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Aumenta número de casos de Aids na região com 28 novos diagnósticos

Em Santa Catarina são 45 mil pacientes em acompanhamento. Em São Miguel do Oeste, Como forma de sensibilizar para a necessidade da prevenção, a Secretaria de Saúde divulgou depoimentos de pacientes diagnosticados com a doença

Última atualização: 2018/12/07 9:58:36


Estamos no Dezembro Vermelho, mês de conscientização sobre a Aids. E no último dia 1º de dezembro marcou os 30 anos de luta contra o HIV/Aids no Brasil. Segundo a responsável pelo Departamento IST/Aids/Hepatites Virais, enfermeira Juliana Pinheiro, foram registrados neste ano um total de 28 novos casos de HIV na região de São Miguel do Oeste, que compreende 21 municípios. Destes 28 pacientes, 17 são homens (11 heterossexuais e 05 homossexuais) e 11 são mulheres (todas heterossexuais).

A faixa predominante está entre os 15 e 30 anos de idade. Atualmente, 260 casos são acompanhados pelo setor na região. Em 2018, foram oito óbitos. A enfermeira destaca que as mortes ocorrem, na maioria das vezes, quando a pessoa descobre que está com a doença tardiamente, ou quando para de tomar a medicação (que é gratuita e fornecida pelo Estado) por conta própria. Em São Miguel do Oeste, os testes para diagnosticar a doença podem ser feitos gratuitamente no laboratório municipal (ao lado da Praça Belarmino Annoni) todas as segundas e quintas-feiras, das 15h às 16h; e no Departamento de IST (em frente ao Cartório), todas as quintas, das 07h30 às 10h30. Não é preciso estar em jejum. Basta levar um documento com foto, e o resultado sai em poucos minutos.

Nossa reportagem também conversou com a médica infectologista Priscila Garrido. Segundo ela o aumento de caso de Aids na região é preocupante. Ela lembra que a nível nacional, nos últimos anos, houve queda nos diagnósticos de HIV. Ela acrescenta que em Santa Catarina são 45 mil pacientes em acompanhamento. “Claro que a gente também atribui a isso, não só o aumento do número de casos, mas, também, ao melhor diagnóstico dos pacientes. As pessoas, a gente tem visto, procurar fazer o exame, tem as campanhas, a facilidade do teste rápido hoje em dia, então, isso também melhora o diagnóstico”, revela. 

Segundo Priscilla, a principal forma de transmissão da Aids ainda é a forma sexual desprotegida. “Qualquer tipo de relação sexual: anal, vaginal, oral, sem preservativo, transmite, tanto o vírus do HIV, como outras infecções sexualmente transmissíveis”, alerta.

A médica lembra que a conscientização é a melhor forma de combater a doença. “Importante chamar a atenção. Os números têm aumentado em algumas faixas etárias, que as vezes estão deixando pra lá a questão do preservativo. Hoje em dia tem muita troca de parceria também, tanto em relações homossexuais quanto heterossexuais. E o vírus não tem cara, não tem comportamento, qualquer pessoa pode adquirir, e não tem como saber se o outro tem. Por isso temos que nos proteger com todas as pessoas, com o uso do preservativo em todas as relações sexuais, que é fundamental para evitar todos os vírus”, orienta.  

SINTOMAS

De acordo com Priscilla, em geral, as pessoas não apresentam sintomas agudos, no momento da infecção. “Dificilmente a pessoa vai apresentar algum quadro, quando ele apresenta ele se assemelha a um quadro gripal, dores no corpo, febre, mal-estar que pode durar por um período maior, algumas vermelhidões pelo corpo, mas a maioria das pessoas, passam por esse período de forma assintomática e vai desenvolver sintomas com decorrer da doença, quando o sistema imunológico passa a ficar mais atingido”, revela. 

Depoimentos de pacientes atendidos em São Miguel do Oeste

Para marcar a data, a Secretaria Municipal de Saúde de São Miguel do Oeste realizou atividades de divulgação e conscientização na tarde de quarta-feira, dia 5. Como forma de sensibilizar para a necessidade da prevenção, a Secretaria de Saúde também divulgou depoimentos de pacientes diagnosticados com a doença.


41 anos – Descobri há 10 anos que tenho HIV. Meu marido descobriu e em uma semana morreu, me deixou com duas filhas pequenas. Quando veio meu resultado positivo meu mundo caiu. Hoje estou bem. Arrumei outro companheiro, ele está do meu lado e me apoia. Sou feliz.


36 anos – Descobri que estava grávida. Pediram vários exames, entre eles HIV. Fiz e deu positivo. A última vez que havia feito um exame de HIV foi na gravidez da minha filha que hoje tem 9 anos, na época deu negativo.


47 anos – Descobri pelos sintomas característicos, intensa diarreia e perda de peso. Eu tinha relação sem proteção com várias pessoas. O que me atraía era o perigo da relação. Tenho AIDS há 8 anos.


52 anos – Descobri quando fui fazer uma cirurgia aleatória e fizeram vários exames. Deu positivo para HIV, Hepatite B e ainda diabetes. Tenho o vírus do HIV há 11 anos.


62 anos – Descobri após o nascimento do meu filho. Ele tinha 30 dias de vida e os médicos me comunicaram que eu não poderia mais amamentar pois eu tinha HIV. Meu filho adquiriu HIV e morreu com 10 anos. Eu tenho HIV há 20 anos.


20 anos – Na véspera do meu aniversário, em uma noite falava sobre o tão temido HIV, e resolvi fazer um teste rápido. O laboratório pediu um segundo exame, foi o susto maior. O resultado final foi desesperador. Medo e aflição. Com o passar dos dias, aceitação. Hoje vivo consciente sobre o HIV. Sou soropositivo e sou feliz.


56 anos – Descobri há 25 anos. Meu filho nasceu prematuro e os médicos pediram vários exames, entre eles o HIV que deu positivo 3 vezes. Já estive em fase terminal 6 anos após descobrir. Meu marido morreu de HIV, tenho certeza que ele me infectou, ele era usuário de drogas injetáveis.


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