Ocorrências de mortes tiveram salto de 194% nos últimos 30 dias, chegando ao total de 50 óbitos nesta sexta-feira (10)
A contaminação pelo novo coronavírus está avançando, mas
ainda não atingiu o pico em Santa Catarina. Os efeitos da baixa adesão ao
isolamento social e a falta de manutenção de medidas restritivas, no entanto,
já começam a dar sinais de alerta em Foz do Rio Itajaí. Maior município da
região metropolitana, Itajaí chegou a marca das 50 mortes nesta sexta-feira
(10).
O número de mortos acelerou nos últimos 30 dias. O
crescimento foi de 194% – o que representa a média de uma morte por dia. Em 10
de junho, quando as estratégias regionalizadas de combate ao vírus estavam
começando, o boletim municipal indicava 17 mortes. Após 30 dias, nesta
sexta-feira, 10 de julho, o município já contabiliza 50 mortes.
Ocupando a primeira posição no ranking de mortes em Santa
Catarina – empatado com Joinville -, Itajaí vive situação de alerta, segundo o
secretário Municipal de Saúde, Emerson Duarte.
Na última terça-feira (7), quatro pessoas infectadas pelo
vírus morreram em um único dia. Esse foi o número mais alto de mortes em 24
horas em todo o Estado.
“É uma situação preocupante. Estamos tratando de um vírus
que ninguém conhece e que não tem vacina nem tratamento homologado pelas
autoridades sanitárias. Mas nós não estamos medindo esforços para que possamos
atender a cidade”, comentou.
Perfil das vítimas
De acordo com a última atualização, Itajaí tem 2.191 casos
confirmados, sendo que 2.003 se recuperaram, 111 estão em isolamento domiciliar
e 30 internados. Há pelo menos 90 pacientes com suspeita da doença aguardando o
resultado do exame.
Dos que morreram, 70% (35 pacientes) eram idosos com 60 anos
ou mais. Em relação ao gênero, 30 eram homens – o que representa 60% das
vítimas. Em mulheres, o índice de mortes chegou a 40% (20).
Segundo o secretário de Saúde, boa parte das vítimas tinha
problemas de saúde, o que ocasionou as complicações dos quadros clínicos.
“A questão é que as pessoas que estão perdendo têm doença
crônica e algumas situações são inevitáveis”, amenizou.
Conforme levantamento do nd+ junto à Secretaria de Estado da
Saúde, a hipertensão é a comorbidade mais presente entre as vítimas em Santa
Catarina. É um quadro de saúde que não impede uma vida normal com a devida
medicação.
Faixa etária das vítimas em Itajaí:
30 a 39 anos – 4 vítimas
40 a 49 anos – 6 vítimas
50 a 59 anos – 5
vítimas
60 a 69 anos – 14 vítimas
70 a 79 anos – 12 vítimas
80 a 89 anos – 8 vítimas
90 a 99 anos – 1 vítima
Hospitais
Pertencente à região considerada de risco potencial
gravíssimo por conta da pandemia, Itajaí tem um hospital com 50 leitos públicos
para atender pacientes adultos com Covid-19.
O Marieta Konder Bornhaunse recebe não só pacientes da
cidade, mas também de Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí, Navegantes e Penha.
Na quinta-feira (9), 10 leitos estavam disponíveis – o que representa taxa de
ocupação 80%.
Para desafogar a demanda, o executivo municipal aguarda
desde março a conclusão de outros 40 leitos. No entanto, as alas dentro do
Complexo Madre Teresa devem ficar prontas apenas no fim de agosto.
Com a previsão de que o pico da doença ocorra no início do
próximo mês, é possível que os novos leitos não estejam disponíveis até lá.
Além do Marieta, a Foz do Rio Itajaí possui uma ala com 26
vagas para adultos na Unidade Hospitalar Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú.
Para crianças, a região dispõe de seis leitos habilitados no Hospital Infantil
Pequeno Anjo.
Na região, o poder público diverge na contagem de leitos.
Para as unidades hospitalares, há 82 disponíveis entre neonatal, pediátrico e
adulto. O Estado afirma, porém, que são 141 ao todo.
Em nota enviada na terça-feira (7), a SES explicou que os
dados de UTI divulgados são gerais e
englobam todos os leitos ativos contabilizados:
“A contabilização de leitos de UTI Covid pelo Estado
funciona da seguinte forma: todos os leitos de UTI para pacientes de
coronavírus são contabilizados como leitos de UTI Covid”, informava a nota.
Lockdown descartado
Na medida em que os números aumentam, governo do Estado e
Prefeitura de Itajaí discutem fórmulas
de frear o vírus. De acordo com Emerson, um fechamento total chegou a
ser mencionado, mas não deve ocorrer.
Conforme o secretário, o comércio segue as medidas
sanitárias e a Vigilância monitora de perto a situação.
Além de campanhas de conscientização da população para que
não saia de casa, o executivo trabalha com a prevenção. Mais de nove mil
moradores já receberam o medicamento ivermectina como tratamento profilático ao
vírus.
“A nossa intenção é cuidar das pessoas que estão na rua,
fazer um atendimento profilático e tentar fazer uma barreira imunológica”,
afirmou o secretário.
Gestores da região não concordam com a distribuição do
medicamento, uma vez que não há estudos conclusivos sobre sua eficácia.
Segundo a profissional de saúde, a diferença nos
números não mostra a real dimensão do
problema para a população.
“A situação está gravíssima desde 26 de junho. É horrível
ver o tsunami e não poder fazer nada”, contou.
Nesta semana, alguns médicos assinaram uma carta de repúdio
pedindo ações ao governo do Estado para toda Santa Catarina. Em nota, o grupo
afirmou estar “extremamente preocupado com a rápida evolução da infecção e da
necessidade de internação hospitalar”.
Funerárias
Apesar do aumento das mortes por Covid-19, as funerárias da
região não sentiram o aumento de demanda. Funcionário do Crematório Athenas,
Inácio Loiola conta que a pandemia causou a diminuição de mortes por acidentes
na região.
“Como caiu o número de vítimas por outras fatalidades, está
praticamente igual ao ano passado. Estamos atendendo todos com as medidas de
prevenção, mas está tudo normal”, afirmou.
Desde o dia 25 de março, o Ministério da Saúde adotou
protocolo que proíbe velório, limita o número de pessoas no sepultamento e
exige que os caixões sejam lacrados. As empresas de sepultamento também devem
seguir as exigências da Anvisa.
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