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Contexto nacional já impacta no Oeste Catarinense

Entre os impactos causados pelo resultado da operação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira, dia 17, entrevistados falaram sobre a perda na produtividade no Oeste Catarinense com a não exportação, desemprego, prejuízos que atingem setores ligados à agroindústria e endividamento dos pequenos agricultores com o sistema bancário

Última atualização: 2017/03/24 10:23:55

Charles Reginatto, Movimento dos Pequenos Agricultores.

Você já parou para analisar a procedência dos alimentos ao fazer suas compras no supermercado? A princípio, tem-se a ideia de que os produtos devidamente embalados e prontos para venda nas prateleiras são os ideais para o consumo, no entanto, outra observação passa a fazer mais sentido quando da divulgação em massa de informações como no caso da Operação “Carne Fraca”, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira dia 17.

Foram 21 frigoríficos envolvidos na investigação que apontou fraude por parte de funcionários do próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), nos Estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, os quais, recebiam propina para fazer a liberação para comercialização de carnes impróprias para o consumo. Empresas como a JBS S/A dona das marcas como Friboi, Seara e Swift e BRF – Brasil Foods S.A. dona de marcas como Sadia e Perdigão, conhecidas no Brasil todo e também no Oeste Catarinense, são investigadas nessa operação.

A reportagem do Jornal Gazeta conversou nesta semana com o membro do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Charles Reginatto, que apontou os impactos dessa operação para o Oeste Catarinense, região que possui um número significativo de produtores que fornecem a produção para algumas das empresas citadas na operação. Diante do contexto de que países da Europa estão interrompendo o elo de exportação com o Brasil e em um cenário que pode trazer a superprodução e quebrar a economia nacional, o questionamento é: Quais são os maiores impactos para o Oeste Catarinense nessa conjuntura toda?

Reginatto explica que a maior parte da produção provém dos pequenos agricultores. Segundo ele, são famílias inteiras que tiveram que se adequar ao processo tecnológico e estão altamente endividadas com os bancos. Com a quebra nas exportações, Reginatto menciona o desmonte desses pequenos agricultores em Santa Catarina. “Quem paga a conta não são somente as grandes empresas, mas, especialmente os pequenos agricultores e todos os outros segmentos que são dependentes da agroindústria. É o dono do posto de gasolina que vende seu serviço para esses agricultores, é o mecânico que conserta os equipamentos, é a economia local que é prejudicada, então, vai sobrar mais uma vez para os pobres”, disse ele, enfatizando que vários países já sinalizaram o boicote à carne brasileira. “Os E.U.A mais uma vez possuem muito interesse nisso. Em quebrar com a economia nacional”, acredita.

Conforme Reginatto, a situação não pode ser analisada de maneira isolada. Ele destacou que existem interesses envolvidos nessa operação e que a utilização de produtos como o ácido ascórbico nesses alimentos é permitida por lei e, nesse sentido, o debate não se resume, segundo ele, ao alimento comercializado de forma indevida.

 

A corrupção com os fiscais é histórica, diz Reginatto

Conforme Reginatto, a questão da corrupção de fiscais que fazem a liberação de tais produtos é histórica. “É um debate longo e histórico. Ao invés de se punir os responsáveis por cometer atos, se pune a indústria, um programa. Não dá para dizer que as indústrias não têm problemas, a gente sempre denunciou o modelo de concentração, oligopólio, esse modelo de padronização do alimento, do uso de alguns produtos que causam câncer e isso foi comprovado cientificamente. A legislação no Brasil protege as grandes empresas e prejudica as pequenas indústrias, são famílias que contribuem com o desenvolvimento local, que produzem um alimento menos processado. Pra nós conseguir uma autorização para comercializar é uma burocracia sem tamanho. Mas a questão agora é que há interesses por setores da economia nacional. Tudo isso que está acontecendo está relacionado com o golpe que está em desenvolvimento, com o desmonte da economia, desmonte do emprego, com a reforma trabalhista, previdenciária, terceirização de toda mão de obra”, .

 

Medidas para amenizar os impactos

A reportagem do Jornal Gazeta conversou com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), Ricardo de Gouvêa. Segundo ele, nesta semana várias reuniões foram realizadas a fim de reestabelecer as exportações. “Estamos fazendo um esforço enorme. Nessa semana tivemos reunião com Governador e setores envolvidos, além de conversa com os países para onde a exportação é feita”, disse.

Gouvêa defende que o problema foi pontual. “O que houve é uma questão pontual, envolvendo alguns profissionais. A indústria toda não deve ser condenada e, por isso, estamos realizando diversos diálogos. Acredito que caso não haja uma normalização, o Brasil, bem como a região, tem a perder e muito, tanto em número de empregos, de produtores e outros prejuízos que não temos calculado”, conclui. 

