Medida tem como objetivo evitar o descumprimento da 'regra de ouro', mecanismo que impede que o governo contraia dívidas para pagar despesas correntes, como salários e benefícios sociais
Após acordo entre os partidos, a Comissão Mista de Orçamento
(CMO) do Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (11) um projeto de lei
que autoriza um crédito extra de R$ 248,9 bilhões ao Executivo federal, a ser
obtido com a emissão de títulos do Tesouro Nacional.
Pelo projeto, o governo Jair Bolsonaro poderá contrair
dívidas para pagar despesas correntes, como salários e benefícios sociais, sem
descumprir a chamada “regra de ouro”.
Esse mecanismo constitucional veda o Executivo de se
endividar com a emissão de títulos para custear contas do dia a dia. A única
exceção é se houver a autorização do Congresso Nacional. Caso contrário, o
presidente da República pode ser enquadrado no crime de responsabilidade
fiscal, que pode embasar um pedido de impeachment.
A votação na comissão só foi viabilizada depois de o governo
ceder a algumas demandas de diferentes partidos, incluindo de oposição, que, em
contrapartida, concordaram em não obstruir os trabalhos do colegiado.
Foram cerca de duas horas de negociação a portas fechadas em
uma sala ao lado do plenário da comissão.
Nesse meio tempo, o relator do projeto de lei, Hildo Rocha
(MDB-MA), e a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann
(PSL-SP), chegaram a deixar o local para se reunirem com o ministro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, no Palácio do Planalto para apresentar os pleitos dos
parlamentares.
Segundo Hasselmann, o governo se comprometeu a:
A aprovação do parecer de Hildo Rocha, porém, não foi
unânime. PT e PCdoB manifestaram apoio a um voto em separado apresentado pelo
senador Angelo Coronel (PSD-BA), que propunha a autorização de um valor menor
do que o governo havia pedido: R$ 146,7 bilhões, em vez dos R$ 248,9 bilhões.
Agora, a expectativa é de que o projeto de lei seja
analisado ainda na tarde desta terça em uma sessão conjunta do Congresso
Nacional.
Antes, porém, os parlamentares precisarão terminar de
analisar no plenário os vetos presidenciais que trancam a pauta do plenário
para só então votarem o projeto de crédito.
No sábado (8), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que terá
de suspender, a partir do dia 25 de junho, o pagamento de benefícios a idosos e
pessoas com deficiência caso o Congresso não aprove o projeto que libera
crédito extra.
Bolsonaro fez a afirmação em uma rede social e acrescentou
que, se a proposta não for aprovada pelos parlamentares, outros programas podem
ficar sem recursos nos próximos meses.
Ele citou o Bolsa Família, o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Plano Safra. “Acredito
na costumeira responsabilidade e patriotismo dos deputados e senadores na
aprovação urgente da matéria”, afirmou Bolsonaro.
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