Home Exemplo de Amor incondicional: Pai cria sete filhos, quatro de sangue e três adotivos

Exemplo de Amor incondicional: Pai cria sete filhos, quatro de sangue e três adotivos

Conheça a história de um verdadeiro “Paizão”, que assumiu a criação de sete filhos e, em meio as dificuldades de ser pai solteiro, construiu uma família unida e feliz

Última atualização: 2018/08/09 5:00:22


“PAIZÃO” Ateneu Assumpção, de 75 anos, é exemplo de amor incondicional (Foto: Gisele Petry)


 “Bom dia, sei que é meio clichê, mas o meu pai é um paizão! Meu nome é Talita Assumpção e tenho 29 anos. Meus pais são separados desde os meus dois anos. Quando eu tinha uns quatro anos, minha mãe ligou para o meu pai e disse que não tinha como cuidar dos filhos, então ele foi nos buscar em Fraiburgo/SC. Para mim, ele é um paizão porque ele era sozinho, solteiro, e não piscou na hora de tomar a decisão de buscar duas meninas, filhas de sangue, e mais meu irmão mais velho, que era filho só da minha mãe. Mesmo que tenha criado o meu irmão por pouco tempo, ele carrega seu sobrenome, pois meu pai o registrou e tem um amor muito grande…Mesmo nas dificuldades, nos proveu; É um super avô; É meu orgulho e meu herói! Meu paizão é o Ateneu que, para mim, é o maior pai do mundo”, Talita.

Assim começa a nossa história. Contada por uma filha que vivenciou a provação do amor paterno incondicional. O pai, de quem ela conta nessa mensagem, é o senhor Ateneu Assumpção, hoje 75 anos e natural de Roca Sales- RS. Solteiro, veio para São Miguel do Oeste sozinho há 31 anos, passando a trabalhar como protético na cidade. Ao saber da notícia, ele pediu dispensa do serviço e viajou para Fraiburgo reassumir os filhos. 

“Nós estávamos separados. Um dia, a mãe delas ligou e pediu se eu queria elas e que eu podia ir buscar, e eu fui voando. Avisei meu chefe do trabalho e ele se dispôs a ir junto, então saímos no outro dia de madrugada, e antes das cinco horas da tarde nós já estávamos de volta com eles”, lembra.

Ateneu complementa: “Esse mês que passou fez 25 anos que eu busquei elas em Fraiburgo. A Talita tinha quatro anos e a Luana tinha sete. Elas sempre estiveram juntas. Quando fui buscar elas eu não tinha um talher, uma colher, ou um prato. Tive que fazer tudo em questão de 24 horas. Mas fomos levando, e levando, e hoje, após esses 25 anos, felizmente já passamos por várias tempestades, mas nunca nos afastamos”.

Segundo ele, a principal dificuldade era trabalhar e pensar no cuidado dos filhos e na segurança deles. Por isso, ele contratou uma babá, que logo se tornou sua companheira de vida. “Eu tive a sorte de encontrar a Iza, que tinha uma mão forte com as crianças. Iza também tinha um filho que eu assumi. Cuidar do filho de outros é difícil, porque sempre tem aquela de: será que estou fazendo certo? Entre eles a adaptação foi tranquila, com um pouco de desavenças, mas dentro do normal de qualquer família. E hoje, felizmente, praticamente estão todos adultos e no resumo, nós nos saímos bem”, destaca o pai. 

Izanete Franco, a Iza, tinha 19 anos na época na qual foi trabalhar como babá para Ateneu. Ela conta que nas primeiras investidas do patrão havia desistido de trabalhar na casa, mas ao perceber que ele realmente a queria como companheira resolveu aceitar viver com a família. “Na época eu já tinha meu filho pequeno, o Lenoir, e mesmo assim o Ateneu nos acolheu. Eu digo que éramos todos crianças, porque eu brincava junto com os filhos naquela época. Ele praticamente teve que me criar junto também, então ele foi uma pessoa incrível com todos nós. Mesmo sozinho, superou tudo e fez o seu melhor”, destaca Iza. 

