foi realizado pela Polícia Científica de Blumenau.
O laudo foi concluído no dia 19 de outubro de 2021 e o juiz solicitou mais detalhes ao perito. A partir disso, o juiz decidiu no dia 2 de fevereiro de 2022 que a questão da insanidade mental será definida no júri.
No dia 7 de fevereiro a defesa questionou em primeira instância a decisão e pediu um novo exame de insanidade mental. O pedido foi negado. Em 1º de maio a defesa entrou com novo recurso pedindo um novo laudo, a Justiça negou a solicitação no dia 28 de junho.
No dia 11 de outubro, o juiz decidiu que o caso iria para juro popular no dia 9 de agosto.
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