Como nessa semana deu-se início a 32º semana do migrante, que traz como lema: “Uma oportunidade para imaginar outros mundos”, a reportagem do Gazeta conversou com as integrantes da Pastoral do Migrante de São Miguel do Oeste e também foi recebida na casa de três famílias haitianas
Última atualização: 2017/06/23 10:54:54
Especial Haitianos | Semana do migranteCom a presença de integrantes da Pastoral do Migrante, Gazeta foi até a residência de Jacques Indy AugustinSão Miguel do OesteClaudia WeimanPara quem não conhece o contexto que vive a população do Haiti, país localizado na Região do Caribe, tem algumas dúvidas com relação ao porquê tantos haitianos e haitianas vieram para o Brasil nesse último período. Como nessa semana deu-se início a 32º semana do migrante, que traz como lema: “Uma oportunidade para imaginar outros mundos”, a reportagem do Gazeta conversou com as integrantes da Pastoral do Migrante de São Miguel do Oeste, Sandra Mara Ody Mohr e Maria Carmen Viero para falarem sobre essa realidade. O Haiti vive um dos períodos mais complicados de sua história. Em janeiro de 2010 enfrentou um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter e as consequências foram devastadoras. Segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos, mais de 200 mil pessoas ficaram feridas e quase duas milhões de pessoas tiveram que ser expropriadas de suas moradias. O número de mortos também ultrapassou os 200 mil. A vida em uma país que já vinha enfrentando problemas de origem política e social tornou-se ainda mais difícil. Em razão disso, Sandra Mara Ody Mohr explica que em São Miguel do Oeste criou-se a Pastoral do Migrante, para atender as necessidades dos imigrantes haitianos/as que foram chegando na região.Sandra destacou que há dois anos a pastoral existe no município e atende em média 90 haitianos. No ano passado, uma parceria entre a Paróquia São Miguel Arcanjo e o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) inaugurou um Curso de Português e Cultura Brasileira para estrangeiros-Básico, formando 27 educandos/as estrangeiros. Para esse ano, Sandra indicou que serão mais 30 vagas para haitianos/as, a iniciar no mês de agosto. Além dessas ações, Maria Carmen Viero explicou que a pastoral trabalha no encaminhamento e renovação de documentos, com atenção especial para garantir a legalidade dos haitianos no Brasil junto à Polícia Federal de Dionísio Cerqueira e realizando a renovação de passaporte junto ao Centro de Direitos Humanos Marcelino Chiarello, ligado à Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) de Chapecó. “Atuamos também no sentido de realizar algumas intervenções para conseguir creche para as crianças em razão da dificuldade que se tem de chegar no Poder Público muitas vezes. Todas as crianças haitianas aqui em São Miguel do Oeste estão frequentando creches e escolas”, salientou. Tem mais brasileiros no exterior do que imigrantes no Brasil Com a presença de integrantes da Pastoral do Migrante, Gazeta foi até a residência de Jacques Indy AugustinNo domingo dia 18 de junho, foi realizada uma celebração diferenciada na Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, onde os haitianos/as apresentaram uma canção e deram abertura a semana do migrante. Segundo Sandra, a apresentação impressionou muitos dos que estavam na Igreja. “É importante que a sociedade conheça os haitianos/as que estão em nossa região. Sabemos que o preconceito existe e, por isso, é importante buscarmos conhecimento sobre os dados da migração no Brasil e no mundo. Segundo a Polícia Federal, estão hoje no Brasil 1 milhão e 200 mil imigrantes, sendo que o Brasil tem 3 milhões de pessoas no exterior, então se alguém estaria ‘invadindo’ o País, roubando emprego, são os brasileiros que estão indo para fora. Temos mais que o dobro de pessoas brasileiras fora comparado ao que o Brasil acolhe. Antes de criticar precisamos conhecer os dados. Migrar é um direito de todos, não são as fronteiras que vão delimitar a vida digna das pessoas”, enfatizou ela. Sonise Elisma com o marido, filha e uma amigaA reportagem também foi até a casa de três famílias haitianas em São Miguel do Oeste e foi recebida primeiramente por Jacques Indy Augustin, 27 anos. Ele contou sobre a realidade que vive em São Miguel do Oeste e as dificuldades que enfrenta por estar desempregado. “Comecei a trabalhar bem, depois o patrão viu que o serviço estava bom, aumentou o serviço. Fui falar com ele e dizer que se o serviço estava bom porque não aumentar o dinheiro? Ele falou para esperar. As férias chegaram e depois ao retornar o patrão disse que não precisava mais dinheiro porque o salário era normal. Então fui mandado embora e por isso a dificuldade”, contou. Na casa da Sonise Elisma, 30 anos, a reportagem também foi recebida. Sonise é uma das poucas mulheres que conseguiu emprego e que já se comunica com maior facilidade com os brasileiros. “Vim junto com meu marido em 2014, depois meu marido retornou ao Haiti e trouxe nossos dois filhos, um de 10 e outro de 06 anos. Agora temos a Maria Luiza, com quase três meses. Estou trabalhando como serviços gerais e gosto muito daqui. Não quero voltar para o Haiti. Me comunico com meu pai e minha mãe e eles me falam que lá está cada dia mais difícil”, contou. Mirlande Belceus, 24 anos, também mora com o marido e o filho em São Miguel do Oeste. Ela chegou na região em 2015, o marido veio antes. “Quando cheguei aqui comecei a trabalhar em uma padaria. Agora estou em casa, já mandei muitos currículos mas está difícil conseguir emprego. Meu sonho é de viver bem melhor, quero um trabalho porque tenho um filho, tenho que trabalhar para ajudar ele a ter uma vida melhor”, finalizou.Em São Miguel do Oeste já nasceram em média 15 crianças filhas de haitianos e haitianas. A Pastoral do Migrante segue fazendo o acompanhamento das famílias e nesse período de inverno tem buscado doações principalmente de cobertores. Quem tiver alguma doação pode entrar em contato pelo telefone 3621-3946, na secretaria paroquial.
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