Home “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, Eduardo Bolsonaro acima de…”

“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, Eduardo Bolsonaro acima de…”

Última atualização: 2019/10/25 4:05:16

O Partido Social Liberal – PSL foi criado em 1994, mas somente em 2018 ganhou força ao ter sido escolhido pelo, até então Deputado Federal, Jair Bolsonaro para lançar sua candidatura à presidência da República. Apresentou-se como um partido bem consolidado, vendendo a imagem de que os filiados eram super amigos, defendiam-se diante das câmeras, passavam a imagem de uma unidade nacionalista em prol da sociedade, a ideia da família perfeita em nome da moral e dos bons costumes, todos lutando juntos contra a corrupção causada pelo Partido dos Trabalhadores em seus 16 anos de governo. Assim conseguiram eleger Jair Bolsonaro, além de vários deputados e governadores em todo país.

Em menos de 1 ano no poder já deram início as crises no partido, crises que resultaram em algumas expulsões, como a de Alexandre Frota. Porém, nesse último mês, elas se intensificaram. Publicamente, tudo teria começado quando Bolsonaro sugeriu a um apoiador “que esquecesse o PSL”, pois Luciano Bivar, atual presidente nacional do partido, estava “queimado”. Depois disso foram ataques e mais ataques, indo e vindo de todos os lados. Em meio a crise, Bolsonaro chegou a afirmar que sairia do partido e procuraria medidas legais para levar consigo outros deputados que o apoiassem, já que segundo a legislação, um deputado que sair da sigla pelo qual foi eleito precisa também abrir mão de seu mandato. Irá manter a tradição: trocar de partido igual troca de roupa.

Começa a baixaria: nosso presidente iniciou uma manobra para tirar Delegado Waldir (GO) da liderança do PSL na câmara dos deputados e colocar seu filho, Eduardo Bolsonaro. Em retaliação, o Delegado Waldir foi gravado chamando Bolsonaro de “vagabundo” e afirmando que o “implodiria”. As birrinhas aumentaram: Bivar tirou Flávio e Eduardo Bolsonaro da liderança do PSL no Rio de Janeiro e em São Paulo. Bolsonaro, por sua vez, tirou Joice Hasselman (SP) da liderança do governo no Congresso, já que ela apoia Waldir e Bivar nessa luta toda. Assim, temos o partido rachado entre Bolsonaristas e Bivaristas. 

E justamente Joice Hasselman e Eduardo Bolsonaro que protagonizam a parte mais ridícula: Joice afirmou que Eduardo é um menino mimado, que não consegue nada sozinho; Eduardo postou uma imagem da foto de Joice em uma nota de R$ 3,00, insinuando que a deputada é falsa; Eduardo a chamou de “Peppa Pig” no twitter e Joice respondeu o  chamando de “nem-nem: nem líder, nem embaixador”. Aquela ideia “da moral e  bons costumes” ficou só na campanha mesmo. Meus alunos do 6° ano agem de forma mais honesta e madura que essas figuras.

No fundo, acredito que nós fomos ingênuos em acreditar que o Messias não seria corrompido. Durante a campanha presidencial, Bolsonaro afirmava ser contra a reeleição, era favorável ao antigo discurso de que precisa haver rotação de partidos e pessoas para que a corrupção não se espalhasse. Em entrevista para a revista Veja (2018), durante campanha eleitoral, declarou: “Porque um dos grandes problemas do Brasil na política é a reeleição. O cara chega ao final do primeiro mandato dele, ou ele quer continuar no poder, que lhe deu fama e prestígio, ou ele quer continuar porque se o outro, o adversário, assumir vai levantar os esqueletos que ele tem no armário”. Será que há muitos esqueletos no armário do Bolsonaro?

No meio disso tudo, precisamos analisar onde estão os interesses do povo brasileiro. No Nordeste, há dias um derramamento de óleo está sujando as praias, causando poluição e matando vários animais marinhos. Ao invés de estar procurando uma solução para o problema – que não é o único em nosso país, mas um dos mais relevantes nessa última semana – estão todos brigando por liderança. E aí temos um ponto central em toda essa disputa: a disputa pelo poder. Há uma antiga e conhecida frase que afirma que para conhecermos verdadeiramente alguém, basta lhe dar poder. 

Enquanto era deputado, Bolsonaro apenas se envolvia em polêmicas com partidos da oposição, brigando por aquilo que acreditava ser o justo para o povo brasileiro, agora que tem mais poder, pretende manter-se e, mais do que isso, colocar seus filhos no mais alto escalão dentro da esfera política. Afirmava ser contra o nepotismo, mas bastou conquistar a Presidência que mudou de ideia – o poder da caneta, como ele mesmo menciona em alguns momentos – colocar seus filhos no poder passou a ser prioridade em seu governo. Essa não era a mudança que eu esperava.  

deixe seu comentário

leia também

leia também