Eduardo Leite afirma que concurso ficou 'completamente inviabilizado para a população gaúcha'.
Fonte: O Globo
Última atualização: 2024/05/02 8:48:22Em função da situação de calamidade no estado, que já resultou em 10 mortes, o governo do Rio Grande do Sul pedirá o adiamento do Enem dos Concursos, que será realizado em todo o país neste domingo, dia 05. O governador, Eduardo Leite, afirmou que não há condições para realização da prova.
“Vamos recomendar ao governo federal (pedido para adiamento). Esse concurso ficou completamente inviabilizado para a população gaúcha nesse final de semana. Vamos pedir alguma solução, não sei avaliar qual. Mas tenho confiança que terá uma solução”, disse o governador.
Ao fazer um balanço das chuvas que mataram ao menos 10 pessoas no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que a tragédia “será o maior desastre que nosso estado já tenha enfrentado”. Em entrevista coletiva no final da tarde desta quarta-feira, dia 1, o governador explicou que o agravante em relação às tempestades do ano passado é que, dessa vez, a chuva afeta uma região maior e não deu trégua para o trabalho de resgates. Leite ainda classificou o cenário como uma situação de “guerra”, e por isso pediu ajuda das Forças Armadas.
“Estamos atravessando o que deverá ser o maior desastre do nosso estado. É um momento muito crítico, absolutamente fora do normal”, afirmou Leite, que lamentou as 10 mortes já registradas, mas admitiu que “infelizmente esse número tende a aumentar muito”.
“Ano passado tivemos enxurrada, mas em seguida o tempo nos deu condição de entrar em campo e salvar centenas de vidas. Já nesse momento estamos tendo muitas dificuldades para colocar equipes em campo”, diz o governador.
Eduardo Leite explicou que há 65 pedidos de resgate já mapeados e georreferenciados, mas em muitos casos há dificuldades de acesso por terra devido às estradas bloqueadas e rios transbordando, além da chuva permanente que inviabiliza muitos voos. Os helicópteros prometidos pelas Forças Armadas estão com dificuldade de chegar, afirmou o governador, e inclusive dois tiveram que parar em Santa Catarina.
Leite afirma que falou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que ele deve visitar o Rio Grande do Sul nesta quinta-feira, dia 02. Além disso, as aulas foram suspensas em todo o estado até sexta-feira, acrescentou Leite, que pediu ajuda das Forças Armadas não só como apoio, mas na coordenação da operação, porque a situação no estado “é um cenário de guerra”.
“Agora há pouco consegui falar com presidente Lula e pedir mais do que o apoio do governo federal e das Forças Armadas a efetiva participação e liderança daqueles que tem treinamento para situação de caos e guerra. É situação de guerra nesses municípios, com estradas rompidas, deslizamentos” disse Leite, que ainda agradeceu o apoio de outros estados, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
“As chuvas atingiram principalmente a região central do estado. Há cerca de 30 municípios em situação grave neste momento”, explicou o governador e sua equipe. Nessas cidades, Leite pediu que a população deixe urgentemente as suas casas, se estiverem em área de risco, para procurarem abrigos. Com as cheias dos rios, em especial nos Vales do Sinos, do Caí e do Taquari, na direção do oeste, a situação deve impactar a Região Metropolitana de Porto Alegre no final de semana, projeta o governo.
O governador também fez um apelo para que as pessoas ainda não iniciem mobilizações por doação, pelas dificuldades ainda impostas pela chuva: “Temos alimentos em quantidade suficiente para abrigos, água mineral, bastante estoque. Não se coloquem em situação de risco para ajudar com doações nesse momento. Primeiro precisamos esperar que o tempo se acomode. Embora toda solidariedade seja bem vinda, ela terá o momento para acontecer logo mais à frente.”
Em relação aos gastos necessários, Eduardo Leite respondeu que não haverá restrições orçamentárias nesse momento. Segundo o governador, há recursos em caixa para as operações de resgate. “Não dá para se condicionar a decreto, ofício. Tem que salvar a vida das pessoas, sem restrição orçamentária”, afirmou Leite, que disse que apoio do governo federal será necessário em um segundo momento. “Depois a gente vai precisar de apoio para reconstrução de estradas, casas, municípios vão precisar. Será um investimento fenomenal para reconstrução dessas localidades atingidas. E tenho confiança que não faltará apoio do governo federal”, destaca Eduardo Leite.
Eduardo Leite destacou atenção especial à situação das barragens, que estão sendo monitoradas. Já há a confirmação de uma situação de risco: “Localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, a Barragem 14 de Julho sofre um risco real de rompimento”, alertou o governador.
Com a alta vazão do Rio das Antas, a Companhia Energética do Rio das Antas pediu a retirada das pessoas que moram nas proximidades. “Caso continuem as chuvas podemos ter rompimento”, admitiu Leite.
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