Cenário ainda é de incertezas diante dos casos de Covid-19, mas perspectiva inicial é de fortalecimento do turismo regional e redução de visitantes estrangeiros
Uma temporada diferente de todas as outras. Mais turismo
regional, com visitantes catarinenses e de outros Estados, e menos turismo
internacional. Essa é a perspectiva que se desenha para a alta temporada em
Santa Catarina diante do contexto gerado pela pandemia do coronavírus.
Em busca dessa perspectiva, a Santur elaborou uma pesquisa
de intenções de viagem que apontou o Estado como destino seguro, reforçou a
tendência do turismo regional e necessidade de adoção de cuidados contra a
Covid-19. O levantamento também ajudou a traçar o perfil de quem deseja visitar
Santa Catarina: idades entre 30 a 39 anos, preferência por viajar de carro, com
deslocamentos em um raio de até 300 quilômetros, acompanhado da família.
O presidente do Floripa e Região Convention & Visitors
Bureau, Humberto Freccia, destaca que a Capital está entre os melhores destinos
de lazer do país, mas há “um certo receio” porque as pessoas estão estressadas
e sem paciência para ficarem em casa. “Vai ser um estouro da boiada com ou sem
Réveillon, pois as pessoas vão querer molhar os pés na água do mar e prova
disso foi o feriado de 12 de outubro”, declarou Freccia, em referência às
aglomerações registradas na Praia do Rosa, em Imbituba, no feriado da
Padroeira.
Notícias positivas
Por isso, um grupo de trabalho foi montado pela entidade,
junto com a superintendência de Turismo de Florianópolis e outras entidades
para planejar a temporada. “É preciso ter o mínimo de estrutura nas praias,
pois o cidadão não está impedido de se deslocar. Vamos tentar oferecer a melhor
estrutura, mas não sabemos o volume de pessoas. Iremos receber muita gente como
em todas as temporadas, com a diferença de que podemos perder um pouco de
controle das pessoas”, afirma.
Segundo Freccia, o turista nacional que mora num raio de 500
quilômetros da Capital catarinense vai predominar, enquanto os argentinos e
chilenos deverão ser o turistas internacionais da temporada. “Estamos
divulgando notícias positivas, apresentando atrativos turísticos e explicando
que o setor hoteleiro está cumprindo os protocolos e apto a ter 60% de ocupação
podendo chegar a 80%”, ressalta.
Sem bola de cristal
Apesar dos encontros do grupo de trabalho, Humberto Freccia
lembra que o momento pré-temporada combinado com o cenário da pandemia e a
segunda onda verificada em países da Europa e o aumento de casos no Estado
ainda provoca apreensão dos operadores de turismo e clientes. “Não temos bola
de cristal porque estamos vivenciando um momento que nunca tivemos”, analisa.
Para o professor de Turismo Tiago Savi Mondo, traçar uma
expectativa real para a alta temporada é fazer um exercício de futurologia.
“Não existe um parâmetro de como essas situações (envolvendo a pandemia)
estarão em dezembro”, explica, diante das notícias confirmadas de nova alta de
casos na Europa. Porém, segundo Tiago, é possível apostar em uma temporada com
viagens mais curtas (menor tempo de estadia e deslocamento) e, com isso, o
fortalecimento do turismo regional.
Tiago também destaca a pesquisa da Fecomércio sobre a
demanda turística, que aponta um predomínio de turistas gaúchos, paranaenses e
paulistas, além de um incremento do número de catarinenses nas últimas
temporadas. A tendência deve se repetir na alta temporada, com um aumento de
turistas catarinenses e diminuição da representatividade de outros Estados.
Viagens devem ser definidas na última hora
O levantamento da Santur também apontou que os turistas que
optaram pelo deslocamento aéreo fizeram voos rápidos e que grande parte dos
turistas chegaram ao Estado por via rodoviária. O professor ressalta ainda que
as viagens deverão observar a lógica do setor como “last minute”, ou seja,
serão definidas na última hora. É uma tendência verificada no verão europeu e
nos feriadões no Brasil.
“Ninguém está comprando passagens ou reservando hotel de
forma antecipada porque ninguém sabe como vai estar, mas é óbvio que existe uma
demanda reprimida. As pessoas querem viajar”, completa.
A superintendência de Turismo de Florianópolis trabalha com
uma expectativa “boa” para a alta temporada, apesar da pandemia. “Para isso
precisamos intensificar o trabalho de sensibilização e promoção dos protocolos.
Esse é o nosso foco”, explica o superintendente Fábio Queiroz.
A combinação da variação cambial e a sensação de segurança
deverão atrair os turistas que deixarão de fazer uma viagem para o exterior.
“Estamos muito bem ranqueados como destino de lazer no Brasil e muitos turistas
que procurariam destinos fora do país estarão vindo para cá”, aposta Fábio.
Protocolos de prevenção
De olho na tendência de fortalecimento do turismo regional
com a pandemia, a Santur lançou no início de outubro o programa Viaje +SC, para
incentivar o turismo seguro dentro do Estado. Os estabelecimentos que aderirem
ao programa estarão alinhados aos protocolos sanitários para prevenção da
Covid-19.
Outro critério é a oferta de produtos e serviços
diferenciados e condições especiais para residentes ou nascidos no Estado, como
descontos e vantagens. O objetivo é estimular os catarinenses a conhecer mais
de Santa Catarina. O programa Viaje + SC também está alinhado às premissas do
Safe Travels, selo internacional emitido pelo WTTC (World Travel & Tourism
Council), com respaldo da OMS (Organização Mundial da Saúde). Ao lado de Rio de
Janeiro e São Paulo, Santa Catarina é um dos três Estados brasileiros que
conquistou o Safe Travels.
“O programa está alinhado aos protocolos sanitários de
reconhecimento internacional. Significa que os empreendimentos participantes
precisam estar comprometidos com as boas práticas sanitárias para assegurar aos
visitantes uma experiência de viagem segura e responsável“, completa o
presidente da Santur, Leandro Mané Ferrari. Estabelecimentos de Florianópolis,
Balneário Camboriú, Penha, Balneário Piçarras, Joinville e Laguna já receberam
o selo após 30 dias do seu lançamento.
Chilenos estão no radar dos catarinenses
Sem grandes expectativas em relação à presença dos
argentinos, Santa Catarina tem se esforçado para atrair os chilenos. Desde o
mês de agosto, a Santur e a Floripa Airport iniciaram conversas com a empresa
Sky Airline para garantir voos frequentes da companhia aérea chilena para a
Capital.
A empresa opera em baixo custo (low cost) e realizou na alta
temporada de 2019 voos diretos entre Santiago e Florianópolis. A expectativa é de
que até o início da alta temporada o espaço aéreo chileno esteja aberto para
voos internacionais.
Os voos deverão ser ofertados entre 3 de dezembro até 7 de
março. A rota começará com dois voos semanais, nas quintas e aos domingos, e a
partir de janeiro receberá uma frequência adicional às terças-feiras. No total,
a Sky projeta realizar 74 operações (entre pouso e decolagens) no período, o
que representa 41% da oferta de voos da cia aérea no aeroporto de Florianópolis
na última temporada. A empresa chilena também pretende implantar outra rota,
com voos vindos de Lima, no Peru.
Participação no PIB de Santa Catarina
Visitantes: 16,3 milhões
PIB estadual: 12%
Arrecadação (ICMS): R$ 630 milhões
Regiões turísticas: 13
Atrativos: 400
Pontos turísticos: 3,5 mil
12 vezes eleito “Melhor Estado Brasileiro para Viajar”, pela
revista “Viagem e Turismo”
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