O que está se avaliando no momento é o grau de risco das atividades. Aquelas com menor potencial – ou seja, com menos exposição ao contágio – devem ser as primeiras a serem liberadas. A tendência é que locais que costumam concentrar um volume maior de pessoas fiquem para um segundo momento
A retomada da economia de Santa Catarina acontecerá a
conta-gotas. Depois de bancos, lotéricas e cooperativas de crédito, que puderam
abrir as portas no início da semana, obras da construção civil, inclusive as
prestadas por profissionais liberais e autônomos, estarão liberadas a partir
desta quinta-feira (2).
A autorização se estenderá a toda cadeia do segmento,
incluindo lojas de materiais de construção, tintas, pedras, cimento, material
elétrico, tijolos, ferragens, ferramentas, mármores, revestimentos, brita e
madeira, entre outros. Corretores de imóveis também poderão atender mediante
agendamento prévio, mas sem abrir as imobiliárias.
A autorização para essas atividades foi deliberada nesta
quarta-feira (1) por um grupo de estudos econômicos criado pelo governo de
Santa Catarina que inclui secretarias de Estado, federações empresariais das
indústrias e do comércio, federação dos municípios catarinenses e ministérios
públicos federal, estadual e do trabalho. Esse “comitê da retomada” deve se
reunir diariamente para avaliar que outros segmentos podem voltar a funcionar.
Apesar de Santa Catarina ainda não ter chego ao auge do
contágio, o governador Carlos Moisés da Silva tem batido na tecla de que é
preciso estabelecer regras de “convívio seguro” com o novo
coronavírus enquanto o Estado equipa a rede hospitalar, com vistas ao
inevitável aumento no número de atendimentos relacionados ao Covid-19. Três
questões estão baseando as decisões: o que volta a funcionar, quando e como
isso vai acontecer.
O que está se avaliando no momento é o grau de risco das
atividades. Aquelas com menor potencial – ou seja, com menos exposição ao
contágio – devem ser as primeiras a serem liberadas. A tendência é que locais
que costumam concentrar um volume maior de pessoas fiquem para um segundo
momento.
De toda maneira, nada funcionará como antes. Regras rígidas
de segurança e saúde precisarão ser cumpridas. A portaria publicada pelo Estado
nesta quarta, que libera obras e a abertura do comércio relacionado à
construção civil, dá o tom do que deve vir para frente.
Obras com mais de cinco trabalhadores, por exemplo, deverão
fazer regime de escala e garantir a higienização constante do pessoal.
Operários de grupos de risco, ou que convivem com pessoas mais expostas à
doença, devem prioritariamente ser afastados sem prejuízo de salários. O mesmo
vale para quem apresentar sintomas como febre, tosse, coriza ou falta de ar. A
limpeza das áreas também precisará ser intensificada.
No caso do varejo da construção civil, valem as regras já
aplicadas aos bancos e lotéricas: afastamento de profissionais integrantes dos
grupos de risco, home office para setores administrativos, reforço de medidas
internas relacionadas à saúde do trabalho e higienização para evitar a
transmissão do coronavírus.
Além disso, devem ser organizadas filas com distância mínimo
de um metro e meio entre cada pessoa, evitando aglomerações. O estabelecimento
também vai precisar disponibilizar álcool em gel para os clientes e priorizar o
atendimento a idosos, hipertensos, diabéticos e gestantes.
Fontes que participam desse grupo de discussões acreditam
que até sexta-feira (3) novas deliberações serão feitas, envolvendo outras
atividades.
A volta aos poucos à normalidade, ainda que sob condições
especiais, envolve vários fatores. Busca-se movimentar minimamente a economia
para evitar a quebradeira de empresas e mais desemprego – que virá – e gerar
alguma receita para prefeituras e Estados, que já sofrem com pesadas perdas na
arrecadação. O isolamento social, no entanto, segue segundo recomendado. Por
isso, o apelo para sair de casa apenas em últimos casos continua valendo.
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