Houve em Roma um pretor que dava sentenças favoráveis a quem melhor pagava. Chamava-se ele Lucius Antonius Rufus Appius
Houve em Roma um pretor que dava sentenças favoráveis a quem melhor pagava. Chamava-se ele Lucius Antonius Rufus Appius. Sua rubrica era L.A.R. Appius. Daí chamar-lhe o povo larappius, nome que ficou sinônimo de gatuno.
Junto com esta bela história que ocupa as redes sociais, algo ficou esquecido no tempo e também é uma prática constante neste nosso País dirigido e governado por um bando de larápios. É o caso do famoso carteiraço, ou carteirada, do tipo: “você sabe com quem está falando?”
“Carteirada” ou carteiraço, é a ação ou prática de exibir carteira funcional de autoridade com a intenção de intimidar ou obter regalias. É uma das mais deprimentes heranças do passado de subserviência!
Esta prática é constante e percorre os quadrantes deste imenso Brasil, aplicada por membros do Judiciário, como foi o caso de uma desembargadora e uma juíza em Florianópolis além de João Carlos Correa no Rio de Janeiro.
Mas não é só nas capitais. Também no interior, mesmo uma carteirinha de barnabé que sequer existe, vale mais que uma profissão de comentarista de jornal ou a seriedade e honestidade de um cidadão que acha a lei feita para todos.
Não vai muito tempo, um inocente comentário estampado em jornal, rendeu uma ação judicial com pedido de indenização por danos morais. Mais recentemente, uma personalidade do poder legislativo Migueloestino foi flagrada com seu veículo estacionado em local proibido. A foto da infração foi estampada nas redes sociais e teve que ser removida, tal a força política da carteirinha do barnabé. Durma-se com um barulho desses.
MAIS CASOS
O gerente acaba de abrir a bilheteria do cinema. Tarde chuvosa, pouco movimento à vista. De repente, alguém entra e observa o cartaz. Cria coragem e se aproxima. Mete a mão no bolso, saca uma carteirinha de piloto comercial e pergunta se pode entrar sem pagar. “Não? Espere um pouco que eu vou dar um telefonema”, diz, em tom de ameaça, depois de ouvir a resposta negativa. Pega o celular e digita alguns números. Apesar da cara feia, vira as costas e vai embora.
A história do piloto que não queria pagar para entrar no cinema é apenas mais uma. No dia-a-dia são policiais, servidores públicos das mais diversas áreas, militares, jornalistas, estudantes, advogados, juízes, agentes penitenciários, promotores, parentes de desembargadores: o famoso “carteiraço” infesta o Brasil. Todos estão sujeitos a levar uma “carteirada” a qualquer momento.
Proprietários e gerentes de bares e casas noturnas, cinemas, teatros e até restaurantes, são os mais visados. Além desses, servidores públicos subalternos também estão sujeitos a levar carteiraços de autoridades que se dizem superiores, com o intuito de transgredir a lei sem sanções.
Poucos permitem ter seu nome revelado, já que o medo de represálias fala mais alto quando o assunto vem à tona. “Isso é muito comum, mas aprendemos a lidar com a situação”, afirmam alguns proprietários de bares e casas noturnas. “Policiais e militares pagam meia entrada, é a regra da algumas casas. Mesmo assim, estudantes de Direito e parentes de juízes tentam entrar sem pagar.”
CHAPÉU ALHEIO
A pior situação é a que define como “abuso de poder com o chapéu alheio”. Muitas pessoas que não tem nenhum cargo, mas que são parentes de juízes ou desembargadores, tentam aplicar a carteirada.
As longas filas também costumam motivar as carteiradas. São comuns entre servidores de secretarias municipais.
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
Da obra de Lima Barreto, se extrai que o excesso de patriotismo pode servir de chacota, embora todo o amor pela pátria.
Pois o Supremo Tribunal Federal acabou de exigir da Polícia Federal o cumprimento imediato da pena de cinco anos de prisão imposta ao deputado João Rodrigues, condenado pela Justiça Federal por dispensa irregular de licitação quando prefeito de Pinhalzinho.
Segundo sua assessoria, o deputado está em férias em Orlando, e devido a problemas, só retornará no próximo dia 9. Pode-se imaginar o tipo de problemas.
Em sua trajetória política, o deputado salvou a pobreza do Oeste Catarinense com seu programa de televisão, Depois, chegou a vez de Pinhalzinho ser salvo. Daí para Chapecó foram pouco mais 30 quilômetros. O pulo maior foi chegar em Brasília, onde teria encontrado campo fértil para chegar ao governo de Santa Catarina. No entanto, foi surpreendido por uma praia de areias movediças. Faltou o pulo do Gato.
MAIS UM TOMBO
O Brasil recebeu um inesperado rebaixamento na nota de risco. A agência americana Standard and Poor’s, colocou o Brasil mais distante da lista de países seguros para se investir. Em resumo, são dois terrenos e uma muralha. Quem está do lado positivo tem o carimbo de grau de investimento. Do outro lado é o grau especulativo. No fundo do poço está Moçambique.
O Brasil já esteve do lado bom da fronteira, em 2011. Três anos depois caiu um pouco, mas foi em 2015 que o país perdeu o grau de investimento. No ano seguinte, houve mais um rebaixamento e agora, 2018, o país afundou mais um pouco pra nota BB-. Com isso, o Brasil que antes estava acompanhado de países como Paraguai, Bolívia e Croácia passa a ter a mesma nota de países como Bangladesh, Costa Rica e Vietnã. E ainda há quem fale da Venezuela e do Paraguai. Devem achar melhor ter o Temer na presidência e a honrosa companhia de Bangladesh.
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