O paizão Ateneu tem, ao todo, sete filhos: Joziane e Viviane de 39 anos, Eduardo de 35 anos, Luana de 32 anos, Talita de 29 anos, Lenoir de 26 anos e Graziela de 15 anos. Destes, quatro filhos são de sangue e três adotivos, seus filhos de coração. Todos registrados e carregando na identidade o sobrenome do paizão Ateneu. 

Uma “Grande Família” 

“Falar é um pouco difícil, porque logo a gente fica emocionado. Como eu coloquei na mensagem, pode ser um clichê, mas meu pai é um paizão! Foi um ato de coragem encarar duas filhas pequenas sozinho, com 24 horas para arrumar tudo. Nós fomos criados todos juntos, e não tivemos uma vida de luxo, mas tivemos o suficiente para sermos o que somos hoje. Tenho muito orgulho na nossa família, porque cada um tem um pedacinho, uma garra do seu Ateneu”, conta. 

Conforme Talita, a família tem uma brincadeira interna sobre o pai. “Em casa chamamos ele de senhor Lineu, porque o Lineu da grande família faz tudo certinho. E o seu Ateneu é exatamente assim”, afirma. 

Um fato que uniu ainda mais a família foi o infarto que o pai sofreu há alguns anos. “Meu pai é meu melhor amigo. Companheiro de casa, de esporte, de conselhos. Meu paizão é o meu melhor exemplo”, descreve Lenoir. 

“Eu tentei ser com ele o que o meu falecido pai era comigo. Não apenas pai, mas amigo, coisa que eu já trouxe de berço. Me pai era um cara trabalhador e mão de ferro, apesar de que eu não fui lá tão mão de ferro assim com meus filhos, mas eu sempre tentei ser o mais amigo possível. Eu penso que todos os pais devem ser assim com seus filhos”, evidencia Ateneu. 

Segundo a filha Luana, a principal característica da família é a união. “Quando alguém tem algum problema o outro já está lá para defender e para ajudar. Eu sempre digo que existe muita mãe que é pai, mas o nosso é PAI e MÃE”, conta emocionada. 

A filha mais nova é a Grazi, com15 anos, considerada carinhosamente o nêne da casa. Ela nasceu quando Ateneu tinha 60 anos. “Por ser a mais nova eu fui a mais mimada de todas e peguei a parte mais calminha dele.  A minha relação com meu pai é de muita admiração, eu diria, porque ele é uma pessoa extremamente inteligente.  Além disso, ele é uma grande inspiração para mim. Dizem também que sou muito parecida com ele, e que não tenho nada da minha mãe, sendo que considero isso como um elogio em certa parte, porque eu o tenho como uma grande pessoa convivendo comigo e o admiro em vários quesitos”, frisa a jovem. 

Ser pai é trilhar um caminho incerto, mas com a confiança de fazer seu melhor 

“Às vezes eu olho para eles e me pergunto, será que eu seria quem eu sou ou, chegaria até aqui, se eu não tivesse eles? Eu sempre tive meus filhos perto de mim, com exceção de uma filha que se criou longe, mora em Colombo no Paraná, mas sempre com minha assistência”, ressalta.

Para encerrar, o paizão Ateneu relembrou a infância ao lado dos filhos, trazendo à tona cada história registrada nas fotografias, e guardadas com amor em sua memória. “Olha, criar filhos sem auxílio da mãe é difícil. Aprendi que filho tem que estar sempre nas mãos, por perto. Não tem valor no mundo que se assemelha ao valor de um filho, de dizer: é meu! Namoros passam, filho não passa…é nosso hoje, amanhã e sempre. E deve ser dada bastante atenção e amor à eles. Minhas filhas são bastante amorosas comigo e o Leno é bastante atencioso também e, se eu pudesse voltar atrás faria tudo de novo. Talvez até melhor, porque eu já teria aprendido alguma coisa. No início de tudo eu estava meio perdidão, só queria saber de ter meus filhos perto de mim. A gente tem que ter um objetivo na vida e o meu objetivo é sempre estar junto com meus filhos e filhas, e meus netos que vem me visitar e são meus xodós”, finaliza o paizão Ateneu Assumpção. 


"PAIZÃO" Ateneu Assumpção, de 75 anos, é exemplo de amor incondicional (Foto: Gisele Petry)

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