Home “Antigamente existiam mais estradas e menos comunicação, agora é ao contrário”

“Antigamente existiam mais estradas e menos comunicação, agora é ao contrário”

Iniro Grolli é presidente do Sindimotor há 10 anos. Antes disso trabalhou como motorista durante 25 anos. Para Grolli, mudanças significativas aconteceram nesse período e transformaram a vida dos motoristas. A tecnologia garantiu proximidade dos profissionais com suas famílias

Última atualização: 2017/07/21 1:51:42

São Miguel do Oeste Iniro Grolli, Presidente do SindimotorIniro Grolli, é presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos e Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cargas e Passageiros do Extremo-oeste de Santa Catarina. Há 10 anos exerce essa função dentro do sindicato. Antes disso, percorreu muita estrada, trabalhou como motorista por 25 anos. Grolli recorda bem como era ser motorista em um período histórico onde a informação e a tecnologia ainda não faziam parte do dia a dia dos profissionais dessa área. Para ele, hoje não se fala mais em permanecer quatro, cinco meses fora de casa, viajando, mas há 25 anos essa era a realidade dos motoristas. Grolli cita outra mudança que interfere de forma direta na vida dos motoristas. Segundo ele, os avanços na área da comunicação geram maior qualidade de vida, em contrapartida, a situação das estradas ocasiona preocupação. “Antigamente existiam mais estradas e menos comunicação, hoje temos mais comunicação do que estrada, é ao contrário. Existe um descaso grande nesse sentido. A estrutura das estradas é fundamental, ela também faz parte da qualidade de vida, do motorista poder fazer uma boa viagem, ficar tranquilo sem correr riscos”, mencionou. Segundo o presidente do sindicato, hoje uma das vantagens que os motoristas possuem são as inovações que os novos caminhões trazem. “Hoje em dia o caminhão tem conforto, pode-se dormir melhor dentro dele, inclusive, os que possuem cabine leito, tem também geladeira, o motorista trabalha com GPS. Antigamente não tinha nem celular, nem GPS. Agora você coloca o endereço ali na tela do celular e você fica sabendo onde é a descarga, consegue chegar com maior agilidade ao local, enfim, as vezes quem não acompanha a tecnologia são algumas pessoas que já estão com a cabeça branquinha (risos), mas os motoristas no geral, especialmente os mais jovens, tiram de letra”, enfatiza. Uso demedicamentosA reportagem do Jornal Gazeta perguntou ao presidente do sindicato sobre como está a saúde dos motoristas hoje, em razão dos comentários que se ouvem e que mencionam o uso de drogas e variados tipos de medicamentos que fazem com que o motorista consiga permanecer por mais tempo acordado e assim, possa seguir viagem longas. Para Grolli, o primeiro ponto a ser analisado nessa questão é que o motorista precisa, obrigatoriamente permanecer 11 horas diárias com o caminhão parado, precisa segundo ele, descansar. E por segundo, Grolli comenta que na base do sindicato ouve-se de fato, conversas sobre o uso de determinados medicamentos, especialmente em regiões maiores, onde os motoristas sofrem maior exploração. “Conversando com motoristas da base do sindicato se ouve que a região está em uma situação boa. Tem regiões que é ‘crack’, usam drogas pesadas mesmo. Muitas vezes os motoristas nem compram, é colocado em cima dos balcões das empresas. Nem precisam comprar. Na nossa região é difícil ver, existem exceções, alguém sempre usa quem sabe por um vício de antes ou que se desenvolveu com o trabalho”. Nesse sentido, a qualidade de vida dos motoristas segundo Grolli, decai, no entanto, ele enfatiza que na região do Extremo-oeste a situação é mais tranquila, os motoristas não fazem viagens tão cansativas. “Por aqui é mais tranquilo, os motoristas conseguem conviver mais tempo com suas famílias também e isso é fundamental”, disse ele. O presidente falou ainda que o fato de estarem mais próximos da família, de conseguirem ter uma boa vivência em casa influencia significativamente na qualidade da viagem. “A qualidade de vida dos motoristas está na vivência deles com a família. Se o ambiente familiar está bom, ele vai viajar tranquilo, vai ter uma boa relação com todas as pessoas. Quando se está dirigindo com a cabeça em alguma preocupação daí complica, se o motorista tem algum familiar doente, algum problema de relacionamento com a família, ele não viaja bem, então a família é tudo”, argumentou. Direitos dos motoristas Grolli mencionou sobre uma questão bastante conturbada na atualidade que está ligada a aprovação da reforma trabalhista, da terceirização da mão de obra e a reforma da previdência que ainda está para ser votada. Para ele, a reforma trabalhista influência bastante na vida dos motoristas. “Penso que tem coisas para sentar e discutir. Sobre a reforma trabalhista penso que alguns itens têm que ser modificados, mas não todos. Deveriam ter chamado a classe trabalhadora para discutir e não simplesmente ‘jogar’. A gente percebe que existe uma disputa de poder muito grande. Eles tiram do trabalhador e jogam para o outro lado, isso não é bom”, mencionou. Nesse sentido, Grolli defendeu a importância do sindicato na vida dos motoristas. “O sindicato precisa existir para fazer a luta em defesa dos direitos dos motoristas enquanto estes estão na estrada”, finalizou. 
Iniro Grolli, Presidente do Sindimotor

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