Na vanguarda do empreendedorismo local, Indústrias do Extremo Oeste Catarinense estão impulsionando a economia estadual, mesmo enfrentando desafios logísticos
Marília Maróstica Alberto e Yohana Alvariza
Última atualização: 2024/08/30 3:53:59A região do Extremo Oeste de Santa Catarina, conhecida por sua paisagem rural e tradição agrícola, tem desenvolvido ao longo das últimas décadas outro potencial que vem mostrando sua capacidade de impactar o cenário econômico nacional: suas indústrias, com destaque, para o setor alimentício. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2022, a região abriga 1.402 indústrias, empregando aproximadamente 20.400 trabalhadores. Essas indústrias representam cerca de 2% do PIB da indústria catarinense e aproximadamente 25% do PIB da região. Dessas os principais setores são: produtos alimentícios, metalurgia e metalmecânica e equipamentos elétricos.
Conforme o vice-presidente regional da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Astôr Kist, o Grande Oeste, que inclui o Extremo Oeste, é o grande polo de produção de proteína animal. “Nós somos grandes exportadores de aves, suínos e produtos lácteos e essa proteína animal gera toda uma cadeia de indústrias que fazem a riqueza da nossa região”, destaca. Ainda, de acordo com Kist, o setor alimentício hoje é responsável por cerca de 37% das exportações do estado, e uma boa fatia desse percentual vem do Extremo Oeste.
Kist também menciona o papel das cooperativas e a integração com indústrias locais, que são características marcantes do sistema produtivo regional. “Empresas como a JBS e a Aurora estão em constante expansão, e isso motiva outras, como a Dipães, a investir na região. Essas indústrias fomentam o setor de alimentos e também impulsionam indústrias transversais, como a de embalagens e maquinários” explica.
A Dipães, citada por Kist, é uma empresa da região que se destaca pela inovação no segmento alimentício. Com a combinação de inovação, empreendedorismo e visão estratégica tornou-se case de sucesso de como transformar uma ideia em um destaque industrial. Fundada em 2002, iniciou suas operações dentro de um supermercado e após a qualificação profissional o proprietário apostou na aquisição de máquinas importadas da Itália para a produção de pães congelados, um conceito então inovador no Brasil. De acordo com o proprietário Volmir Meotti, a busca por excelência levou a Dipães a adquirir conhecimento na Alemanha, um país referência em panificação e tecnologia. Em 2012, a inauguração de uma nova planta industrial no município de Paraíso marcou um ponto de inflexão na história da empresa, permitindo uma expansão significativa.
“Atualmente, a empresa produz cerca de 400 mil unidades de pães por dia, abastecendo mais de 1500 pontos de venda nos três estados do Sul do Brasil. Com um portfólio diversificado que inclui mais de 200 tipos de pães, além de tortas, cucas, salgados, massas, biscoitos e complementos, a Dipães atinge diariamente mais de 500 mil consumidores”, aponta.
O desafio Logístico
Embora expandindo constantemente, Meotti compartilha os desafios logísticos enfrentados pelas indústrias na região. “Logisticamente, estamos fora do grande eixo consumidor, e dependemos das BRs, que não estão à altura do que Santa Catarina merece. Hoje, para um caminhão nosso se deslocar de Paraíso a Chapecó, que levava uma hora, agora leva duas horas e meia. Isso aumenta significativamente nossos custos”, aponta.
No entanto, ele destaca que, para superar esses desafios, a inovação é um dos pilares, e cita com orgulho informações da nova planta fabril da empresa.”Até dezembro, concluiremos as obras de uma planta que vai praticamente quadruplicar o tamanho da nossa operação em Paraíso. Será uma planta moderna, com máquinas de última geração, capaz de produzir mais de 200 tipos de produtos”, adianta. Ele também destaca o investimento em uma nova unidade em Itajaí. “Essa planta sozinha vai produzir mais de um bilhão de unidades de pães por ano”, enaltece.
O papel do associativismo e da formação técnica
Neste cenário, outros fatores tem contribuído para esse fomento: o associativismo e a formação técnica. “Quando estou na Federação, encontro industriais de todos os setores, o que amplia minha visão de mercado e de desenvolvimento”, afirma Meotti, que também é diretor da Fiesc. Além disso, Kist complementa que o Senai é um grande formador de mão de obra profissionalizada na nossa região. “A empregabilidade dos formandos é praticamente 100%, o que é essencial para a competitividade das nossas indústrias”, avalia.
Para o vice presidente da Fiesc, apesar dos desafios, o Extremo Oeste Catarinense continua a se afirmar como um polo industrial importante, especialmente no setor alimentício. “O setor alimentício sempre terá sucesso, porque o mundo sempre precisará se alimentar. E o Extremo Oeste Catarinense está preparado para atender essa demanda”, enfatiza o representante do setor, enquanto ainda há, aquele que acredita do papel e potencial do empresário. “A força do empreendedorismo catarinense supera os desafios logísticos, e continuamos a crescer a cada dia”, conclui Meotti.
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