Nessa sexta-feira, iniciamos uma série de reportagens sobre a doação de órgãos. Hoje, vamos apresentar a história de Jaqueline Decker, que já passou por um transplante de rins e está à espera de outro devido a rejeição do seu organismo ao rim, doado pela primeira vez, do pai
Doar um órgão é um ato de amor que pode significar a continuidade de uma
vida ou melhorar as condições de alguém. A frase “doe órgãos, doe vida” é
constantemente repetida pela mídia, com intuito de conscientizar a população da
importância de auxiliar o próximo. Mas, é difícil ter a dimensão da agonia, a
menos que se “viva na pele” ou conheça alguém que viva à espera de um doador
compatível. Na reportagem de hoje, contamos a história da migueloestina
Jaqueline Decker, de 37 anos, designer de moda e proprietária de um ateliê, que
é uma paciente que já passou por um transplante, mas necessita de outro.
Ela descobriu a necessidade de um transplante de rim ainda criança, mas efetivou o transplante quando tinha aproximadamente 20 anos. Conta que no início teve dificuldade em aceitar a situação. “Quando criança fui diagnosticada com a síndrome do rim policístico infantil, uma disfunção renal, então sempre fui a mais magrinha e pequena das irmãs e o médico já avisou que seria necessário um transplante. Na adolescência fui para a hemodiálise e sabia que logo viria o transplante e eu não conseguia lidar com essa situação. Isso mexeu muito comigo, eu tinha muitos sonhos e objetivos e todo o cuidado com o transplante não foi fácil”, destaca.
Porém, ela teve a sorte de encontrar um doador na família, seu pai, o
que agilizou o transplante. “Quando eu precisei fazer o transplante a minha
família começou a fazer exames para analisar se alguém era compatível, deu
certo com o meu pai. Então ele teve que mudar os hábitos, perder peso, parar de
fumar, se cuidar um pouco mais. E fizemos o transplante. Foi bom para nós dois.
Eu aconselho sempre que, quem tem esse desejo de ser doador, informe a família
e os amigos, isso ajudará outras pessoas e salvará vidas”, revela.
O transplante deu asas para a menina que sonhava em fazer muitas coisas
e guardava sonhos. “Aos 20 fiz o transplante, após quase um ano de hemodiálise.
Na época a tecnologia da hemodiálise e do transplante não era tão avançada
quanto é hoje, então era necessário ter mais cuidados. Transplantei em Porto
Alegre e a partir daí fui atrás do que eu sonhava. Morei em outra cidade e fiz
faculdade, aproveitei tudo o que eu podia como por exemplo, me divertir, estudar,
trabalhar e não me arrependo de ter “me jogado” assim na vida, era um sonho”,
relembra.
E ENTÃO, A MÁ NOTÍCIA CHEGOU
Mas o sonho de voltar a ter uma vida normal durou pouco, mais
precisamente oito anos, quando Jaqueline foi surpreendida com a informação da
rejeição crônica no órgão. “Após oito anos de transplante deu rejeição crônica
e eu consegui manter os rins por mais dois anos com medicação, mas a partir de
então caí novamente em hemodiálise, onde estou até hoje”, frisa.
Sonhadora e determinada, Jaqueline tenta não se abater com a nova
provação. Ela já chegou a encontrar um doador compatível, mas infelizmente não
estava prepara para um novo transplante, que é um dos objetivos. “Eu costumo
falar que toda moeda tem dois lados e eu já vivi os dois quando se trata de
problema renal: já fui transplantada e já estive em hemodiálise e fila de
espera. A hemodiálise para mim é tranquila, já não sinto tantos efeitos
colaterais, mas preciso de um tempo para conseguir fazer alguma coisa quando
saio da clínica. O transplante te dá vida, energia, mas eu também tinha a
imunidade muito baixa nesse período. Após cair novamente em hemodiálise, já
tive oportunidade de transplantar, mas não estava preparada para todo esse
processo. Agora eu sei que preciso de um novo transplante e preciso me preparar
para isso. Além de tudo, tem que ter um psicológico muito forte, esse é um dos
objetivos desse ano”, finaliza Jaqueline.
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