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Coronavírus: com UTIs quase lotadas, Itajaí registra em média uma morte por dia

Ocorrências de mortes tiveram salto de 194% nos últimos 30 dias, chegando ao total de 50 óbitos nesta sexta-feira (10)

Última atualização: 2020/07/10 4:46:56

 


A contaminação pelo novo coronavírus está avançando, mas ainda não atingiu o pico em Santa Catarina. Os efeitos da baixa adesão ao isolamento social e a falta de manutenção de medidas restritivas, no entanto, já começam a dar sinais de alerta em Foz do Rio Itajaí. Maior município da região metropolitana, Itajaí chegou a marca das 50 mortes nesta sexta-feira (10).

O número de mortos acelerou nos últimos 30 dias. O crescimento foi de 194% – o que representa a média de uma morte por dia. Em 10 de junho, quando as estratégias regionalizadas de combate ao vírus estavam começando, o boletim municipal indicava 17 mortes. Após 30 dias, nesta sexta-feira, 10 de julho, o município já contabiliza 50 mortes.

Ocupando a primeira posição no ranking de mortes em Santa Catarina – empatado com Joinville -, Itajaí vive situação de alerta, segundo o secretário Municipal de Saúde, Emerson Duarte.

Na última terça-feira (7), quatro pessoas infectadas pelo vírus morreram em um único dia. Esse foi o número mais alto de mortes em 24 horas em todo o Estado.

“É uma situação preocupante. Estamos tratando de um vírus que ninguém conhece e que não tem vacina nem tratamento homologado pelas autoridades sanitárias. Mas nós não estamos medindo esforços para que possamos atender a cidade”, comentou.

Perfil das vítimas

De acordo com a última atualização, Itajaí tem 2.191 casos confirmados, sendo que 2.003 se recuperaram, 111 estão em isolamento domiciliar e 30 internados. Há pelo menos 90 pacientes com suspeita da doença aguardando o resultado do exame.

Dos que morreram, 70% (35 pacientes) eram idosos com 60 anos ou mais. Em relação ao gênero, 30 eram homens – o que representa 60% das vítimas. Em mulheres, o índice de mortes chegou a 40% (20).

Segundo o secretário de Saúde, boa parte das vítimas tinha problemas de saúde, o que ocasionou as complicações dos quadros clínicos.

“A questão é que as pessoas que estão perdendo têm doença crônica e algumas situações são inevitáveis”, amenizou.

Conforme levantamento do nd+ junto à Secretaria de Estado da Saúde, a hipertensão é a comorbidade mais presente entre as vítimas em Santa Catarina. É um quadro de saúde que não impede uma vida normal com a devida medicação.

Faixa etária das vítimas em Itajaí:

30 a 39 anos – 4 vítimas

40 a 49 anos – 6 vítimas

50 a 59 anos – 5  vítimas

60 a 69 anos – 14 vítimas

70 a 79 anos – 12 vítimas

80 a 89 anos – 8 vítimas

90 a 99 anos – 1 vítima

Hospitais

Pertencente à região considerada de risco potencial gravíssimo por conta da pandemia, Itajaí tem um hospital com 50 leitos públicos para atender pacientes adultos com Covid-19.

O Marieta Konder Bornhaunse recebe não só pacientes da cidade, mas também de Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí, Navegantes e Penha. Na quinta-feira (9), 10 leitos estavam disponíveis – o que representa taxa de ocupação 80%.

Para desafogar a demanda, o executivo municipal aguarda desde março a conclusão de outros 40 leitos. No entanto, as alas dentro do Complexo Madre Teresa devem ficar prontas apenas no fim de agosto.

Com a previsão de que o pico da doença ocorra no início do próximo mês, é possível que os novos leitos não estejam disponíveis até lá.

Além do Marieta, a Foz do Rio Itajaí possui uma ala com 26 vagas para adultos na Unidade Hospitalar Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú. Para crianças, a região dispõe de seis leitos habilitados no Hospital Infantil Pequeno Anjo.

Na região, o poder público diverge na contagem de leitos. Para as unidades hospitalares, há 82 disponíveis entre neonatal, pediátrico e adulto. O Estado afirma, porém, que são 141 ao todo.

Em nota enviada na terça-feira (7), a SES explicou que os dados de UTI  divulgados são gerais e englobam todos os leitos ativos contabilizados:

“A contabilização de leitos de UTI Covid pelo Estado funciona da seguinte forma: todos os leitos de UTI para pacientes de coronavírus são contabilizados como leitos de UTI Covid”, informava a nota.

Lockdown descartado

Na medida em que os números aumentam, governo do Estado e Prefeitura de Itajaí discutem fórmulas  de frear o vírus. De acordo com Emerson, um fechamento total chegou a ser mencionado, mas não deve ocorrer.

Conforme o secretário, o comércio segue as medidas sanitárias e a Vigilância monitora de perto a situação.

Além de campanhas de conscientização da população para que não saia de casa, o executivo trabalha com a prevenção. Mais de nove mil moradores já receberam o medicamento ivermectina como tratamento profilático ao vírus.

“A nossa intenção é cuidar das pessoas que estão na rua, fazer um atendimento profilático e tentar fazer uma barreira imunológica”, afirmou o secretário.

Gestores da região não concordam com a distribuição do medicamento, uma vez que não há estudos conclusivos sobre sua eficácia.

Segundo a profissional de saúde, a diferença nos números  não mostra a real dimensão do problema para a população.

“A situação está gravíssima desde 26 de junho. É horrível ver o tsunami e não poder fazer nada”, contou.

Nesta semana, alguns médicos assinaram uma carta de repúdio pedindo ações ao governo do Estado para toda Santa Catarina. Em nota, o grupo afirmou estar “extremamente preocupado com a rápida evolução da infecção e da necessidade de internação hospitalar”.

Funerárias

Apesar do aumento das mortes por Covid-19, as funerárias da região não sentiram o aumento de demanda. Funcionário do Crematório Athenas, Inácio Loiola conta que a pandemia causou a diminuição de mortes por acidentes na região.

“Como caiu o número de vítimas por outras fatalidades, está praticamente igual ao ano passado. Estamos atendendo todos com as medidas de prevenção, mas está tudo normal”, afirmou.

Desde o dia 25 de março, o Ministério da Saúde adotou protocolo que proíbe velório, limita o número de pessoas no sepultamento e exige que os caixões sejam lacrados. As empresas de sepultamento também devem seguir as exigências da Anvisa.

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