Home Novas terapias hormonais ampliam opções de tratamento para endometriose no SUS

Novas terapias hormonais ampliam opções de tratamento para endometriose no SUS

Ministério da Saúde incorpora DIU-LNG e desogestrel à rede pública

Ministério da Saúde

Última atualização: 2025/07/10 7:30:48

O Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer duas novas opções de tratamento para mulheres com endometriose, condição ginecológica inflamatória crônica que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Dispositivo Intrauterino Liberador de Levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel foram recentemente incorporados à rede pública pelo Ministério da Saúde, após recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Os dois tratamentos hormonais ampliam o leque de possibilidades terapêuticas já disponíveis no SUS, que inclui abordagens clínicas e cirúrgicas. O DIU-LNG, de longa duração, suprime o crescimento do tecido endometrial fora da cavidade uterina e é indicado especialmente para pacientes com contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados. Seu efeito prolongado, com troca recomendada apenas a cada cinco anos, favorece a adesão ao tratamento e proporciona alívio contínuo dos sintomas.

Já o desogestrel é um anticoncepcional hormonal de uso oral que age bloqueando a ovulação e dificultando a progressão da doença. Com potencial para ser utilizado já na primeira avaliação clínica, mesmo antes da confirmação diagnóstica por exames, o medicamento atua na redução da dor e no controle do crescimento do endométrio ectópico.

De acordo com o Ministério da Saúde, a incorporação dos medicamentos está formalizada pelas Portarias SECTICS/MS nº 41 e nº 43, ambas de 2025. Para que estejam plenamente disponíveis, o processo ainda requer a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose, etapa essencial para orientar a prescrição e o uso adequado dos tratamentos.

Demanda crescente reforça necessidade de novas terapias

A medida acompanha a crescente demanda por atendimento no SUS. Entre 2022 e 2024, houve um aumento de 30% nos atendimentos relacionados à endometriose na Atenção Primária, passando de 115.131 para 144.970. Na Atenção Especializada, o crescimento foi ainda mais expressivo, com aumento de 70% no período, totalizando 53.793 atendimentos em 2024. Também foi registrado um crescimento de 32% nas internações hospitalares por endometriose, que passaram de 14.795 em 2022 para 19.554 em 2024, somando 34,3 mil internações nos dois últimos anos.

Atualmente, o SUS oferece tratamento clínico, que inclui o uso de progestágenos, contraceptivos orais combinados e análogos do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), além de analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor. O acompanhamento é realizado por equipes multidisciplinares. Quando necessário, também estão disponíveis procedimentos cirúrgicos como videolaparoscopia, laparotomia e histerectomia, indicada apenas em casos específicos.

Atenção à saúde da mulher e impacto da doença

A endometriose se caracteriza pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, atingindo órgãos como ovários, bexiga e intestino. Os sintomas incluem cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, infertilidade e alterações intestinais ou urinárias de padrão cíclico.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a ampliação da oferta terapêutica representa um avanço importante na atenção à saúde da mulher. “Mais do que inovação, estamos falando de garantir cuidado oportuno e eficaz para milhares de mulheres que convivem com a dor e o impacto da endometriose em seu dia a dia”, afirmou.

deixe seu comentário

leia também

leia também