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Brasileiro pede ajuda do Itamaraty para deixar o Sudão

“Todos organizados e já fechados com outras embaixadas. E a gente, estamos com quem? Só dizem que estão tentando resolver, porém, não encontram mais ônibus e nem van para nos tirar daqui”

g1

Última atualização: 2023/04/23 11:47:20

O carioca Paulo Sérgio, que está preso no Sudão devido à guerra civil no país, cobrou neste domingo (23) ajuda do governo brasileiro para conseguir sair do país durante o cessar-fogo anunciado pelo grupo paramilitar que disputa o poder com o exército do país.

“Todos organizados e já fechados com outras embaixadas. E a gente, estamos com quem? Só dizem que estão tentando resolver, porém, não encontram mais ônibus e nem van para nos tirar daqui”, cobrou Paulo Sérgio, atacante do Al-Merreikh.

O jogador, que atuou em clubes brasileiros, como o Flamengo, e no futebol de outros países, pediu mais ação em uma postagem nas redes sociais. Em uma postagem no fim da manhã, ele acusou o Itamaraty de ser omisso e desorganizado.

“Estão todos os estrangeiros saindo e inúmeros sudaneses”, disse o atleta.

Paulo Sérgio do lado da fila de carros que levam os estrangeiros até o aeroporto em Cartum, capital do Sudão — Foto: Arquivo pessoal/ Paulo Sérgio

Paulo Sérgio do lado da fila de carros que levam os estrangeiros até o aeroporto em Cartum, capital do Sudão — Foto: Arquivo pessoal/ Paulo Sérgio

Ele e outros 8 brasileiros que fazem parte do time estão em Cartum, capital do país, e tentam sair do território.

“Temos até 18h para sair daqui, senão isso vai ficar uma loucura. Já avisaram a gente! Estamos virados, tentando resolver os problemas por conta própria”, disse Paulo Sérgio.

Vinte e um brasileiros estão no Sudão, segundo as últimas informações enviadas pelo governo brasileiro.

g1 entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve resposta até a última publicação desta reportagem.

O jogador brasileiro Paulo Sérgio, que atua no Al-Merreikh, no Sudão, registrou tiros na capital Cardum — Foto: Montagem/g1

O jogador brasileiro Paulo Sérgio, que atua no Al-Merreikh, no Sudão, registrou tiros na capital Cardum — Foto: g1

Retirada de estrangeiros do Sudão

Além do Brasil, outros governos também estão negociando a retirada de seus diplomatas e civis do país. Veja abaixo um resumo:

  • Rússia: Planos de evacuação foram feitos, mas ainda são impossíveis de implementar, conforme o embaixador de Moscou em Cartum. 140 dos cerca de 300 russos no país disseram quererem ser resgatados.
  • Egito: Pediu para que seus cidadãos se abrigarem em casa até que a situação melhore no Sudão. Autoridades do país também afirmaram que um de seus diplomatas foi atingido por tiros, sem dar mais detalhes.
  • Arábia Saudita: retirou 91 sauditas e cerca de 66 pessoas de outras nacionalidades de em um navio saindo de Porto Sudão, principal porto marítimo do país.
  • Coreia do Sul: afirmou na sexta-feira que estava enviando uma aeronave militar para retirar seus 25 cidadãos no Sudão.
  • Canadá: suspendeu operações de trabalho em sua embaixada no país. Apenas alguns serviços estão sendo realizados.
  • Suíça e Holanda: afirmaram que estão enviando forças para retirar seus cidadãos.
  • Reino Unido: forças armadas do país concluíram neste domingo uma operação de retirada de diplomatas britânicos e suas famílias.
EUA e França começam a retirar diplomatas e civis do Sudão

EUA e França começam a retirar diplomatas e civis do Sudão

‘Todos os funcionários dos EUA retirados’

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse em comunicado que “todos os funcionários dos EUA e seus dependentes” foram retirados com segurança e que o país continuará a ajudar os americanos no Sudão a planejar sua própria segurança.

Além disso, um pequeno número de funcionários diplomáticos de outros países também foram evacuados na operação, que removeu perto de 100 pessoas, disseram autoridades dos EUA.

O grupo paramilitar RSF (Forças de Apoio Rápido, em português) também anunciou neste domingo (noite de sábado, 22, no Brasil) que está ajudando as tropas americanas a evacuar a embaixada de Washington na capital Cartum, envolta em violência.

O conflito

O grupo paramilitar afirmou que a trégua será feita para abertura de corredores humanitários e saída de pessoas da região. Por outro lado, o Exército sudanês não se manifestou sobre a trégua.

Os confrontos no Sudão ganharam grande repercussão no sábado (15) da semana passada e começaram depois de uma ruptura entre o Exército e os paramilitares.

Fumaça na capital do Sudão, Cartum — Foto: AP Photo/Marwan Ali

Fumaça na capital do Sudão, Cartum — Foto: AP Photo/Marwan Ali

Em outubro de 2021, os dois grupos se juntaram para dar um golpe que tirou os civis do poder. Agora, eles brigam pelo controle do país.

Antes da trégua desta sexta, outros cessar-fogos foram anunciados, mas acabaram sendo quebrados. Mais de 300 pessoas morreram e outras 3 mil ficaram feridas.

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