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Após cerca de 35 anos de PMRv, 1º Sargento Becker vai para reserva remunerada

Em entrevista à TV GC, Sérgio Becker relembra momentos dos 35 anos atuando na Polícia Militar de Iporã do Oeste, que tem abrangência de mais de 200 quilômetros na região, fala sobre sua família e filhos que seguiram seus passos

Última atualização: 2020/02/21 5:19:39



Quanto vale um sonho? Sonhar em exercer uma determinada atividade durante a maior parte da vida exige inúmeras renúncias, esforço, estudo e amor, mas também traz satisfação pessoal, sorrisos pelas conquistas e reconhecimento.  As profissões militares como Corpo de Bombeiros e Polícia Militar são muito desejadas e concorridas na atualidade e os concursos exigem preparação e dedicação.

Quem viveu essa realidade de perto no ano de 1985, foi Sérgio Becker, morador do município de Descanso e atuante na Polícia Militar Rodoviária, no batalhão de Iporã do Oeste. Sérgio é reconhecido pelo profissionalismo, dedicação e amor à farda, que representou por aproximadamente 35 anos. Na última semana, após ser promovido a 1º sargento, o militar foi direcionado para a reserva remunerada.

Becker, como é mais conhecido na região, destaca que seguir carreira militar sempre foi um sonho. “Eu já gostava, admirava muito. Meus pais moram em Joaçaba e meu pai trabalhava no DNER, hoje DNIT, e tinha um posto da Polícia Rodoviária Federal junto com o DNER e ficamos amigos dos policiais. Esse foi o início, quando voltei do exército trabalhei mais quatro meses em uma empresa de lá e prestei concurso, passei e estamos aí”, argumenta.

Natural de Lages, o amor à farda o trouxe para o município de Descanso, no Extremo-Oeste do Estado, onde formou família e se dedicou à profissão escolhida. “Quando passei no concurso e conclui o curso para escolher a vaga, tinha como primeira opção um município perto de Joaçaba, mas como aqui em Iporã era posto novo e antigamente havia a possibilidade de trabalhar na fronteira dois anos e contar como quatro anos. Viemos eu e um colega, ele voltou e eu permaneci aqui, encontrei minha esposa, Necilde Nora Becker, e tivemos dois filhos, Alan e Alyson. Vim com a esperança de ficar dois anos e acabei ficando quase 35 anos. Cheguei aqui em 1985 e o posto era pequeno, frota reduzida, muitos desafios a enfrentar, já hoje temos muito mais agilidade nos atendimentos, quanto à assistência, segurança o pessoal aqui está bem atendido, estamos 24 horas nas rodovias, sempre que alguém ligar será atendido”, destaca.

Quem passou pelo 12º Grupo da 3ª Cia do 2º Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, ou seja, o posto da polícia de Iporã do Oeste, com certeza reconhece o sorriso de longe, e também a exigência que Becker tinha com todos os abordados, para que tudo ocorresse dentro do que é correto. “Eu aprendi muito nesses quase 35 anos de Polícia Militar Rodoviária, sempre tem novas experiências, no curso a gente aprende o básico e quando viemos para trabalhar na rodovia toda situação provoca um novo aprendizado. Quando a gente sai para uma ocorrência a gente nunca sabe o que vai encontrar ali, pode ser um conhecido e até um familiar, pode ser leve ou grave então precisa ter muita dedicação e estar preparado para saber agir em qualquer situação. Eu sempre fui muito exigente com colegas e abordados, gosto que tudo seja feito corretamente, com honestidade, educação e principalmente respeito. Sempre dei exemplos para os meus filhos para sempre poder andar de cabeça erguida”, lembra.

