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Empresário que ostentava na web é procurado por enviar 6 toneladas de cocaína à Europa

Eduardo Cardoso, dono da empresa de comércio exterior que atuava no Porto de Santos, ostenta vida de luxo nas rede sociais. Ele é apontado como integrante de uma organização criminosa.

Última atualização: 2019/08/28 6:24:13


Eduardo Oliveira Cardoso, de 43 anos, foi flagrado escondendo cocaína em carga de frango — Foto: Reprodução


O empresário Eduardo Oliveira Cardoso, de 43 anos, é procurado pela Polícia Federal por suspeita de participar do envio de pelo menos seis toneladas de cocaína à Europa por carregamentos no Porto de Santos (SP) e outros complexos brasileiros. Ele aparece em um vídeo, em um galpão frigorífico, durante a ocultação de droga em carga de fígado de frango congelado.


Cardoso é apontado como integrante da quadrilha que foi desarticulada na terça-feira (27) durante a operação Alba Vírus, que apreendeu mais de R$ 28 milhões em espécie, 10 carros de luxo, 26 caminhões e R$ 23 milhões em imóveis de alto padrão. Doze pessoas foram presas e cinco permanecem foragidas, entre elas o empresário do ramo portuário.


Eduardo Cardoso se identifica como CEO da Broker, fundada em 2002 e que tem sede administrativa em um edifício em área nobre em Santos (SP). Nas imagens divulgadas pela PF, encontradas em celulares apreendidos durante a fase inicial da investigação, ele aparece conferindo a ocultação de tabletes de cocaína na carga de congelados.


A gravação ocorreu no final de 2018 em um galpão da empresa, localizado na Grande São Paulo, e o carregamento foi despachado por Paranaguá (PR). O vídeo, segundo a delegada federal Fabiana Lopes Salgado, responsável pelas investigações, servia como um comprovante do serviço de venda e transporte da droga aos recebedores na Europa.


A maneira como a cocaína foi escondida chamou a atenção da Polícia Federal para um carregamento de 1,4 tonelada de cocaína encontrada em julho deste ano, no Porto de Santos, da mesma maneira: escondida em meio à carga de frango em contêineres frigoríficos. A empresa de Eduardo também estava envolvida no despacho desta carga.


Nas redes sociais, o empresário mantém publicações que mostram a vida de alto padrão que mantinha e sobre bastidores do trabalho, inclusive compartilhou fotos do mesmo galpão de onde foi filmado na ocasião da ocultação da droga. Em uma postagens, o investigado destaca ainda ações beneficentes, como doações feitas a entidades.


Ele mora em São Paulo e os endereços dele foram alvos de mandados de busca e apreensão, autorizados pela 5ª Vara Federal de Santos, no âmbito da operação. O empresário, contra quem há um mandado de prisão temporária (válido inicialmente por cinco dias), também não foi localizado e é considerado oficialmente foragido pela Polícia Federal.


Quadrilha

Apesar da atuação, Eduardo não é apontado como líder da organização. Segundo a Polícia Federal, a chefe é Karine de Oliveira Campos, que já responde a três processos por tráfico internacional em liberdade. Ela também está foragida, assim como marido, Marcelo Mendes Ferreira, principal comparsa e responsável pela logística do esquema.


Outros dois procurados são Éder Santos da Silva, investigado em 2008 durante a Operação Contato da Polícia Federal na Bahia, também pelo mesmo tipo de crime, e José Carlos dos Santos Beserra, preso por roubos a banco nos anos 2000 e dono de um imóvel em Guarujá, no litoral paulista, onde havia uma sala secreta para guardar drogas e armas.


Foi nesta casa, em fevereiro deste ano, que o ex-PM Mario Marcio da Silva, foi preso com mais de uma tonelada de cocaína e R$ 1 milhão em espécie, conforme o G1 noticiou na época. Neste mês ele foi condenado, também pela 5ª Vara Federal de Santos, a mais de 14 anos de prisão por tráfico internacional em decorrência do flagrante.


A prisão do PM reformado, em Guarujá, ocorreu após monitoramento das equipes das PF em Santos e da Bahia, que já investigavam o local e o alvo. No flagrante, foram localizados 21 celulares com imagens que contribuíram para a deflagração da operação Alba Vírus, evidenciando o esquema criminosos e os envolvidos.


O delegado Ciro Tadeu Moraes, chefe da PF em Santos, explicou que os criminosos identificados tinham “organização recente”. Segundo ele, toda a quantia apreendida na operação, assim como os bens, são decorrentes da venda do entorpecente a narcotraficantes europeus. Não há informações de que outros agentes financiavam o esquema ilícito.


Já foram localizados e presos por ordem de mandados de prisão temporária:


Sandra de Oliveira: mãe da líder do esquema, Karine, e realizou depósitos milionários;

Damaris de Almeida dos Santos Andrade: amiga de Karine e realizou depósitos milionários;

Janone Prado: companheiro de Damaris e atua na logística da droga;

Marli Aparecida de Andrade Santana: amiga de Karine e “testa de ferro” em vários negócios;

André Luis Gonçalves: atua na parte logística e financeira do grupo;

Wanderley Almeida Conceição: atua na logística e distribuição de droga;

Anderson Gomes Alvarenga: possui movimentações milionárias de valores em espécie;

Josiele Santos Fonseca: efetuou depósitos milionários em espécie e inaugurou salão de beleza na avenida Ana Costa, em Santos;

Aline Aparecida Souza dos Santos: participação não informada;

Carlos de Figueiredo Marinho: participação não informada;

Cristiano Lino Menezes: participação não informada;


O pai de Karine, Antônio da Costa Campos, também era alvo inicial e uma ordem de prisão também foi expedida pela justiça. Entretanto, ele morreu afogado em uma praia de Itajaí antes da deflagração da operação. Segundo a PF, ele participava dos negócios do grupo, possui diversos imóveis, mas não tem “lastro patrimonial” que os justifique.


A defesa do ex-PM Mario Márcio da Silva afirma que o cliente é inocente e, na ocasião da sentença, disse que recorreria da pena.


O G1 não conseguiu contato com os demais investigados presos, foragidos e com os representantes da empresa localizada em Santos até a última atualização dessa reportagem.


Alba Vírus

Duas pessoas foram presas na capital paulista, uma na Bahia e o restante em Santa Catarina. Em Itajaí (SC) foi para onde a quadrilha migrou na ocasião a prisão do ex-PM em Guarujá, justamente para tentar despistar as autoridades. Entretanto, os bens que acumularam e mantinham pelas cidades chamaram a atenção da Polícia Federal.


A Operação Alba Vírus, que significa veneno branco em latim, cumpriu 42 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Bahia, e 12 mandados de prisão temporária – 5 ordens de prisão permanecem em aberto. Todas as ordens foram autorizadas pela 5ª Vara Federal de Santos em julho.


Eduardo Oliveira Cardoso, de 43 anos, foi flagrado escondendo cocaína em carga de frango — Foto: Reprodução

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