 

Contato com as empresas

            A reportagem também entrou em contato com a assessoria da empresa JBS que tem representatividade na região. Foram enviados questionamentos via e-mail conforme solicitado, no entanto, nenhuma das perguntas foi respondida. Apenas a nota que segue abaixo, foi enviada.

 

“Sobre a operação da Polícia Federal, a JBS esclarece que qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. A JBS exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. É anualmente auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes.

No Brasil, há 2.000 profissionais dedicados exclusivamente a garantir a qualidade dos produtos JBS e das marcas Friboi e Seara. Todos os anos, 70 mil funcionários têm treinamento obrigatório nessa área.

No despacho da Justiça, não há menção a irregularidades sanitárias da JBS. Nenhuma fábrica da JBS foi interditada. Ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais.  Um funcionário da unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação. A JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis.

Por fim, a JBS reforça seu comprometimento com a qualidade de seus produtos e reitera seu compromisso histórico com o aprimoramento das práticas sanitárias”.

 

Empresas investigadas:

Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.

BRF – Brasil Foods S.A. (dona de marcas como Sadia e Perdigão)

Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial

E.H. Constantino

Frango a Gosto

Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.

Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.

Frigorífico 3D

Frigorífico Argus Ltda.

Frigorífico Larissa Ltda.

Frigorífico Oregon S.A.

Frigorífico Rainha da Paz

Frigorífico Souza Ramos Ltda.

JBS S/A (dona das marcas como Friboi, Seara e Swift)

Mastercarnes

Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.

Peccin Agroindustrial Ltda. (dona da marca Italli Alimentos)

Primor Beef – JJZ Alimentos S.A.

Seara Alimentos Ltda.

Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística

Breyer e Cia Ltda.

Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP.


“Carne brasileira: boa para o Brasil e para o Mundo”, diz diretor do Sindicarne

Estado

José Antônio Ribas Júnior, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e diretor do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), se pronunciou referente aos desdobramentos da operação Carne Fraca. “      Ponto fora da curva, erro pontual, irregularidade praticada por um reduzidíssimo número de pessoas. Os delitos apurados pela “Operação Carne Fraca”, deflagrada pela Polícia Federal, precisam ser corretamente interpretados: foi uma minoria de sabotadores que agiu dentro de uma imensa cadeia produtiva notabilizada internacionalmente pela eficiência e segurança de suas operações”, comenta.

Segundo Ribas Júnior, a indústria brasileira de carne atingiu nas últimas décadas um elevado nível de segurança e qualidade em sua operação, condição internacionalmente admirada e reconhecida. “Os padrões de biosseguridade, os avanços genéticos e a atenção extrema à sanidade e ao manejo fizeram da nossa produção agropecuária uma das mais seguras de todas as cadeias produtivas, graças ao empenho e profissionalização dos produtores rurais e aos pesados, intensos e contínuos investimentos das agroindústrias”, argumenta.

O presidente lembra que as indústrias brasileiras e catarinenses de carnes, notadamente as de aves e suínos, adotam o que há de mais avançado em máquinas, equipamentos, processos e recursos tecnológicos, assegurando alimentos cárneos confiáveis e de alta qualidade. “Essas características permitiram à agroindústria brasileira e catarinense exportar carne para mais de 150 países, entre eles, os mais exigentes do planeta em termos de qualidade e sanidade. A par do rigor técnico em todas as fases do processo, os nossos frigoríficos adotam a melhor metodologia de controle interno de qualidade, além do acompanhamento de organismos externos como o respeitado Serviço de Inspeção Federal (SIF) e as frequentes auditorias de importadores”, afirma.

Segundo ele, é necessário compreender a dimensão, a complexidade e o elevado grau de desenvolvimento desse importante setor da indústria nacional para considerar que os fatos apurados pela Polícia Federal são isolados e representam lamentáveis exceções dentro da cadeia produtiva. “O compromisso supremo das indústrias de alimentação é a oferta de proteína segura e de qualidade para a nutrição das pessoas e das famílias. Por isso, o Sindicarne e a ACAV defendem a rigorosa apuração dos fatos e a exemplar punição daqueles que atuaram fora dos padrões exigidos. Os crimes investigados pela Polícia Federal representam uma excepcionalidade que deve ser reprimida com a força da lei. Mérito dos produtores e empresários da área, a indústria da carne é um setor que orgulha o País e assegura alimento nobre para a população do Brasil e do mundo”, conclui.


Charles Reginatto, Movimento dos Pequenos Agricultores.

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