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Casal de 72 e 89 anos se recupera de Covid-19 em SC: 'Fiz amizades com tantos enfermeiros sem ao menos ver o rosto deles'

Maria Elisia de Souza ficou 20 dias internada e Affonso Ceolin passou 18 dias em tratamento, ambos no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão.

Última atualização: 2020/05/01 1:12:36



O casal Maria Elisia de Souza, de 72 anos, e Affonso Ceolin, de 89 anos, se recuperou do novo coronavírus após passar mais de 15 dias internados no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, no Sul catarinense. Ele foi o primeiro a se curar e aguardava ansiosamente a recuperação da companheira. A esperada alta médica chegou no dia 27 de abril, quando Maria deixou o hospital sob aplausos de médicos e enfermeiros. “Sempre me deram muito apoio. Eu e meu marido sair daqui vivo, nós dois idosos, é um milagre de Deus”, disse após receber as homenagens.

A filha de Affonso, Sirlene Thizon Ceolin, conta que a gratidão também foi expressada pelo pai. Ela ainda lembra que uma das primeiras frases dita por ele ao se recuperar da Covid-19.

“Quando ele estava na rua, já fora do hospital, ele levantou a cabeça e disse assim: ‘Fiz tantas amizades com tantos enfermeiros sem ao menos ver o rosto de nenhum deles’, isso me comoveu muito”, recorda.

Os profissionais de saúde que atendem pacientes diagnosticados com coronavírus precisam usar um equipamento de proteção individual (EPI) que inclui, além de máscara, macacão e um capacete, que esconde todo o rosto, deixando apenas os olhos à mostra. As roupas e acessórios especiais são utilizados para evitar que os profissionais tenham contato com o vírus.

Para Sirlene, a parte mais difícil foi ter que deixar o pai e a madrasta sozinhos no hospital, sem poder fazer visitas por causa dos protocolos adotados para evitar a transmissão da doença. Mas, depois de toda angústia, o sentimento de gratidão também é compartilhada por ela.

“Só temos a agradecer, são anjos na terra. Notícias só podíamos ter por telefone e sempre foram muitos atenciosos comigo”, diz.

Recuperação

Juntos há 20 anos, o casal ficou internado no hospital no mesmo período. Apesar de estarem no grupo de risco da doença, nenhum dos dois precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Affonso teve alta no dia 18 de abril após ficar 17 dias internado. Ele foi o primeiro a apresentar os sintomas e a dar entrada no hospital. Além da Covid-19, ele enfrentou também uma severa pneumonia bacteriana enquanto esteve na unidade.

Sirlene conta que o pai foi diagnosticado, inicialmente, com pneumonia, mas precisou ser internado  às pressas após o tratamento para a doença não resolver.

“Começou com fraqueza e febre. Uma semana depois levamos novamente do posto dele e o médico encaminhou urgente para o hospital. Quando saiu o resultado da tomografia, o médico me chamou e disse que meu pai ficaria internado por suspeita de Covid-19”, conta.

Dona Maria foi internada depois e passou 20 dias na enfermaria da unidade. Mas, somente dias depois, o companheiro soube que ela também estava com a doença. Sirlene conta que não quis causar preocupação durante o tratamento.

“Meu pai só ficou sabendo dez dias após ela também se internar com muita fraqueza e dores abdominais”, explica. Sirlene diz não fazer ideia de como o casal pegou a doença, pois nenhum dos dois saíram de casa durante o isolamento.

Cuidados redobrados

Ao longo da vida, Affonso já havia enfrentado um câncer de mama e uma cirurgia cardíaca, segundo conta a filha. Aos 89 anos, antes de receber o diagnóstico por novo coronavírus, estava ativo e saudável.

Desde que deixaram o hospital, por opção da família, eles têm morado em locais diferentes. É na casa da filha mais velha que Affonso tem ficado, enquanto Maria permanece na casa do casal e recebe os cuidados do filho.

Sirlene conta que ele não precisariam ficar isolados de ninguém, mas, como ele saiu antes dela, foi levado para a casa da filha para não ficar sozinho.

Depois, quando dona Maria recebeu alta, a família decidiu mantê-los separados para que ela pudesse se recuperar melhor, pois saiu mais fraca do hospital, conforme conta Sirlene.

“Quando ela estiver mais fortinha, vamos unir os dois novamente. A médica liga todos os dias pra saber como meu pai está. Ele está super bem, bem até de mais”, finaliza a filha aos risos, aliviada pelo pai ter conseguido vencer mais uma doença.


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