É com muito carinho que agradeço o contato da Isabela Alves e Daniela de Oliveira. Devido ao pedido da Isabela falarei sobre a nova moda profissional que está por todos os lugares: coaching.
No Brasil a submissão diante da cultura norteamericana e europeia é tão natural que não passa pela cabeça de, praticamente, ninguém questionar a qualidade e utilidade seja lá do que for. De quando em quando os estrangeiros nos ditam o que pensar e como devemos agir.
Nunca deixamos de importar, sem questionar, padrões de beleza, comportamentos morais e diferentes protocolos de civilidade, além é claro das tecnologias, religiões, filmes, quadrinhos, hábitos alimentares e até profissão.
Os exemplos, meu caro leitor, chegam ao infinito e você pode observá-los neste instante. Veja algumas pessoas que estão passando por perto. Tenho certeza que viu alguém com o cabelo pintado de loiro e liso (via chapinha), outras passeando com um carro do ano e aquelas usando camiseta regata, mesmo no frio, para mostrar o corpo malhado.
Aparentemente isso é natural e não há nada de errado. De fato, socialmente não há nenhum problema nisso. Porém, se analisar com um pouco mais de calma verá que por trás de tudo isso existe o desejo latente em muitas pessoas pela busca de um padrão de beleza que foge a sua natureza, de ostentar bens materiais que foge da realidade econômica e a busca pelo ideal do corpo perfeito nas academias, ainda que para isso alguns se submetam ao uso de anabolizantes e dietas malucas, como ingerir 20 ovos no café da manhã.
São padrões de comportamento que as pessoas aprendem principalmente nas novelas, nos filmes e nos comerciais e tentam reproduzir a todo custo. O que elas não sabem é que esse desejo, tornado cultura, é produzido por pequenos grupos de poder econômico com fins lucrativos.
O mesmo acontece no ramo das profissões. Agora a moda é ser Coaching. Coach vem do inglês e significa Técnico. Ou seja, o Coaching é um treinador que, na teoria, ajuda a desenvolver o potencial máximo das pessoas.
No EUA temos o famoso Anthony Robbins, que possui formação acadêmica em Administração e em Psicologia. Após sucesso na vida profissional tornou-se Coaching, atua dando palestras e orientando as pessoas a tomar o melhor rumo na vida pessoal e na carreira profissional.
No Brasil o conceito coach tem o mesmo significado semântico, mas o profissional da área nem sempre é uma pessoa gabaritada. Talvez não tenha ficado tão claro a complexidade dessa profissão. Não é raro encontrar alguém se dizendo “Coaching” sem nenhuma formação acadêmica, muitas vezes é aquele que fracassou na vida profissional, mas por ter decorado uma meia dúzia de frases dos livros de autoajuda tem convicção que pode fazer você ter sucesso na vida.
Geralmente é aquele camarada que não cursou Administração, mas tem todos os segredos de como te fazer rico. É aquele que até poucos dias só reclamava da vida e agora, sem ter cursado Psicologia, conhece todas as respostas da mente humana. É aquele que não cursou Nutrição, mas tem todas as dietas para te fazer ter um ótimo desempenho na academia.
Já ouviu falar de livros do tipo “10 passos para ter sucesso no trabalho”, “7 características do homem eficaz” e “10 razões para ser feliz”? Então, esse tipo de literatura é o principal embasamento teórico para muitos coaching’s brasileiros. Sabe o que tem neles? Frases prontas que não significam nada, como “Acredite que você pode, assim você já está no meio do caminho”, “Escolha um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”, a mais conhecida é “querer é poder”. E o que ela significa? Ora, a mais falta de respeito com a diversidade da vida.
Lembra da queda do Airbus A330 da Air France que fazia o voo 447 Rio-Paris no dia 01 de junho de 2009? Tenho certeza de que, durante os 3 minutos de queda livre, aquelas 228 pessoas tinham razões, mais que o suficiente, para desejarem que aquela coisa voasse.
Claro que neste texto estou me referindo aos charlatões, que são muitos. Sabemos que há profissionais sérios e gabaritados que merecem todo nosso respeito. Apenas quero chamar a atenção ao que vem de fora, codificado como se tudo fosse algo fácil e que qualquer um pode atingir uma performance significativa. Não sejamos ingênuos!
Precisamos tomar cuidado para não cair em armadilhas das frases feitas e nas promessas dos efeitos milagrosos em pouco tempo. Na maioria das vezes, seu dinheiro será muito melhor investido em um Psicólogo do que num Coach.
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