Home Mãe desafia filho de 12 a ficar seis anos sem redes sociais: “Achei incrível”, diz o jovem, agora aos 18

Mãe desafia filho de 12 a ficar seis anos sem redes sociais: “Achei incrível”, diz o jovem, agora aos 18

Se conseguisse cumprir a proposta, o adolescente Sivert ganharia um prêmio de cerca de R$ 9 mil. E não é que deu certo? “Certamente não somos contra a mídia social, mas é o uso saudável dela”, afirmou a mãe

GLOBO

Última atualização: 2023/10/04 3:28:18

Se alguém dissesse que pagaria US$ 1,8 mil (o equivalente a cerca de R$ 9 mil) para ficar fora das redes sociais por seis anos, você faria? Pois, Sivert Klefsaas fez exatamente isso. “Achei incrível”, disse o jovem, em entrevista à CNN International. “Pensei: ‘Ah, o que são mais 6 anos?'”. Em 2016, a mãe Lorna Goldstrand Klefsaas desafiou Sivert, na época com 12 anos, a ficar longe do Facebook, Instagram, Twitter ou qualquer outra rede até os 18 anos. Se ele completasse o desafio, ela lhe daria o dinheiro no aniversário dele. Então, em 19 de fevereiro de 2022, depois de cumprir a promessa — e ganhar a aposta — Sivert reivindicou seu prêmio.

A mãe disse que se inspirou em um desafio que ouviu no rádio chamado “16 por 16”, em que uma mãe deu à filha US$ 1,6 mil quando ela completou 16 anos, caso ficasse longe das redes sociais. Mas ela decidiu aumentar a aposta em dois anos, aumentando também o valor. O garoto chegou a dizer que não foi muito difícil viver seis anos sem as redes sociais e que não pensou muito nisso durante todo esse tempo.

Aos 18 anos, jovem vence desafio após ficar 6 anos sem usar redes sociais (Foto: Reprodução/CNN International)
Aos 18 anos, jovem vence desafio após ficar 6 anos sem usar redes sociais (Foto: Reprodução/CNN International)

Sivert afirmou que, na época em que a mãe propôs o desafio, ele já não usava muito as redes sociais. O único aplicativo que ele tinha antes da aposta era o Snapchat – que ele excluiu no dia seguinte. “Eu não diria que houve um momento em que pensei que estava prestes a desistir [do desafio]“, disse ele. “À medida que prosseguia, era mais uma coisa de orgulho”, completou. Ele contou que também tinha seus amigos para mantê-lo atualizado sobre as últimas informações ou tendências.

Segundo Lorna, ela nunca precisou verificar se havia aplicativos baixados sorrateiramente. “Ele é tão competitivo, que foi definitivamente mais para provar que ele era capaz”, declarou. Com a promessa, Sivert também teve mais tempo para se concentrar em suas notas e esportes, afirmou o jovem à rede KARE, afiliada da CNN.

Agora, US$ 1.800 mais rico, o garoto revelou que não pensou no que comprar (quando tinha 12 anos, brincou que compraria uma casa), mas provavelmente o valor será destinado para algo em seu novo dormitório na Universidade de Northwestern St. Paul, para onde ele vai em alguns meses. A única decisão que Sivert tomou por enquanto é sobre qual rede social ele vai entrar primeiro: o Instagram. “Há, definitivamente, uma curva de aprendizado. Vejo meus amigos voando em seus aplicativos de mídia social e ainda não consigo fazer isso”, brincou.

Após a história de Sivert viralizar nas redes sociais, outros pais também pareceram interessados ​​em fazer o mesmo. “Certamente não somos contra a mídia social, mas é o uso saudável dela”, observou Lorna. “Trata-se de não se deixar sobrecarregar por isso ou viciar nisso, deixando-se afetar por coisas que as pessoas postam”, comentou. Ela acrescentou que acha que o filho agora tem uma “perspectiva diferente” das redes do que teria aos 12 anos.

Desafio foi proposto pela mãe (Foto: Reprodução/CNN International)
Desafio foi proposto pela mãe (Foto: Reprodução/CNN International)

Sivert é o caçula de quatro filhos e suas três irmãs mais velhas usaram as redes sociais enquanto cresciam. Lorna disse que houve momentos em que sentiu que as filhas “ficaram muito alienadas” em seus aplicativos e feeds. “Isso estava afetando o humor, as amizades delas e era meio depressivo”, relatou a mãe. Quando uma de suas filhas fez 16 anos, Lorna tirou o telefone por causa disso. Ela lembra que, mais tarde, a adolescente a agradeceu por isso, pois melhorou seu humor. “Por alguma razão, crianças e adultos se sentem tão à vontade atrás de uma tela”, concluiu a mãe.

Redes sociais x saúde mental

Em julho de 2021, um caso ganhou repercussão nacional e até internacional quando uma mãe de São Paulo apagou as redes sociais da filha. A menina, com 14 anos na época, tinha quase 2 milhões de seguidores no Tik Tok. “Eu não acho saudável nem para um adulto e muito menos para uma adolescente basear referências de autoconhecimento em feedback virtual. Isso é ilusão e ilusão mete uma neblina danada na estrada do se encontrar”, justificou a mãe, Fernanda Rocha Kanner. “Eu não quero que ela cresça acreditando que é esse personagem. Não quero ela divulgando roupas inflamáveis de poliéster made in China. Não quero minha filha brilhante se prestando a dancinhas diárias como um babuíno treinado. Acho divertido… e mega insuficiente. Triste geração em que isso justifica fama”, afirmou. “Saudade de quando precisava ter talento em alguma coisa para se destacar”, disse Fernanda.

A neuropsicóloga, Deborah Moss, mestre em Psicologia do Desenvolvimento (USP), de São Paulo, defende que, “antes de mais nada, as crianças e adolescentes precisam ter mais maturidade para poder lidar com críticas e elogios nas redes sociais”. “Afinal, que maturidade tem um adolescente para lidar com as críticas e toda a parte negativa que pode vir com a fama? Por outro lado, que maturidade tem as pessoas que fazem as críticas e enviam mensagens negativas? Então, achei interessante a atitude dessa mãe e pode ser uma boa influência para outros pais. Para ‘bancar’ a possível frustração, bravesa e revolta de um filho é preciso ter coragem. Na minha opinião, é uma atitude louvável no sentido de ter muito claro a educação que ela quer dar para os filhos, e manter a firmeza dos limites. E o motivo por ela fazer isso também é de aplaudir, pois os jovens estão em uma fase de autoafirmação, de construção da autoestima e ficar exposto dessa maneira e na dependência dos seguidores pode ser muito prejudicial”, afirmou.

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