Esse título e o texto a seguir, pertence a Jornalista Elaine Tavares. A Palavra Nua de hoje resolveu vestir-se com essas palavras para falar de Educação, de vida, de um projeto onde todos e todas tenham dignidade
A Universidade necessária a Cuba serviu à revolução. Aqui, por enquanto, essa educação serve ao Capital, para tornar os jovens “apertadores de parafuso”, para fazer existir cada vez mais quem mande e quem obedeça. Então, quando encontro esse texto da Elaine, me vem a vontade de partilhar sobre os sonhos de uma educação que liberta e não que oprima. Boa leitura.
“Quando
a revolução cubana se fez vitoriosa, os estudantes universitários trataram de
tomar a universidade. Assumiram o controle das casas de estudantes, passaram a
impor regras aos antigos professores e a intervir na direção da universidade.
Queriam fazer valer suas demandas. Começaram então várias lutas internas porque
a revolução precisava dar a linha para o ensino universitário. Os estudantes
queriam autonomia, e não aceitavam que o governo revolucionário dissesse como
iria ser o ensino e que carreiras seriam prioritárias.
Então, o governo revolucionário mandou Che
Guevara para falar com os estudantes. Ele era um ícone. Haveria de ser ouvido.
E o que Che disse não foi o que os jovens queriam ouvir. Mas, foi o que era
preciso dizer. “Dizemos nossas verdades, talvez azedas, talvez injustas em
alguns aspectos, que machuquem talvez muita gente, mas que transmitem o
pensamento de um governo revolucionário honesto”.
E o que disse el Che aos jovens que
estavam querendo decidir seus destinos isolados da revolução? Que era preciso
uma universidade capaz de formar os técnicos, teóricos e profissionais de que
Cuba precisava. Que era preciso formar pessoas para fazer avançar a revolução.
Que o governo revolucionário tinha de apontar o caminho. “Quem tem o direito de
limitar a vocação de um estudante por uma ordem do Estado? Quem tem o direito
de decidir que apenas podem se formar dez advogados por ano e que devem se
formar cem químicos industriais? Isso é ditadura? Está bem, é ditadura. Mas a
ditadura das circunstâncias terá o mesmo caráter que a ditadura que existia
antes sob a forma de vestibular ou de pagamento de matrículas ou de exames que
iam eliminando os menos capazes?”
Che foi então confrontado com o ponto
central que dividia os estudantes. Eles clamavam por autonomia, não queriam a
intervenção do estado. E Che enfrentou,
com sua honestidade crua. Jamais mentiria aos jovens para conseguir o que
queria: “Não queremos aqui mistificar as palavras e tentar explicar que não,
que isso não é perda de autonomia, que na realidade não é nada mais do que uma
integração mais sólida, como o é na realidade.
Mas, essa integração mais sólida significa perda de autonomia, e essa
perda de autonomia é necessária para a nação inteira”.
Ele insistiu com os estudantes que a
batalha pela qual tantos cubanos deram a vida era a luta de uma nova classe
social que agora teria direito à cultura: “O que tentamos fazer desaparecer em
Cuba é a luta de classes. Quem se opõe a que um grande número de estudantes de
origem humilde adquira os benefícios da cultura, está tentando exercer um monopólio
de classe sobre esta”. A charla dura e verdadeira do guerrilheiro convenceu os
estudantes e Cuba seguiu seu caminho de belezas. Formou os profissionais que
precisava e é um dos países com mais alto índice educacional”.
Assim também, pelo Oeste Catarinense
seguimos nossa luta por uma educação, por uma comunicação que esteja à serviço
da liberdade, de um projeto de vida que se chama Justiça. Até a vitória.
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