As ocorrências atendidas pela Polícia Militar podem trazer muitas surpresas, inclusive negativas. Quando o policial entra na viatura e vai em direção ao chamado da ocorrência, tudo pode acontecer e nesse momento entra o profissionalismo para deixar os sentimentos pessoais de lado e atuar da melhor forma para resolver o que aconteceu. “Sempre que a gente olha para trás tem momentos que marcam, um dos que mais me marcou foi quando eu e um colega fomos atender uma ocorrência, um acidente de trânsito grave, chovia muito naquele dia e ao chegarmos no local meu colega já disse “conheço esse carro”, era um fusca, chegamos mais próximo e eram dois familiares dele, uma tia que que ele gostava muito já estava sem os sinais vitais, ele tentou reanimar, fez o possível, mas infelizmente não havia nada que podíamos fazer, tentei acalma-lo e agir profissionalmente, mas aquilo me marcou muito. Infelizmente perdemos esse colega também em um acidente de trânsito um tempo depois, então é isso, a gente precisa se preparar muito porque quando te chamam para uma ocorrência a pessoa tem certeza que você vai resolver qualquer situação e você precisa se empenhar ao máximo para isso. Não existe meio termo e nem meia dedicação, a situação precisa ser resolvida e eu ia para resolver, as vezes com dor, sentimento, vontade de fazer diferente, mas não podemos, tem que seguir as regras, agir com profissionalismo, ter foco para que não aconteça outro acidente no local ou aconteça uma situação que agrave a ocorrência. No começo é um pouco mais difícil entender as dinâmicas, como proceder e tudo o que envolvem as ocorrências, mas sempre tem alguém com mais experiência que pode ajudar, a gente observa eles e aprende”, ressalta Sérgio.

Os anos de experiência trazem novas visões e conhecimentos, hoje, conforme o sargento, a região tem policiamento ostensivo e preventivo mas há uma preocupação muito grande com a utilização de tecnologias como o celular durante no trânsito. “Quando acontece um acidente de grande proporção, uma grande apreensão, algo que tem impacto na comunidade as pessoas têm um cuidado maior por um determinado tempo, mas parece que após esse período tudo volta ao normal, os descuidos, a falta de atenção. Hoje uma das nossas maiores preocupações é com a utilização de tecnologias como o celular no trânsito, o motorista está conduzindo o veículo e mexendo no celular com a mão direita, por exemplo, e a esquerda no volante, se acontecer algo, o primeiro reflexo é puxar o volante com a mão esquerda, ou seja, para o centro da pista. Além de ser um dos grandes motivos da falta de foco e atenção dos motoristas, pode causar acidentes. O trânsito é um local de cuidado com a vida de terceiros também”, frisa.

Olhando para trás, para os sonhos de criança e amor à farda, Becker se sente feliz com sua trajetória. “Hoje eu saio feliz, com orgulho de desempenhar por tantos anos policiamento preventivo, correto e ostensivo na região. Foi um sonho que me trouxe para cá e através disso minha vida se tornou o que é hoje. Formei família, casei com a Necilde, meus filhos sempre admiraram a profissão, praticamente cresceram na Polícia Militar Rodoviária de Iporã do Oeste e hoje fazem parte desse batalhão, fiz muitos amigos, muitas ocorrências atendidas, então sou muito feliz com tudo isso”, finaliza.

HOMENAGEM DOS FILHOS E COLEGAS DE TRABALHO

Em homenagem ao militar, os filhos e colegas de trabalho se pronunciaram para a TV GC.

Alan Becker, de 30 anos, filho mais velho de Sérgio, atuante na PMRv há 4 anos.

“Grande exemplo de pessoa, tanto profissionalmente quanto pessoalmente, não só para mim, mas para toda família e amigos, como inspiração hoje somos em 6 primos policiais. Sempre firme e correto em suas atitudes e decisões, desde criança me ensinou que o único caminho a ser seguido é o da honestidade e sempre fazer o certo. Desde criança tinha o sonho de ser policial, mas nunca imaginei em trabalhar junto com meu pai, hoje agradeço a Deus por ter a oportunidade de trabalhar junto com meu pai e meu irmão Sd Alysson”

 Alyson Becker, de 26 anos, filho mais novo e militar há 2 anos.

“Meu pai sempre foi exemplo de pessoa e profissional, foi meu Norte para muitas escolhas em minha vida, desde meu nascimento me trilhou no caminho da fé e dos bons costumes. Tive a grande satisfação de trabalhar junto com meu pai no posto rodoviário de Iporã do Oeste, ombreando as fileiras na segurança pública de Santa Catarina, aonde foi o seu local de serviço por muitos anos e que agora continuará sendo o nosso, meu e de meu irmão, para darmos prosseguimento ao legado deixado”

Os colegas de trabalho de Becker também deixaram uma homenagem, 2° Sargento Frizon, que trabalhou 32 anos de polícia ao seu lado e hoje assume o comando do Posto 12 da Policia Militar Rodoviária de Iporã do Oeste.

“Foi um imenso prazer em trabalhar por estes 32 anos juntos, éramos jovens com muitos sonhos e praticamente vivemos uma vida atuando, ótimo profissional que deixa muitos ensinamentos para os colegas, hoje assumo seu lugar com a missão de dar prosseguimento ao seu trabalho” 

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