Não é de hoje que a agricultura familiar brasileira desempenha um papel fundamental na produção de alimentos, sendo ela a responsável por abastecer as mesas dos brasileiros com comida saudável e de qualidade alimentar fantástica.
De vital importância para a nação, a agricultura familiar no Brasil produz 70% dos alimentos que vão parar na mesa dos cidadãos do país. O perfil deste ambiente rural vem evoluindo a cada ano com transformações sociais e tecnológicas. Indo das práticas agrícolas mais sustentáveis ao aumento de mulheres e jovens no campo, a agricultura familiar tem cada vez mais dialogado com a inovação e as tendências globais.
A agricultura familiar no Brasil de hoje tem procurado construir uma aliança de empreendedorismo, políticas públicas e sustentabilidade. Muitas famílias conseguem ter facilidade com sua sucessão no campo, onde agora os filhos podem enxergar melhores atrativos que motivem não só sua permanência, mas também a possibilidade de crescimento pessoal e profissional. A realidade mostra um meio rural mais tecnificado e democrático socialmente.
CINCO NOVIDADES DA AGRICULTURA FAMILIAR
Vamos ver então quais são essas cinco novidades desta agricultura familiar no Brasil do século XXI:
Irrigação por energia solar: Sistemas de irrigação são fundamentais para manter uma alta produtividade, prevenindo a produção das surpresas climáticas. Modelos como o de aspersão, microaspersão e gotejamento estão entre os mais conhecidos pelos agricultores, porém um quarto vem conquistando rapidamente novos adeptos devido a sua capacidade sustentável e econômica. É o caso do sistema de irrigação por energia solar que aproveita a alta incidência solar e a quantidade disponível de água no subsolo.
Neste conjunto as placas solares são instaladas normalmente em uma superfície de madeira e então ao captarem os raios solares fornecem energia a uma bomba hidráulica colocada dentro do poço artesiano. Um painel elétrico é conectado às placas solares. Em casos recentes de instalações em propriedades de pequenos produtores, a vazão registrada foi de cinco mil litros de água por hora.
Agroecologia difundida: A produção de orgânicos tem crescido constantemente no Brasil, difundindo-se fortemente em estados como o Rio de Janeiro, que possui um forte pólo de comunidades agroecológicas e formações técnicas e acadêmicas na área. Na agroecologia é possível deparar-se com as seguintes técnicas: adubação verde, adubação mineral, calendário biodinâmico, defensivos naturais e rotatividade de culturas.
A demanda no mercado por alimentos orgânicos vem aumentando e a expectativa é de que os pequenos agricultores continuem aprimorando as boas práticas agroecológicas. Neste tipo de produção abandona-se o uso de agrotóxicos e dá-se preferência por produtos naturais e tecnologias sustentáveis. O produtor que deseja ingressar neste ramo de produção deve procurar informações a respeito dos critérios para a obtenção da certificação em orgânicos, pois é uma forma de garantir qualidade ao ciclo produtivo.
OUTRAS NOVIDADES
Além da energia limpa e a produção orgânica a agricultura familiar tem buscado outras tecnologias e formas de produção sustentáveis e ampliar o leque de comunicação e integração com o mundo.
Biofortificação: A biofortificação consiste no processo de selecionar e melhorar cultivos agrícolas por meio de método convencional aumentando assim os níveis de minerais e vitaminas já contidos nestes cultivos. A biofortificação vem sendo adotada por pequenos agricultores em todas as regiões do Brasil.
A variedade biofortificada mais antiga no país é a batata-doce alaranjada Beauregard que possui índices mais altos de betacaroteno (vitamina A). A falta de nutrientes pode provocar doenças como anemia e cegueira noturna que costuma afetar muito os recém-nascidos e as gestantes. Cultivares biofortificados de milho, feijão, mandioca e feijão-caupi também podem ser encontrados em propriedades rurais familiares.
Regiões com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo costumam sofrer com a insegurança nutricional. Atualmente nesta situação, não foi por acaso que o estado do Maranhão assinou em 2017 um convênio com a Embrapa para expandir a produção de alimentos biofortificados entre seus agricultores.
O objetivo com a técnica é garantir que os agricultores incapazes de plantar uma maior diversidade de culturas possam estar abastecidos nutricionalmente com os alimentos possíveis de serem colhidos em suas propriedades. Isto é muito comum de acontecer em regiões de clima seco e solo pouco fértil, por exemplo no semi-árido, onde produtores concentram-se no plantio de variedades altamente adaptáveis e resistentes como a mandioca e o feijão. Atualmente mais de 30.000 indivíduos já foram beneficiados com os alimentos biofortificados.
Comunicação digital: A agricultura familiar no Brasil sofreu uma verdadeira revolução tecnológica. Novos implementos agrícolas chegaram ao campo e diversas ferramentas digitais tem auxiliado o produtor no plantio e colheita de sua área. Um estudo de 2017 feito pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, detalhou os novos hábitos do produtor rural. Dados revelaram que a inclusão tecnológica na comunicação foi uma das principais novidades da atual conjuntura, onde enxergamos um agricultor extremamente conectado:
Algumas pesquisas apontam que 96% utilizam o Whatsapp, 67% interagem com o Facebook e 24% usam o YouTube.
Manuais de plantio e calendários agrícolas são alguns dos exemplos de materiais consultados pelo agricultor na internet. A interação com órgãos de assistência técnica também foi uma das práticas facilitadas com o advento das novas tecnologias de comunicação.
MAIOR ATUAÇÃO DE JOVENS E MULHERES
O mesmo estudo de 2017 apontou que a idade média do produtor rural caiu de 48 anos (2013) para 43 anos (2017), e a presença feminina no meio rural aumentou em 7%. As mulheres têm tido maior participação na agricultura familiar, inclusive exercendo protagonismo em suas comunidades. A recessão que atingiu o Brasil entra neste contexto como uma possível influência para que a geração Y mire mais oportunidades no campo em vista do aumento do desemprego nos centros urbanos. Os jovens agregam mais dinamismo e costumam ser os primeiros a incentivar a implantação de adventos tecnológicos na propriedade familiar. Muitos ainda sentem falta de manter um diálogo aberto com os mais velhos, mas a desconfiança por conta da idade tem diminuído.
As escolas rurais já registram uma crescente na abertura de matrículas por parte dos jovens, que entram dispostos a se capacitarem e inovarem na propriedade da família. A formação técnica acaba sendo muito importante para uma prática eficiente de extensão no meio rural.
A agricultura familiar no Brasil dá exemplo ao aliar produção sustentável com tecnologia. O campo é um lugar muito propício às novidades e à aplicação diversa destas. É comum ouvir que o agricultor é talvez o ser mais otimista dentro sociedade, pois sempre precisa lidar com forças que fogem ao seu controle, como a própria natureza com seu clima e solo. Mas não se engane, a força de vontade dos homens e mulheres que trabalham no âmbito rural é um verdadeiro motor para o desenvolvimento do Brasil.
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