O procedimento, além de demandar logística complexa e protocolos rigorosos, representou um gesto de solidariedade que transformou a dor da perda em esperança para pacientes à espera de um transplante
Redação TVGC
Última atualização: 2025/07/15 1:27:52O Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, em São Miguel do Oeste, realizou na última quinta-feira (10) sua primeira captação externa de órgãos de 2025. A ação viabilizou a doação de pulmões e córneas, marcando um momento significativo para a instituição e para os profissionais envolvidos na Comissão Hospitalar de Transplantes. O procedimento, além de demandar logística complexa e protocolos rigorosos, representou um gesto de solidariedade que transformou a dor da perda em esperança para pacientes à espera de um transplante.
Nesta última captação, foram doados dois tipos de órgãos: pulmões e córneas. O pulmão, por ser um órgão extremamente sensível e com tempo limitado de viabilidade fora do corpo (em média quatro horas), exigiu uma operação logística rápida e precisa. A equipe da Santa Casa foi a responsável pela retirada e transporte até Porto Alegre, onde o transplante foi realizado em um receptor previamente identificado pela Central de Transplantes.
Já a doação das córneas seguiu um protocolo distinto. Diferente dos órgãos vitais, as córneas possuem um tempo maior de conservação e, por isso, são processadas pela própria equipe do hospital. Após a remoção, os tecidos foram enviados ao Banco de Olhos de Florianópolis, onde passarão por análises e processamento para posteriormente serem encaminhados aos receptores em lista de espera. A ação marca a segunda doação de córneas realizada pela instituição neste ano de 2025.
A equipe responsável pela ação é composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, que atuam desde a identificação de potenciais doadores, geralmente pacientes em estado neurocrítico, até o acolhimento das famílias. De acordo com a enfermeira Andréia Bomfin, coordenadora da comissão, o papel dos familiares é fundamental, já que a doação só ocorre mediante autorização expressa, mesmo nos casos em que o paciente tenha manifestado em vida o desejo de ser doador.
“É muito importante, porque hoje o único meio de se tornar um doador é deixando esse desejo expresso para a família, porque é a família que vai autorizar. Por isso que é importante esse diálogo, a gente sabe que na maioria das vezes as famílias não gostam de falar sobre o assunto, porque para falar de doação de órgãos a gente precisa falar de óbito, de morte, então a gente sabe que ainda existe bastante tabu em relação a isso, mas é muito importante em vida a gente falar, às vezes os nossos pais não são doadores e nós somos doadores, ou vice-versa, explicar para eles o desejo de ser doador, a importância de estar salvando outras vidas.” enfatiza Andréia.
O enfermeiro Leonardo Zanin, que também integra a comissão, destacou que o processo segue um protocolo rigoroso, iniciando com o diagnóstico de morte encefálica e passando por avaliações clínicas e entrevistas com os familiares. A logística da destinação dos órgãos é feita pela Central Estadual de Transplantes, em Florianópolis, que analisa critérios como compatibilidade genética, gravidade clínica, peso e altura.
Desde sua abertura, o hospital já realizou 33 captações de órgãos, contando com o apoio de equipes externas em casos de transplantes interestaduais. Este ano, além da captação recente, já haviam sido colhidas duas córneas.
Os profissionais ressaltam ainda a importância de campanhas educativas para combater desinformações e mitos que cercam o tema da doação. “O processo é seguro, monitorado e só acontece se houver um receptor compatível. Nenhum órgão é retirado sem um destino certo”, reforçou Andréia.
Com mais de 45 mil pessoas na fila de espera por um transplante no Brasil, os especialistas alertam para a urgência do diálogo familiar sobre o desejo de ser doador. “Falar sobre doação é, antes de tudo, falar sobre salvar vidas. Por isso, esse é um assunto que precisa ser tratado com seriedade e antecedência, dentro das famílias”, concluiu Andréia.
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