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DEPOIS DE TEMER

Última atualização: 2018/05/17 4:22:53

Michel Temer acha que vive numa redoma. Discursa para os seus fantasmas, conversa com ninguém e governa para suas fantasias. 

Acha que é Juscelino Kubitschek, o presidente dos 50 anos em cinco. No caso de Michel Temer, tentou adotar um slogan furado: “O Brasil voltou, vinte anos em dois”. O tiro saiu pela culatra. 

Uma campanha da Associação Brasileira de Imprensa dizia que uma vírgula muda tudo. O bordão de Temer virou piada antes de decolar: “O Brasil voltou vinte anos em dois”.

Em artigo para a imprensa, Michel Temer autoproclamou-se dizendo alto e bom tom: “Os resultados são incontestáveis em todas as áreas”. Incontestáveis são os indicadores de sua popularidade. Míseros 4% estão com ele. Apenas 0,9% votaria nele em outubro de 2018. 

O homem sujeito não perde a empáfia. Diz que O Brasil e os brasileiros devem escolher este ano entre continuar no caminho certo com resultados reais, ou buscar outras alternativas que gerem insegurança, crise, dívidas, inflação, recessão, desemprego e desesperança.

Michel Temer acha que está arrasando. A maioria da população acha que o governo dele é um dos piores da nossa história. Seu candidato preferencial, Henrique Meirelles, consegue ser mais inexpressivo do que o seu chefe. Segundo a mais recente pesquisa, Meirelles possui ridículos 0,3% das intenções de voto dos brasileiros. 

DESCOMPASSO

O descompasso entre governantes e eleitores mostra um país fora de ritmo. A política desafina. O presidiário Lula lidera com 32,4% das intenções de votos e ganha em todos os cenários nos quais é citado. O segundo colocado, o estridente Jair Bolsonaro, aparece com metade desse patrimônio, 16,7%.

Acossado pela Polícia Federal, pelo MP e pelo STF, com a filha passando a vergonha de explicar despesas pessoais pagas por amigos do pai, Temer revelou-se um pequeno ator. Pronunciou: “Registrem o meu sorriso”. Bobagem equivalente só a de Nero, Imperador Romano, que guardava suas lágrimas num vidrinho. Mas quem terá escrito essa besteira para o Temer? O mesmo publicitário que bolou o divertido “o Brasil voltou”? O governo de Temer agoniza. Para não ser perseguido, beneficia-se do pouco tempo que lhe resta. Alguns já o tratam com solene desdém. É bem verdade que não se chuta cachorro morto. Nem este colunista deveria fazê-lo, mas o faço para situar os coxinhas, entusiastas das mudanças frustradas. 

Será que Temer ainda pode fazer algum estrago? Ele bem que gostaria. A reforma da Previdência é o seu sonho, mas isto não vai emplacar. No país das contradições, a falta de virtudes dos parlamentares protegerá os brasileiros de mais uma vírgula mal colocada. Esta não irá fornecer material para uma biografia que não fique restrita à conspiração para chegar ao poder pela via da sacanagem aliada a um golpe. Temer chegou ao planalto com um programa de duas páginas intitulado “Uma ponte para o futuro”. Em breve, será passado. Vinte anos em dois. Ora pois pois, como diriam os patrícios Portugueses. 

OS POBRES

Segundo pesquisadores do Instituto de Sociologia da Academia Russa de Ciências e da Universidade Nacional de Pesquisa da Escola Superior de economia, que estudaram as especificidades da pobreza nos países do grupo BRICS. O Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento socioeconômico e diferem quanto à situação demográfica, ao nível de urbanização e ao ritmo de desenvolvimento.

Na Índia e na África do Sul é mais difundida a variante pré-industrial de pobreza, devido à grande proporção de população rural e à baixa produtividade agropecuária, enquanto no Brasil a pobreza está presente nos estratos menos privilegiados da população urbana, constituídos em grande parte por desempregados.

Na China, observa-se uma versão industrial da pobreza, a maior parte da população de baixa renda é composta por trabalhadores sem qualificação que migraram das aldeias há pouco tempo. 

O modelo russo combina todas essas variantes adicionando a elas a pobreza pós-industrial em megacidades, onde entre os pobres também se encontram jovens com boa formação. 

A diferença entre a Rússia e a China é que a pobreza na primeira está concentrada principalmente em áreas rurais (38%) e em pequenas cidades com população inferior a 100.000 habitantes (35,8%). 

São, portanto, diferentes padrões de pobreza: aqueles que são considerados pobres na Rússia poderiam ser incluídos na classe média nos outros países. 

De acordo com estatísticas oficiais, não existem na Rússia pessoas que vivam com menos de US$1,25 por dia (R$4,58/dia ou R$137,25 por mês ao câmbio atual). Na Índia, porém, quase um terço da população vive abaixo desse limite. No Brasil são 13%, na África do Sul, 10,7% e na China 6,1%.

A parcela da população que vive abaixo da linha oficial de pobreza se distingue de maneira menos significativa: 37% na índia, 26,8% no Brasil, 26,3% na África do Sul, 15,7% na Rússia e 2,5% na China. 

BOBAGENS POR BOBAGENS

Chamam atenção as bobagens de Michel Temer, os arroubos de Donald Trump, a roubalheira de deputados e senadores da República dos Estados Unidos do Brasil e outras desgraças mundo afora, que são motivo de alegria por parte dos arrependidos que acham a desgraça alheia um divertimento. 

Mas, nem Sanchas Parda escapa das chacotas. Para começar, espera-se que o Poder Legislativo sanchaspardense encontre tempo para entrar com algumas moções de aplauso ao alcaide municipal, que gloriosamente recusou uma emenda parlamentar.

Recusar uma emenda na terra das emendas, é algo inusitado. Equivale a recusar um prato de porchetta em Roma, um Hamburger em Miami ou um Einsbain com Chucrute em Itapiranga. Haja coragem.


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