Uma amiga de muitos anos, daquelas que a gente pode confiar e contar com seu apoio, passa por uma separação. Na condição de profissional, poderia ouvi-la e ajuda-la de forma técnica, mas na condição de amigo, o apoio e o ombro são vitais neste momento. A situação é fato, provavelmente não haverá retorno à conjugalidade. Mas por outro lado, fiquei pensando: e depois?
O primeiro sentimento, nestes momentos, é de raiva, e isso pode ser muito complicado, mas ao contrário da tristeza, que é imobilizadora, esse sentimento pode dar a ela a energia que precisa para se mover. Entendo, por outro lado, que seja por isso que facilmente nestes momentos podemos nos sentir tentados a agir de forma mais ou menos impulsiva – implorando, enviando mensagens, tirando satisfações ou pura e simplesmente mostrando a nossa indignação. A pergunta que pode vir é: “O que desejo para mim neste momento?”. Se a intenção for procurar a paz, aceitando o fim da relação, temos que pensar nas escolhas que nos aproximam ou nos afasta? E se a intenção for tentar uma reaproximação? Será que estas escolhas nos aproximam ou nos afastam da pessoa?
Nem toda raiva pode ser exteriorizada. O desafio está em conseguir fazê-lo sem nos desrespeitarmos e sem desrespeitarmos a outra pessoa. Às vezes é preferível parar o carro no meio do nada e gritar à vontade ou agarrar numa almofada e descarregar nela toda a nossa fúria. É claro que vamos precisar falar, mas é mais provável que consigamos estruturar os nossos pensamentos se o fizermos primeiro, com alguém da nossa confiança.
Muitos dos nossos medos começam a dissipar-se precisamente à medida que reconhecemos a nossa força, mesmo dentro das fragilidades. Quando reparamos no afeto que nos rodeia, quando percebemos que não estamos realmente sós, sentimo-nos mais capazes de enfrentar a realidade, mesmo que ela seja – por agora- muito dura.
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