João Gabbardo falou que é difícil estabelecer curva única para o país
Em entrevista divulgada pela AFP nesta quarta-feira (3), o
ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde João Gabbardo afirmou que a
pandemia do novo coronavírus ‘ainda não começou’ em regiões do sul do Brasil.
Segundo ele, é possível que a rede hospitalar dessas áreas seja colocada à
prova nas próximas semanas.
Gabbardo é médico e atuou como braço direito do ex-ministro
Luiz Henrique Mandetta no governo federal. No momento, ele é membro do Centro
de Contingência do combate ao coronavírus em São Paulo.
— A gente tem dito que não temos uma curva no país. O Brasil
é muito grande e tem muitas diferenças por estados, nós temos várias curvas. Temos
locais no sul do país onde não começou a epidemia. Tem locais como Manaus,
Belém, Fortaleza, em que já passou o pico, alguns já estão na fase de platô e
alguns estão na fase descendente — afirmou.
Gabbardo citou especificamente Santa Catarina ao falar sobre
a preocupação com o aumento de casos de doenças respiratórias com a chegada do
inverno.
— Temos muito receio porque historicamente no Rio Grande do
Sul e em Santa Catarina as próximas quatro semanas é o período em que todos os
anos há um volume muito maior de doenças respiratórias por conta do inverno. Se
isso acontecer, junto com o aumento dos casos de Covid-19, pode ser uma pressão
muito alta para que os estados possam garantir todo o atendimento — disse.
O ex-número 2 de Mandetta afirmou, no entanto, que também há
a possibilidade de que estados do sul do país não sejam tão atingidos pela
pandemia, a exemplo do que aconteceu na Itália.
— A distribuição da pandemia não é muito homogênea —
ressaltou.
Santa Catarina, ao lado do Rio Grande do Sul e do Paraná,
figura na lista dos estados brasileiros com menos casos proporcionalmente e tem
menos de 30 óbitos por milhão de habitantes. Comparativamente, Belém, a capital
do Pará, lidera a lista com 900 mortes por milhão de habitantes.
No momento, Santa Catarina soma 10.034 casos confirmados de
Covid-19 e tem 152 mortes pela doença, segundo a última atualização da
Secretaria de Estado de Saúde (SES), feita na quarta. A taxa de letalidade é de
1,51%.
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