Home Adoção, um ato de amor! – Todo pai e mãe precisa adotar o seu filho afetivamente!

Adoção, um ato de amor! – Todo pai e mãe precisa adotar o seu filho afetivamente!

O psicólogo Willian Lima tira dúvidas sobre a adoção tardia, que consiste em adoções feitas quando a criança já tem mais de cinco anos

Última atualização: 2019/07/11 11:35:27

Psicólogo Willian Lima, em entrevista à TvGC


Quando falamos em formar famílias, cada ser humano tem uma forma ideal de formar a sua. Isso não significa que uma maneira seja correta ou incorreta, mas sim, que temos o direito de sermos felizes de acordo com nossas escolhas na realidade que formamos. Família é onde existe amor, carinho, segurança e compreensão.

Hoje, os dados nacionais mostram o cenário de sete mil crianças aguardando uma família e mais de 40 mil pessoas aptas a adotarem. O psicólogo Willian Lima explica que essa diferença se dá devido às características escolhidas pelos adotantes, o que gera, muitas vezes, a adoção tardia. “Há alguns anos atrás quando a criança passava de dois anos já falávamos em adoção tardia, então crianças acima de dois anos era pensado “ah, que pena, crianças com mais de dois anos não serão adotados no Brasil”, porém, hoje essa idade já passou para cinco anos. Hoje, meninos e meninas saudáveis de até cinco anos é o perfil mais procurado pelos adotantes. Tendo aumentado essa idade, mostra que o Brasil está crescendo na cultura da adoção, porém ainda temos sete mil crianças e adolescentes em instituições de acolhimentos, aguardando uma família, e mais de 40 mil pessoas aptas a adotarem, que não são cadastradas com esse perfil, que não desejam ter filhos maiores que cinco anos, grupos de irmãos ou crianças com alguma doença. Essas são as crianças que estão aguardando uma família e não encontram. Se antes tinha uma cultura de até dois anos e hoje já estamos em cinco, que a gente continue quebrando mitos e aumentando esse número, porque pode ser tão bom quanto ter um filho bebê”, ressalta Willian.

O psicólogo lembra momentos marcantes dos 10 anos em que trabalhou em instituição de acolhimento, acompanhando de perto a rotina e as histórias das crianças. “Lembro de alguns casos que atendi nos 10 anos em que trabalhei em instituições de acolhimento, eu me surpreendi muito. Ali é um lugar onde a gente quebra preconceitos diariamente. Recebemos crianças com diversas violações de direitos e lembro de um, em especial, que veio de uma família envolvida em tráfico de drogas, ele vivia no meio do uso de drogas, armas, violência física e psicológica, todo mundo tinha medo dessa família até para abordar e fazer alguma orientação. Esse menino acabou vindo para o abrigo e tinha um comportamento surpreendente em questão de educação, ele falava: “tio, por favor! Muito obrigada! Com licença!”. A gente não entendia de onde vinha isso, esse respeito, carinho, cuidado com os animais e pessoas, então não é determinante. Recebemos sim muitas crianças que tiveram seus direitos violados pela família e foram altamente afetadas, mas as crianças não têm culpa disso. Quanto à família de origem, às vezes esse pai ou essa mãe também sofreu e aprendeu assim e repetiu o erro, então é necessário trabalhar a família, reconhecer a possibilidade de mudança. Essa criança, quando está apta a adoção, já passou por todo um trabalho da rede de proteção, dos abrigos, para que se existia algum problema comportamental, ele fosse amenizado. Filhos biológicos e filhos adotivos não há diferença em questão de comportamento melhor ou pior, hoje podemos afirmar com segurança que não é relevante. Eu, na clínica, recebo crianças e adolescentes biológicos e adotados e todos têm problemas possíveis de serem resolvidos”, argumenta.

Conforme Willian, as mudanças bruscas de ambiente são desconfortáveis para qualquer pessoa, por isso existe o período de adaptação na adoção. “É ideal que essa adoção seja feita gradual, que a criança tenha a possibilidade de se despedir das pessoas que ela acha importante no local que ela morava antes e só vá residir com a nova família quando a criança e a família se sentirem seguras, respeitando o tempo de ambas. Nesse período é muito comum que aconteça testes. Se formos comparar com filhos biológicos, toda criança testa os pais, porque eles têm desejos e para satisfazer esses desejos eles tentam quebrar os limites que os pais estão tentando colocar. Por exemplo, a criança pede alguma coisa para a mãe, a mãe não deixa e ela vai e pede para o pai. É um período de adaptação, de mudança, todas as pessoas quando mudam bruscamente de habitat entram em um desconforto, e a criança passa por isso também, pode gerar momentos de raiva, de conflito, é como se a criança dissesse: “você está dizendo que me ama? Quero ver até aonde você me ama”, e aí ele começa a testar, e a gente não está falando de monstrinhos, de crianças manipuladoras, não é isso, mas é sobre esse turbilhão de sentimentos que afloram por conta da mudança e de ter agora uma família que fala para ela “eu te amo, agora você é meu filho, é para sempre”, é um acolhimento junto com um limite que a criança precisa nesse período, para que o adulto passe confiança para ela”, ressalta.

O psicólogo deixa uma mensagem a todos os pais. “Pais e mães, por favor, adotem seus filhos! Um dos conceitos de adoção é o afeto, o amor. A gente vê vários símbolos quando pesquisamos sobre adoção relacionados ao afeto. Percebe-se que diversos pais biológicos têm seus filhos, tem suas famílias, mas não os adotaram de fato. Não tem carinho, afeto, presença, comprometimento. Por isso eu falo, pais e mães adotem seus filhos, independentemente de serem cadastrados para adoção ou não”, finaliza.

Psicólogo Willian Lima, em entrevista à TvGC

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