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Dia dos pais – Um amor que supera a presença física

Diéricon Becker, de 33 anos, é pai de dois filhos, Felipe e Hellen. Ele foi pai solo e acompanhou cada momento da doença da Hellen, um caso que comoveu a região e nos traz muitas lições

Última atualização: 2019/08/11 8:56:41


A idealização de Super Herói nem sempre é a de filmes e desenhos animados, na verdade, para muitas crianças o primeiro herói não usa capa, não tem superpoderes e pode ser chamado de PAI! A representação da segurança, do amor, do colo e da força naquele que protege desde o primeiro colo nas primeiras horas de vida faz com que o caminho seja mais leve e alegre. Para um filho, o pai é sinônimo de proteção e carinho.

Mas e para um pai, o que significa um filho? Para Diéricon Willyan Becker, de 33 anos, de São Miguel do Oeste, pai solo de Felipe, de 11 anos e Hellen, de seis anos, os filhos significam amor e responsabilidade. “Ser pai para mim aconteceu na hora que tinha que ser, nunca foi planejado, e isso me trouxe uma responsabilidade muito grande, tive que me tornar um pai, porque quando me separei da minha primeira esposa, mãe do Felipe, optamos pela guarda compartilhada e mantemos assim até hoje. No meu segundo relacionamento, quando nasceu a Hellen, entramos em um acordo e a guarda ficou comigo e aí eu tinha a responsabilidade de levar e buscar na escola, de fazer almoço e janta, lavar roupa, limpar a casa, brincar e dar atenção para eles e ainda trabalhar para manter tudo isso. Não é fácil, mas sempre foi algo que fiz de coração, com amor, sempre fiz tudo o que pude por eles, estar com os meus filhos é tudo para mim, é magnífico. As pessoas me questionavam “como é cuidar de menina?”, é diferente sim mas sempre foi muito natural, um amor muito verdadeiro ”, explica Diéricon.

As doenças não marcam data e horário para chegar, simplesmente acontecem e é necessário buscar a cura da melhor forma. Foi assim, da noite para o dia, que surgiu um caroço no pescoço da pequena Hellen, aos cinco anos, e veio o tão temido diagnóstico: câncer. Nesse momento a vida de Diéricon muda completamente, conforme ele. “Esse período foi uma faculdade, já que profissionalmente falando é o momento que mais aprendemos. Eu tive que realmente encarar, uma coisa de cada vez, no primeiro momento achamos que não é isso, que é algo mais simples, “em uma semana estamos de volta”, eu pensei. Fizemos vários exames que confirmaram o tumor, fomos para Florianópolis, uma logística primeiramente assustadora porque imagina: você está tranquilo com seus filhos e de repente, do nada, um avião te esperando para levar um dos teus filhos para tratamento. Lá em Florianópolis foi complicado, o pensamento pesa muito, as patologias não fechavam, eu me mantive forte mas o impacto foi grande, quando chegamos na ala da oncologia e vemos todas as criancinhas foi pesado. Em setembro saiu o tipo do tumor e a quantidade do tratamento, seriam 54 semanas. Deu onze meses de tratamento, foi bem difícil, a gente fica todo dia nessa rotina, a gente tenta se enganar, mas pesa muito. Muda toda a rotina de uma criança de cinco anos, tirar a escola, os amigos, ficar no hospital, todo dia tratamento. A gente precisa aprender a sorrir, querendo chorar. Receita não tem para conseguir explicar, mas ela me dava muita força nesses 11 meses, ela falava “fiz o tratamento para o pai não ficar triste”, estava sempre alegre, sempre positiva. A Hellen nunca quis peruca, ela dizia que era linda careca, se maquiava do jeito dela e se achava linda. Tentamos sempre aproveitar todos os momentos, cada dia como se fosse o último”, lembra o pai.

Como a doença veio de surpresa, o pai precisou acompanhar Hellen no tratamento em Florianópolis, com a situação veio também a questão financeira, deixar o trabalho de lado, um dos filhos aqui, a casa e a família para passar o período necessário em busca da cura. “Quando aconteceu fui sem pensar e sem dar muita explicação na empresa em que trabalhava, mas depois a gente fez todos os documentos necessários para deixar tudo em dia, quando percebemos que não seria algo tão simples. Isso também foi bem assustador, porque não é só a doença, todos temos compromissos e responsabilidades mensais que temos que honrar e geralmente a gente não está preparado para um momento desses. Foram realizados eventos em prol da Hellen, as pessoas me chamavam querendo ajudar, a Hellen foi adotada por São Miguel do Oeste e região. Consegui ter uma calma, tranquilidade para resolver as coisas, sempre com cuidado, sem usar a imagem da minha filha para promoção. Consegui um suporte muito grande porque sabemos que dinheiro é fundamental para dar o “a mais”, para conforto dela, para fazer ela ficar bem e feliz, nos abdicamos de muita coisa para isso. Final do ano por exemplo, ficamos internados no natal e réveillon, e quando voltamos organizamos um aniversário para ela. Onde eu ia as pessoas queriam contribuir para a festa dela, que foi linda, eu não teria condições de dar uma festa nesse nível para ela. Ela começou um pouco tímida, mas depois fomos passando glacê no rosto para tirar as fotos, brincando, e ela se soltou, estava muito feliz”, conta.

A pequena Hellen faleceu no dia 24 de julho, em Florianópolis, após uma complicação da doença, mas o amor de pais e filhos é um amor que supera a presença física, que ultrapassa qualquer sentimento. A mensagem de Diéricon, neste dia dos pais é para que os pais aproveitem os momentos. “Como pai, eu acho que a gente precisa rever as prioridades, as crianças crescem muito rápido e aquele sorvete no sábado à tarde às vezes não é suficiente. Eu, graças à Deus, sempre aproveitei cada momento com os dois, sempre estava com eles junto comigo, cada final de semana, cada feriado, e continuo hoje com o Felipe. Às vezes, sea gente tem um futebol, uma festa, alguma coisa que a gente quer fazer, leva junto, anda junto, como se fosse um chaveirinho mesmo, aproveita ao máximo, porque a dor de não ter é bem complicada, sei que já tem pais que passaram pela mesma dor que eu estou passando. Hoje tenho o Felipe e não posso deixar a peteca cair, tenho que seguir.  A mensagem que eu deixo é que os pais aproveitem ao máximo seus filhos, cada desenho, cada rabisco que eles nos derem, sempre com muito carinho. A Hellen sempre foi muito carinhosa, sempre querendo estar junto. Não existe nada melhor que um filho se sentir seguro com o pai, os pais devem passar essa segurança, esse amor”, finaliza Diéricon.

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