Notícias neste início de 2018 ressuscitam um fantasma sumido por longo tempo. Duas das mais famosas regiões produtoras de vinho da França estão na mira da justiça por fraude. Segundo a Revista Adega “promotores franceses estão acusando a empresa Grands Vins de Gironde (GVG), que pertence à família Castéja, um dos principais negociantes de vinho de Bordeaux, de fraude. Os promotores alegam que a GVG misturou ilegalmente vinhos de denominações de origem com vinho de mesa, além de vinhos de denominações mistas, safras e châteaux.”
68.000 caixas de vinho, ou 611.900 litros foram rotulados incorretamente no período de 01 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2015. US$ 1,6 milhões foi o valor estimado de comercialização destas garrafas fraudadas.Foi solicitada uma multa de US$ 614.000 para a GVG e de US$ 12.000 para Eric Marin, ex-diretor de compras da empresa.
Os investigadores descobriram que Borie Manoux, uma empresa négociant também pertencente à família Castéja, que usa a cave da GVG, tinha perdido 200.000 litros de vinho, enquanto a GVG havia ganho misteriosamente 220.000 litros.
Depois de Bordeaux foi a vez do não menos famoso Vale du Rhône ter sua honra posta a prova.
Segundo um relatório da Direção Geral da Política de Concorrência, Defesa do Consumidor e Controle da Fraude na França, entre outubro de 2013 e junho de 2016, Raphaël Michel, um comerciante de vinhos a granel no Vale do Rhône, vendeu o equivalente a 13 piscinas olímpicas de vinho de mesa como se fossem de denominações clássicas dessa região do sul da França. Entre elas 108.000 caixas do desejado Châteauneuf-du-Pape.
De acordo com o relatório da DGCCRF, entre 2013 e 2016, o comerciante vendeu cerca de 20 milhões de litros de vinho de mesa – o equivalente a 2,23 milhões de caixas – como vinhos de denominações famosas, como Côtes du Rhône, Côtes du Rhône-Villages e Châteauneuf-du-Pape. “No total, a fraude atingiu mais de 48 milhões de litros de vinho, o equivalente a 5,33 milhões de caixas de vinho falso, 15% da produção da Côtes du Rhône durante esses anos”, afirmou o relatório.
A empresa que opera também na Argentina e Chile é dona de uma enorme plataforma de vinhos na Itália chamada Oenotria-Cluster, que estoca vinhos a granel de diferentes variedades e qualidades do Chile, Austrália e África do Sul, e atua como um balcão único para compradores internacionais. No ano passado, após a prisão de Ryckwaert, a empresa registrou dívidas de 20 milhões de euros e buscou proteção dos tribunais de falências.
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